Primeira Classe

O SUV que veio botar pra quebrar

A princípio, você pode até achar que o novo VW Tiguan é caro. Porém, uma análise mais profunda fará você entender que o posicionamento é para lá de adequado

Rafaela Borges

16 de abr, 2018 · 14 minutos de leitura.

Novo VW Tiguan" >
Novo VW Tiguan
Crédito: Versão intermediária, Comfortline tem motor de 150 cv e preço de R$ 149.990 (Foto: Volkswagen)

A nova geração do VW Tiguan chegará às lojas entre o fim deste mês e o início de maio. Em parte, dá para dizer que algumas expectativas não foram cumpridas. Havia o rumor de que os preços seriam próximos aos do líder Compass. Ao menos na versão de entrada, porém, o Volkswagen é mais mais caro. Você entenderá isso melhor abaixo.

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Porém, após o primeiro “choque” com os preços do novo VW Tiguan, logo se entende que ele não é caro. Nem um pouco. Na verdade, ele veio com um posicionamento de mercado para botar pra quebrar. O que só reforça: a Volkswagen não está para brincadeira no Brasil.

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Descobri que o Tiguan não é caro no fim de semana, enquanto prestava uma consultoria automotiva para minha prima. De todas as opções desse segmento, o VW acabou se mostrando, com sobras, a melhor.

 

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Aqui, o objetivo é analisar o posicionamento mercadológico do VW Tiguan. A análise não está levando em consideração como ele anda, ou alguns detalhes sobre os quais só poderei opinar após longo contato com o carro.

O posicionamento de mercado do VW Tiguan de nova geração, em minha análise, foi muito bem sucedido. A versão que, a princípio, mais vale a pena, é a intermediária, Comforline. Dificilmente, alguém vai considerar essa configuração cara.


A de entrada e a R-Line, no entanto, podem ser consideradas caras. Porém, mais abaixo, você vai entender por que elas não são.

 

VW TIGUAN COMFORTLINE


A versão do novo Tiguan que realmente vale a pena é a intermediária, Comfortline. A tabela? R$ 149.990.

E por que ela vale a pena? Porque vem atender uma faixa do mercado que está completamente carente. O VW Tiguan Comfortline é o carro para quem quer um SUV de R$ 150 mil com sete lugares.

No Brasil, SUV é hoje carro familiar. Os utilitários substituíram as peruas e as minivans no coração desse público. E as famílias, a medida que crescem, querem mais espaço (e lugares).


Muitas pessoas vieram me falar sobre a frustração que tiveram com o Equinox e o novo CR-V. Os dois novos SUVs, apesar de bons, não têm os tais sete lugares.

Agora, a Volkswagen “ouviu as preces” desse público e trouxe o Tiguan com três fileiras de bancos. Até então, havia pouquíssimas opções de sete lugares na faixa dos R$ 150 mil.

A principal era o Mitsubishi Outlander. A versão Comfort 2.0, com espaço para sete pessoas, sai a R$ 151.990.


Seu espaço interno, porém, é um tanto limitado para as expectativas de quem quer um SUV para sete pessoas (2,67 metros de entre-eixos). O motor é um 2.0 aspirado de 160 cv.

Até meados do ano passado, o Outlander vendia muito bem. Chegou aparecer entre os dez mais emplacados do segmento de SUVs.

 


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Porém, a chegada de novos modelos, como 3008 e Equinox (mesmo oferecendo apenas cinco lugares) começou a fazer o Mitsubishi perder espaço. Os novatos são mais modernos e, no caso do Chevrolet, espaçoso. Em 2018, o Outlander é só 28º SUV mais vendido do País.


A outra opção de sete lugares nesta faixa de preço é o Journey, que não está nem na lista dos 50 SUVs mais vendidos do Brasil. O carro tem chamado a atenção pelo atraente preço de R$ 144.990, já com espaço para sete.

Porém, trata-se de um modelo já bastante defasada, sem quase nenhuma tecnologia moderna, e com um motor V6 de alto consumo. O Journey, na verdade, não vem sendo muito divulgado no varejo pela FCA (dona de sua fabricante, a Dodge). É um carro sem muitos atrativos, além dos sete lugares, e acabou se tornando um “esquecido” do mercado.

VANTAGENS DO COMFORTLINE

Então chega o Tiguan de R$ 150 mil. O motor é eficiente, capaz de entregar baixo consumo e agilidade. Há ampla lista de equipamentos modernos.


O espaço interno é equivalente ao do Equinox (tem 2,79 metros de entre-eixos). O porta-malas, maior (são mais de 700 litros quando os dois assentos da terceira fileiras não estão em uso).

Além disso, trata-se de um carro da mais tradicional e conhecida marca do Brasil. E a Volkswagen, de olho na retomada da liderança de vendas, não está poupando esforços para vender seus carros. Ou seja: espere agressivas ações de varejo.

A conclusão é que o VW Tiguan Comfortline tem armas perfeitas para conquistar esse público carente de produtos. E com preço competitivo. Não seria nenhum espanto se, nas revendas, essa for a versão mais procurada do renovado carro.


VW TIGUAN DE ENTRADA

A de entrada (cinco lugares) talvez seja a mais polêmica das versões. Eu esperava, para ela, preço em torno de R$ 115 mil. Isso porque fontes ligadas à marca haviam informado que as tabelas seriam semelhantes às do Compass, líder do mercado de SUVs.

Porém, o preço finalmente foi divulgado. E ficou quase R$ 10 mil acima da expectativa. O VW Tiguan de entrada é tabelado em R$ 124.990.

Não dá para dizer que um carro que parte de quase R$ 15 mil a mais que o Compass (o Jeep começa em R$ 110 mil) tem, ao menos na versão de entrada, a mesma faixa de preço. Minha primeira reação foi considerar o VW Tiguan mais em conta caro.


Porém, uma análise mais profunda me fez ver que ele não é. O Tiguan, em dimensões, é comparável não ao Compass, e sim ao Equinox.

Mas não são todos médios? São sim. Mas o segmento de SUVs médios está ficando tão diversificado que já tem modelos com muitas variações de tamanho.

O Compass tem dimensões para ser considerado médio. Porém, acaba, nas versões mais simples, concorrendo com alguns compactos (veja detalhes aqui).


O Jeep tem 4,41 metros de comprimento (29 cm a menos que o Tiguan). Seu entre-eixos é 16 cm inferior. Além disso, o porta-malas leva apenas 410 litros de bagagem.

 

DIMENSÕES SUPERIORES

O que concluímos com isso? Que o Tiguan custa mais porque é um carro maior. E já sai de fábrica com um pacote de equipamentos notável, que inclui central multimídia com espelhamento e ar-condicionado de três zonas.


Mais que isso: o Tiguan é bem mais barato que o Equinox de entrada, que sai por R$ 137.490. Aí você pode argumentar, com uma certa razão: “mas o Chevrolet tem 262 cv, ante os 150 cv do Tiguan.”

Porém, na hora de comprar um SUV com cerca de 2,8 metros de entre-eixos, o mais barato é o Tiguan, não o Equinox. Em outros mercados, a Chevrolet tem versões de seu SUV com motor 1.4 turbo, que poderiam custar bem menos que as com o 2.0 no Brasil.

Porém, optou por trazer apenas as mais potentes. A opção da Volks foi importar o menos potente para a versão de entrada. São estratégias diferentes, e igualmente boas. Vamos conferir qual vai dar mais certo.


VW TIGUAN R-LINE

Esta é a versão com menos vantagem competitiva. O VW Tiguan de topo custa R$ 179.990. Nesse preço, estão incluídos excelentes argumentos, como o motor 2.0 turbo de 220 cv.

Esse propulsor é ideal principalmente para quem deseja blindar o veículo, algo comum entre os clientes do segmento. A blindagem acrescenta peso e faz o carro perder desempenho.

Além disso, o VW Tiguan R-Line tem itens como painel virtual, tração integral, sistema automático de estacionamento, ACC e porta-malas com abertura automática. As demais opções não oferecem esses equipamentos.


Assim, os R$ 30 mil a mais cobrados parecem até bem pagos, certo? E, quando se compara a versão R-Line com o restante da linha, eles de fato são.

Porém, aqui a análise é sobre o posicionamento ante os concorrentes. E é aí que a vantagem competitiva do VW Tiguan R-Line diminui.

A mais que o Equinox de topo, ele tem os sete lugares. Porém, seu preço é R$ 24 mil superior. Os assentos extras não custam isso – e vale lembrar que os dois modelos vêm do México (não recolhem imposto de importação).


O Honda CR-V, por vir dos EUA, paga tarifa alfandegária. O preço é exatamente o mesmo do Tiguan R-Line. Assim, ao menos diante do Honda, o VW é uma opção melhor. Ele tem os sete lugares e motor mais potente (o do CR-V é de 190 cv).

RIVAIS DE 7 LUGARES DO R-LINE

Já na comparação com o Santa Fé, a vantagem é pequena. O Hyundai de sete lugares tem tabela de cerca de R$ 196 mil, mas pode ser encontrado nas lojas por R$ 184 mil.

A favor do VW Tiguan, há o fato de que o motor do Santa Fé, um V6 de 270 cv, ser menos moderno. O Hyundai tem também porta-malas e entre-eixos menores.


Há ainda, na lista dos SUVs de sete lugares, o Toyota SW4 (R$ 181.690). E a Peugeot acaba de lançar o 5008 com o preço promocional de R$ 157.490.

Mas e aí, o Tiguan R-Line vale ou não a pena? Até vale. Porém, nessa faixa de preço, encontra uma concorrência bem mais acirrada que nas demais.

 


 

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