Blog do Boris

É possível zerar as mortes no trânsito das cidades?

Mais de 1.000 cidades em diversos países conseguiram eliminar as mortes no trânsito. No Brasil, Salvador é exemplo

Boris Feldman

27 de jan, 2020 · 7 minutos de leitura.

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O seguro DPVAT é pago para as vítimas de acidentes com veículos motorizados
Crédito: Crédito: Acervo Estadão

É difícil, mas não impossível eliminar as vítimas fatais no trânsito urbano. Prova disso é que a Dekra, empresa alemã de inspeção veicular com presença internacional (inclusive no Brasil), instituiu na Europa o prêmio Vision Zero atribuído anualmente a uma cidade que tenha atingido esse objetivo. Este ano, quem o recebeu foi a pequena cidade alemã de Lüdenscheid (74 mil habitantes) com a extraordinária conquista de zero mortes no trânsito em sete anos consecutivos, de 2012 a 2018.

Em outros países, mais de 1.000 cidades já atingiram o objetivo do Vision Zero em pelo menos um ano, desde 2009. “O que comprova ser possível eliminar mortes no trânsito e que os esforços para isso devem continuar, pois qualquer fatalidade do gênero é inaceitável”, disse  Stefan Kölbl, CEO da Dekra.

Desafio mundial

A empresa alemã relata que a segurança das pessoas no trânsito continua sendo um dos maiores desafios que a nossa sociedade enfrenta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem em acidentes no trânsito todos os anos.

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Desde 2008, a Dekra vem publicando o Relatório Anual de Segurança Rodoviária que integra nosso compromisso com a segurança  veicular, iniciada há mais de 90 anos. Os relatórios estão disponíveis em formato PDF para download e como catálogo on-line. 

E no Brasil?

A ONU lançou um desafio em 2010: reduzir em 50% as mortes no trânsito no decênio 2011-2020. Exceção entre cidades brasileiras, Salvador atingiu a meta antes do prazo.

A Transalvador – autarquia municipal encarregada de gerir o trânsito na cidade – adotou um pacote de medidas para reduzir o tráfego e o número de acidentes em determinadas vias.


O desafio da ONU no Brasil deu origem ao Projeto Vida no Trânsito (PVT), lançado pelo Ministério da Saúde e que tem parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas, aquela do Mais Médicos…), um braço da ONU e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A iniciativa conta com apoio da Bloomberg Philantropies e denominada Road Safety in Ten Countries (Segurança Rodoviária em Dez Países). Os dez países focados – Brasil, Rússia, China, Turquia, Egito, Vietnã, Camboja, Índia, Quênia e México – respondem por cerca de 600 mil mortes, ou 62% de todos os óbitos no trânsito por ano no mundo.

O projeto foi implantado em 2011 nas cidades de Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Palmas (TO) e Teresina (PI). Em 2013 foi expandido para Salvador, demais capitais e municípios com mais de um milhão de habitantes.


Na capital baiana, o número de acidentes de trânsito com mortes foi reduzido de 239 em 2013 para 116 em 2017 e a meta da Transalvador é zerar o número de óbitos no trânsito.

Fórum

E foi em Salvador que aconteceu, em 28 de novembro de 2019, o II Forum Vida no Trânsito, que possibilitou ao Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), revelar as ações práticas que desenvolve e contribuem para a segurança viária e destacar as ações que serão desenvolvidas em 2020. Francisco Garonce, do ONSV, apresentou o Programa EDUCA.

“É através dele que vamos conseguir mudar não só o comportamento, mas principalmente a atitude das pessoas , o que só se faz através de processos educativos, em que os indivíduos não deixam de cumprir a lei para não serem punidos, mas porque internalizam o entendimento de que a atitude segura no trânsito existe para proteger o indivíduo, a sociedade e a convivência harmônica”, disse Garonce.


Garonce explica ainda que o ONSV dará assessoramento aos municípios que estiverem efetivamente interessados em participar do Programa Vida no Trânsito e que não participam por desconhecimento.

“E trabalhando junto ao Ministério da Saúde para fazer com que as regras sejam esclarecidas e colocadas de forma tal que os municípios participem, porque o que se investe em educação, ações de engenharia e de fiscalização na área de trânsito se reverte em uma economia muito maior, principalmente nas despesas relacionadas a internações e a tratamentos decorrentes dos eventos de trânsito”, conclui.

 


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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.