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HB20: Latin NCAP duvida das suas próprias estrelas?

Entidade uruguaia deduz 'oscilação na qualidade de produção' da Hyundai. E dirigente duvida de suas próprias estrelas

Boris Feldman

21 de out, 2020 · 7 minutos de leitura.

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Se a compra de um carro no Brasil inclui preocupação com segurança, a única informação disponível vem da entidade uruguaia Latin NCAP, que avalia veículos comercializados na América Latina.

Mas os resultados podem ser distorcidos:

1. Diferentes legislações

A legislação de outros países não é compatível com a brasileira. Não exige, por exemplo, como a nossa, airbags frontais. Então, crash test de um mesmo carro vendido aqui e em outro país, porém sem airbags, terá nenhuma ou apenas uma estrela (das cinco possíveis). Claro que, testado aqui, teria melhor avaliação.

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2. Mudança de protocolos

Carro testado hoje ganha quatro ou cinco estrelas. Daqui a dois ou três anos o LatinNCAP aperta o protocolo e reduz suas estrelas pela falta de algum equipamento de segurança. Mas seu concorrente, preparado para o novo protocolo, é contemplado com mais estrelas apesar de oferecer o mesmo nível de segurança, outra distorção que confunde o consumidor e prejudica os fabricantes.

Os uruguaios “remendam” a lambança com asteriscos explicativos e estrelas de cores distintas para cada protocolo.

VEJA TAMBÉM:


HB20 e o Latin NCAP

O LatinNCAP testou o novo Hyundai HB20 no ano passado, à época de seu lançamento, e o aprovou com quatro estrelas. Mas acaba de reprovar uma segunda unidade, testada meses depois, que perdeu três delas.

Duas situações poderiam explicar esta redução de estrelas:

  1. A exclusão de componente que compromete a segurança, como airbags ou barra de proteção lateral;
  2. O LatinNCAP ter alterado o protocolo com a exigência de mais algum equipamento de segurança como o ESC (controle eletrônico de estabilidade). Se o modelo não o tem, perde estrelas.

Mas, como explicar o rebaixamento do HB20 no segundo teste, se carro e protocolo eram os mesmos?


O relatório da entidade uruguaia, subjetivo e de rigor técnico questionável, diz “não ter encontrado diferença na construção dos dois veículos” e também que “a deformação da estrutura parece a mesma, com deformação interna semelhante e pontos de impacto similares no dummy”.

Alejandro Furas, do LatinNCAP, afirma textualmente que o segundo carro teve mesmo comportamento que o primeiro. Mas alega que o rebaixamento estelar “em princípioexplica-se pela diferença no comportamento do painel interno plástico da porta frontal”. E que este painel plástico estaria impactando o dummy de forma diferente”. E a drástica redução de três estrelas.

O engenheiro Furas se dá ao direito de repreender a Hyundai e outras fábricas brasileiras por oferecerem carros com menor nível de segurança que na Europa. Mas se contradiz ao sugerir que a fábrica coreana instale airbags laterais no HB20.


Ora, se este é o problema, por que a primeira unidade testada, também sem airbags, foi aprovada com 4 estrelas? Revela também um raro domínio em manufatura e processos industriais, pois insinua oscilação na qualidade da produção” na fábrica de Piracicaba da Hyundai.

A Hyundai, perplexa, emitiu comunicado em que questiona o disparate dos resultados: Não houve qualquer mudança no processo de produção ou na especificação do veículo que possa justificar a extrema variação entre os dois testes realizados pelo LatinNCAP em menos de um ano”

Duvida das próprias estrelas?

Numa outra entrevista, (para a revista AutoEsporte), ele acusa genérica e levianamente empresas brasileiras: “Existem fabricantes que desenvolvem a segurança de seus carros para passar no teste e atingir o objetivo de estrelas e outros que os desenvolvem para proteger as pessoas”.


Então, Furas duvida de suas próprias estrelas? Elas não bastam para definir o nível de proteção do carro?

Brazil NCAP?

A impertinência do LatinNCAP se explica por ser a única entidade independente a realizar crash-tests em nossos carros sem a voz de uma comissão de técnicos e autoridades brasileiras que estabeleça critérios para avaliar sua segurança e a prioridade dos testes (os modelos mais vendidos, por exemplo).

A solução óbvia é a criação de um “Brazil NCAP” para avaliar nossos automóveis, com observância da nossa legislação e peculiaridades mercadológicas.

Depois de entrevistar alguns de seus executivos, percebe-se ser complicada e delicada a situação das fábricas brasileiras em relação ao assunto. Não escondem sua perplexidade com o comportamento do LatinNCAP, mas “impedidas” de se manifestar, pois há vários critérios subjetivos na avaliação de um carro.

Protestar publicamente contra as questionáveis “estrelinhas” que confundem o consumidor poderia resultar em “represália”.

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Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.