Primeira Classe

Sedãs médios sofrem ameaça de morte

Depois das peruas e dos hatches médios, sedãs médios também começam a ser ameaçados pelos SUVs

Rafaela Borges

09 de set, 2017 · 8 minutos de leitura.

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Sedãs médios
Crédito: Corolla e Civic estão entre os poucos que ainda têm vendas representativas (Foto: Felipe Rau/Estadão)

Primeiro foram as peruas, depois os hatches médios. Os segmentos praticamente desapareceram, e boa parte da responsabilidade por esse fato é dos novos SUVs. Agora, os sedãs médios, que pareciam inabaláveis, também dão sinais de que estão ameaçados.

(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

O caso, evidentemente, é diferente do que ocorreu com peruas e hatches. Os sedãs têm um público cativo. São, por exemplo, os carros preferidos de frotas executivas – embora os SUVs tenham começado a ganhar espaço nesse segmento também.

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Mas sabe aquele público familiar, que comprava um sedã médio por causa do amplo espaço no porta-malas. Pois é: esses consumidores estão abandonando completamente o segmento.

Em primeiro lugar, SUVs têm porta-malas mais flexíveis. Embora muitos ofereçam volume nominal inferior ao dos sedãs médios, não são limitados pela altura do compartimento.

Além disso, fica mais fácil acomodar carrinhos, muitas malas, entre outras coisas, formando um conjunto entre porta-malas e banco traseiro.


O espaço interno dos sedãs médios pode ser até melhor, na comparação com o dos SUVs compactos (os mais vendidos). E, na maioria dos casos, é.

Mas isso quando falamos do entre-eixos, que define a acomodação das pernas. Os SUVs, no geral, costumam ser mais amigáveis para acomodar pessoas altas, por causa da altura do teto.

Por outro lado, os sedãs costumam ser carros de qualidade melhor que os SUVs compactos, que são derivados de carros populares (no caso da maioria). Os sedãs médios têm plataforma e construções mais sofisticadas.


Geralmente, são mais seguros, e dotados de tecnologias que os SUVs compactos não têm. Tudo isso por um preço bem semelhante ao dos “jipinhos”. Mas será que o consumidor se dá conta disso?

Ao, que parece, não.  E, caso perceba essa realidade, talvez não se importe. O fato é que a opção, hoje, é pela flexibilidade e comodidade que promete um SUV. Ou, talvez, pelo desejo antigo de ter um carro desse segmento.

 


AOS NÚMEROS: O QUE ESTÁ OCORRENDO NO SEGMENTO?

Pode-se dizer que o Corolla é, por enquanto, a salvação da honra dos sedãs médios. É o carro que impede o segmento de ter volumes praticamente pífios.

Isso porque, sozinho, o Toyota já vendeu 42.117 unidades este ano. Trata-se do sétimo carro mais vendido do País, com volume superior ao de qualquer SUV disponível no Brasil.


Depois do Corolla, existem outros quatro modelos que ainda são relevantes, mas que, mês a mês, vêm perdendo espaço. O Civic, por exemplo, não chegou a 2 mil emplacamentos em agosto. Para comparação, dois anos atrás, ele ultrapassa facilmente as 2,5 mil unidades vendidas anualmente.

Isso num contexto em que o mercado estava em dias piores. Além disso, o Civic estava no fim do ciclo da geração anterior.

O Cruze faz médias parecidas com as do Civic. Em agosto, teve 1.948 emplacamentos, ante os 1.993 do Honda. E há ainda o Jetta, com 1.153 unidades vendidas no mês passado.


E é só. O segmento tem muitos representantes ainda. Porém, do Jetta para trás, o mais vendido deles não chega próximo ao volume dos SUVs menos emplacados.

Um exemplo: o 2008 foi o “lanterna” dos SUVs compactos em agosto. Teve 893 unidades vendidas. O Focus Fastback, quinto sedã médio mais comercializado (e primeiro após o quadrilátero relevante do segmento), somou apenas 670 emplacamentos.

Mas há situações piores. O Sentra, que já foi bastante relevante, teve só 329 emplacamentos em agosto. Cerato, que ameaçou brigar com os líderes alguns anos atrás, não chega a 200 ao mês. Piores mesmo são as situações de 408 e Fluence: eles lutam para totalizar 100 unidades vendidas – muitas vezes, não conseguem esse volante.


A situação é tão ruim que está dando espaço para os sedãs médios de marcas de luxo, bem mais caros, crescerem no ranking. Em agosto, o Classe C foi o sexto mais vendido, o Série 3, o sétimo e o A3 Sedan, o nono.

Entre as marcas de luxo, o cliente parece ainda ter fidelidade aos sedãs. Tanto que o Classe C vendeu mais que todos os SUVs em agosto. Mas isso é assunto para outro post.

 


O QUE ESPERAR PARA O FUTURO?

Diferentemente do que ocorre com os hatches médios, ainda há muitos sedãs no mercado. No entanto, por ora, não há planejamento para novidades no segmento.

Investimentos anunciados recentemente por VW e GM não contemplam modelos desse tipo. No caso da Volkswagen, há possibilidade de atualização do Jetta. E é só.


De resto, tudo é voltado para modelos compactos, basicamente representantes de quatro segmentos: SUVs, hatches, sedãs e picapes.

Caminhamos, então, para um mercado de quatro segmentos? Não é impossível. Afinal, cada vez mais, mês a mês, são essas as categorias que estão fazendo a diferença no mercado. E só há investimento onde há demanda.

 


 

VEJA TAMBÉM: OS SEDÃS MÉDIOS MAIS VENDIDOS EM AGOSTO DE 2017

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