Blog do Boris

‘Derrapadas’ das montadoras ultrapassam a zona cinzenta da ética

Não é só no Brasil: no mundo inteiro os marqueteiros das fábricas de automóveis exageram ao exaltar as virtudes de seus carros

Boris Feldman

13 de jan, 2020 · 6 minutos de leitura.

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Chevrolet Vectra GT-X
Crédito: Chevrolet/Divulgação

O marketing das montadoras costuma abusar ao destacar vantagens e qualidades do automóvel e chega àquela perigosa zona cinzenta pouco ética. Às vezes, é mentira mesmo!

Potência

Quanto maior o haras, maior o entusiasmo do cliente. A Volkswagen, para colocar seu Golf GTI como o mais potente do Brasil e à frente do Honda Civic Si, não hesitou em declarar que produz 193 cv de potência. Mas se “esqueceu” de que obtida abastecendo com gasolina Podium, disponível em poucas regiões. Os 192 cavalos do Honda eram verdadeiros, e relinchavam mesmo com a gasolina comum.

O Grupo CAOA também não deixou por menos: anunciava 140 cv no Vagarost… (desculpe, Veloster), potência do modelo europeu. O motor do carro importado para o Brasil tinha apenas 128 cv.

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Porta-malas

Importante para quem viaja com bagagem. Como definir sua capacidade? Existe o padrão alemão (VDA) para medir seu volume,utilizado globalmente. Mas existe a “esperteza” da PSA (Peugeot-Citroën)de avaliar quantos litros de água ele comporta. Pode?

Peso

Capacidade de carga é importante numa picape. A Ford anunciava 700 kg na Pampa. Correto, só que ela se “esquecia” de descontar do total admissível o peso do motorista ao volante. Ou ela já era autônoma?

Flex

A BMW do Brasil poderia obter vantagens fiscais ao anunciar que a série 3 era flex. Só se “esqueceu” de avisar que o sistema Start/Stop não funcionava com etanol no tanque.


Stock Car

Todos os carros na pista tinham exatamente a mesma mecânica, assinada pela oficina do Giaffone, especializada em competições e usando componentes importados.

A Peugeot foi a única com suficiente cara-de-pau para declarar que “graças ao seu desempenho e resistência, o Peugeot 307 foi o campeão da etapa disputada domingo em Brasília”. Da marca francesa, nada além do logotipo afixado na grade. Sem comentários!

Modelo

A GM queria completar a linha de seu caretíssimo sedã Vectra com um modelo esportivo. Não relutou em trazer um Astra hatch da Alemanha, equipado com motor e linhas mais esportivas e chamá-lo de Vectra GT. Uma bela escorregada ética pois não era nem Vectra e nem GT.


Suspensão

A recém-lançada picape Nissan Frontier se destaca por sua mecânica, resistência e suspensão. Não se entende, por isso, a necessidade de a marca japonesa aplicar uma enorme mentira e declarar ser sua suspensão traseira do tipo multibraços, ou “multi-link”.

Ela não tem braço nenhum nas rodas, sequer tem a suspensão independente, mas um baita eixo rígido ligando as rodas. E o pior: ela tem uma das melhores suspensões traseiras entre as picapes. Precisava?

‘Deslizes’ internacionais

Emissões

A Fiat foi flagrada, no Brasil, enganando o Cetesb ao aferir emissões do Uno. A Volkswagen amargou repercussão internacional como escândalo do “Dieselgate”, também trambicando emissões durante os testes nos EUA.


Santantônio

A Mitsubishi colocou, nos EUA, várias picapes juntinhas, em paralelo. E botou um enorme big foot, uma daquelas monstruosas picapes passando por cima de todas. A única que não se achatou foi a Mitsubishi, uma super prova de resistência. Também pudera: era a única a ter um super-resistente santantônio (estrutura tubular) em seu interior…

Pneu ou suspensão?

Firestone e Ford romperam parceria centenária quando o SUV Explorer começou a capotar. A Ford acusou o pneu, a Firestone acusou a suspensão… E ninguém sabe até hoje quem mentia(mais…).

Inflação

A FCA (Fiat-Chrysler) foi flagrada (e multada em U$ 10 milhões)no ano passado pela justiça norte-americana por divulgar dados inflados de suas vendas entre 2012 e 2016, enganando acionistas.


Recall

Grandes marcas da indústria automobilística foram flagradas negando necessidade de recall para fugir à responsabilidade de reparo em seus veículos que efetivamente colocavam vidas em risco e chegaram a provocar diversas vítimas fatais: o acelerador da Toyota, a trava de ignição da GM, os incêndios do Ford Pinto, fora diversos outros mundo afora.

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Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.