Blog do Boris

Regrinhas infalíveis para detonar seu carro

Engenheiros que jamais pisaram numa oficina só fazem criticar a criatividade do brasileiro que propõe soluções muito mais eficientes

Boris Feldman

30 de dez, 2019 · 6 minutos de leitura.

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Embreagem

Mantenha o pé esquerdo sempre apoiado no pedal. Ao parar numa subida, demonstre sua extrema coordenação motora e não use o freio: conjugando embreagem com acelerador dá para manter o carro paradinho. E ainda facilita na hora de arrancar…

Freios 

Não se preocupe em revisá-los e pode ir usando até que as pastilhas danifiquem os discos, e os arrebites das lonas na traseira risquem os tambores. O dono da oficina vai adorar…

Reposição

Esqueça as recomendações para ficar atento à qualidade das peças de reposição. Conversa mole para boi dormir pois é tudo igual e o que estão é querendo tomar sua grana com embalagens mais chiques, que ostentam a marca da fábrica.

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As peças nas lojas oferecem sempre a mesma qualidade, qualquer que seja sua origem. Além do mais, nosso governo se preocupa em fiscalizar o mercado, evitando fabriquetas de fundo de quintal, peças falsificadas, etc.

Óleos

Bobagem exigir no motor exatamente o óleo recomendado no manual. Óleo é tudo igual e só muda a origem pois pode ser mineral, semissintético ou sintético. Respeitada essa característica, pode confiar no que a oficina sugerir: melhor e mais em conta.

Acredite também nos aditivos especiais, criados por especialistas e que aumentar a qualidade do óleo original. Eles prolongam a vida do motor e até restauram componentes que se desgastaram. As fábricas de automóveis ficam encasteladas sem contato com a realidade do mercado e por isso condenam estes aditivos especiais.


Pneus

Bobagem comprar marcas famosas: é como relógio de grife, muitas vezes mais caro, mas que marca as horas igualzinho a qualquer Citizen da vida. Por acaso o patecão do vovô é mais preciso que o japonês que custa um décimo do preço?

Com pneu é a mesma coisa: lojas ou borracheiros costumam oferecer semi-novos que ainda rodam milhares de quilômetros sem problemas. Provavelmente descartados por algum otário que acreditou na conversa do sulco mínimo. Ou em chineses pela metade do preço.

Fora as soluções tipicamente tupiniquins jamais imaginadas em outros países como a “frisagem” do pneu: quando o sulco vai acabando, borracheiro extremamente habilidoso o aprofunda mais alguns milímetros com um ferro aquecido e ele volta a ficar novinho. E ainda tem quem – inexplicavelmente – condene essa prática que reduz as despesas do motorista!


Economizador

Não acredita quem não quer: já saiu matéria até na tevê provando por a+b que dá para reduzir o consumo do automóvel com economizador bolado por um mecânico genial, que prova a extrema criatividade do brasileiro. Nunca estudou mas tem a prática de dezenas de anos com o assunto e manja muito mais que qualquer desses engenheiros que jamais pisaram numa oficina.

Já mostraram até carro que roda com água no tanque. Mas lobista da indústria do petróleo diz que não funciona e a imprensa acredita.

Chip

A eletrônica mudou tudo e também facilitou a vida dos técnicos. Aqueles habilidosos em informática e que entendem de mecânica como ninguém criam chips muito mais eficientes que os da fábrica. Dá para trocar em poucos minutos o chip original da central eletrônica por algum dos diversos anunciados na internet que transformam o carro a gasolina em flex, ou reduzem o consumo, ou aumentam o desempenho. É ver para crer..


Combustível

Só mesmo esses engenheiros cheios de teoria da faculdade para condenar o uso do querosene misturado ao etanol ou gasolina. Não sabem o que estão falando: se é utilizado em turbinas de jatos, óbvio que vai funcionar ainda melhor no tanque do automóvel. E ainda limpa o motor.

Aliás, as fábricas condenam até os aditivos especiais e nem conhecem o truque de jogar bolinhas de naftalina no tanque de gasolina para aumentar o desempenho do motor e reduzir o consumo.

Obs.: Seguir as regrinhas acima é garantia de redução do seu saldo bancário, da vida útil de seu automóvel e, às vezes, da sua própria…


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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”