Blog do Boris

Design de automóveis: os feios que me perdoem!

Pessoal da BMW odiava tanto o designer Chris Bangle que ”mudou” o significado da marca para "Bangle Muss Weg"

Boris Feldman

14 de out, 2019 · 6 minutos de leitura.

Hyundai 2020" >
Hyundai HB20 foi inteiramente modificado na linha 2020
Crédito: Hyundai/Divulgação

Quando a Fiat lançou o Uno no Brasil, seu formato meio exótico gerou um apelido: “bota ortopédica”. Mas logo vieram as explicações dos marqueteiros de Betim: se o carro agrada à primeira vista, seu visual se esgota rapidamente. Se provoca controvérsias, é sinal de que vai emplacar, principalmente se o design foi de Giorgio Giugiaro. Design de automóveis sempre foi sujeito a chuvas e trovoadas.

Nem Ferrari escapa: quando foi apresentada a FF (quatro lugares, tração nas quatro) em 2011, muitos fãs da marca não entenderam a traseira tão desconjuntada. Mas muitos pensaram o contrário. Beira a iconoclastia discordar de um designer italiano chamado Pininfarina.

Um norte-americano que conseguiu dividir opiniões na Alemanha foi Chris Bangle, designer na Opel e Fiat antes de assumir o centro de estilo da BMW em 1992.

Publicidade


Foi responsável por inúmeros lançamentos da marca, a maioria despertando controvérsias. Mas o sedã série 7 de 2002 foi o campeão de críticas e incluído em matéria da revista Time entre os 50 mais feios automóveis do mundo, principalmente pelo estranho perfil da traseira.

Ele deixou a BMW e o setor automobilístico em 2009 para montar seu próprio estúdio de design.

A turma mais conservadora da marca comemorou sua saída, desejada há anos e que ganhou até slogan: Bangle Muss Weg, (em alemão, Bangle tem que ir embora), numa brincadeira com as iniciais da própria marca.


Chris Bangle ainda deixou “sequelas” em lançamentos posteriores, um deles o SUV X6, lançado no ano em que deixou a empresa. O X6 tem um estilo típico de Bangle, que perfil traseiro fortes, agressivo e nada harmonioso.

Quem apoia Bangle tem um argumento em seu favor: o série 7 de 2002 (carroceria E65) foi campeão de vendas e o SUV X6, além de ir muito bem no mercado, ainda ganhou “meia cópia” da Mercedes, o GLC lançado em 2015.

Design de automóveis: controvérsia exige talento

Muito se discute sobre o design de automóveis. O conceito básico de que a forma deve contemplar função muitas vezes é negligenciado pelo projetista. A unanimidade se dá nas duas direções: automóveis de linhas extravagantes podem encantar ou desapontar. A dificuldade é fugir do lugar comum, criar algo diferente ou exótico que provoque controvérsia, mas ser bem sucedido, o que exige muito talento.


A imprensa não perde a oportunidade de relembrar Vinicius: “as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. E adora destacar carros exóticos em suas listas dos mais feios. Entre os mais famosos nos EUA, o Pontiac Aztek e o Ford Edsel. Na Europa, o Aston Martin Lagonda e o Fiat Multipla. Na Coreia do Sul, o SsangYong Action.

No Brasil, alguns projetos locais também causaram estranheza. Na Renault, o Clio sedã e o Logan. O Doblò da Fiat e a picape Hoggar da Peugeot. Na GM, o designer Carlo Barba “caprichou” em três modelos: Agile, Montana e Spin (também conhecida como “capivara”). O primeiro foi desativado, os dois outros rapidamente reestilizados.

As controvérsias do design de automóveis voltam no Brasil com o recente lançamento do Hyundai HB20. As novas linhas agradam, principalmente a traseira do sedã. Mas “Calcanhar de Aquiles” é a nova grade, de grandes proporções e que divide opiniões.


Exatamente como na Audi há 20 anos, ao adotar uma grade enorme, meio trapezoidal e chamada de single frame (moldura única). Alterada dez anos mais tarde para um formato hexagonal, dura até hoje. Quem estava na área de estilo da marca alemã, naquela época, era Peter Schreyer. Que foi depois (até recentemente) chefiar o setor de design da Kia-Hyundai. Se teve dedo de Schreyer em ambas, ninguém sabe. Seria coincidência?

O mercado acabou absorvendo o “estilão” frontal dos Audis. A “bota ortopédica da Fiat foi sucesso de mercado durante 30 anos.  Mas o Ford Edsel foi um tremendo fracasso de vendas…

Interrogação no ar sobre a reação do mercado ao novo design frontal do HB20: pega ou não pega?


Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.