Blog do Boris

Os últimos não serão os primeiros

Brasil sem chance de – tão cedo – aplicar tecnologia de última geração para tornar o trânsito rodoviário mais fluido e seguro

Boris Feldman

12 de ago, 2019 · 7 minutos de leitura.

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O seguro DPVAT é pago para as vítimas de acidentes com veículos motorizados
Crédito: Crédito: Acervo Estadão

Quando morrem 200 passageiros num acidente com um Boeing, a imprensa faz escândalo, é prato cheio para jornal, rádio, TV e internet. A responsabilidade será apurada, a companhia aérea e o fabricante do avião são chamados às falas. As autoridades aeronáuticas são questionadas. Mas o Brasil não se importa com os acidentes de trânsito que matam dezenas de milhares de brasileiros todo ano – cerca de 100 mortos diariamente. Um Boeing lotado despencando a cada dois dias.

As estatísticas indicam cerca de 40 mil mortos anualmente. E são contestadas: o número é maior pois não se computam os óbitos ocorridos horas ou dias depois do acidente. A carnificina tornou-se corriqueira e não merece atenção da imprensa nem das autoridades.

A ONU estabeleceu uma meta para se reduzir no mundo pelo menos 50% das mortes no trânsito no decênio de 2011 a 2020. O Ministério da Saúde no Brasil respondeu ao desafio lançando o Projeto Vida no Trânsito (PVT), com foco na sinalização, velocidade, criação de ciclovias e atenção a outros fatores de riscos. O projeto foi implantado em várias capitais e outras cidades com mais de um milhão de habitantes.

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O resultado? Quase nenhum: a única cidade digna de nota, que se preocupou com o assunto, estabeleceu um programa objetivo, bem planejado e bateu a meta estabelecida pela ONU foi Salvador (BA).

Aliás, o governo que assumiu em janeiro de 2019 foi o que mais tocou no assunto de trânsito: ameaçou eliminar radares, alterar a pontuação dos prontuários, validade da CNH, simuladores em autoescolas, alterar placas, deu palpite (errado) a torto e a direito. Pura incontinência verbal que só traz desgaste ao próprio.

Os anteriores não foram muito melhores, pois só fizeram publicar decretos e resoluções exigindo mais equipamentos de segurança e sofisticação eletrônica nos automóveis. Mas incapazes sequer de regulamentar a cadeirinha nas… vans escolares, que comprovadamente reduzem mortes e ferimentos graves nas crianças.


Estradas em frangalhos

Nada fizeram de concreto além de publicar decretos e resoluções. Não percebi nenhuma movimentação este ano (nem nos anteriores) para melhorar nosso sistema viário. Não vi recapeamento de asfalto, modernização da sinalização, drenagem de águas pluviais, novos acostamentos, duplicação de rodovias supermovimentadas, construção ou alargamento de viadutos, instalação de guard-rails eficientes, nada disso.

A rigor, interesse do administrador público federal ou estadual em realizar obras rodoviárias vai geralmente ocupar mais tarde espaço da imprensa pois propiciaram super-faturamentos gigantescos, propinas milionárias em contas no exterior e outras maracutaias às custas dos cofres públicos.

A malha rodoviária federal está em frangalhos, praticamente sem manutenção há anos. E as consequências são óbvias: buraco na pista provoca acidentes, encarece a manutenção, aumenta o tempo do transporte, consumo e emissões.


A fiscalização é mais que precária, quase inexistente e seus quadros não são ampliados também há anos.  Os poucos policiais são verdadeiros heróis e fazem o que podem apesar da falta de equipamentos, viaturas, condições mínimas de trabalho.

Este descaso do governo brasileiro nos deixa cada vez mais distantes da possibilidade de revertermos as estatísticas que nos colocam no pódio de acidentes de trânsito e entre os últimos na lista de países que poderiam receber novas tecnologias para aumentar a segurança rodoviária. Segundo a KPMG, de 2017 para 2018, caiu do 17º para 21º lugar.

Existem dezenas de novas empresas no mundo desenvolvendo softwares sofisticados para controle eletrônico do tráfego, sinalização inteligente nas rodovias, comunicação computadorizada entre veículos e entre estes e as centrais de comando e mais uma quantidade de sistemas para tornar o tráfego mais fluido e seguro. Para não falar nos dispositivos que tornarão os próprios carros mais inteligentes antes mesmo do automóvel autônomo.


Mas, como implantar toda essa sofisticação num país que sequer tem faixas adequadamente pintadas no asfalto? Ou sinalização horizontal e vertical de acordo com a padronização internacional? Nem rodovias construídas de acordo com as normas de Primeiro Mundo?

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.