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Veja 10 projetos estapafúrdios dos nossos parlamentares

Um pediu pista para discos voadores. Outro quer a volta dos famigerados extintores... Selecionei 10 ideias mirabolantes dos nossos deputados e senadores

Boris Feldman

01 de dez, 2020 · 7 minutos de leitura.

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Um pediu pista para discos voadores. Outro quer a volta dos famigerados extintores… Selecionei aqui 10 projetos estapafúrdios dos nossos parlamentares.

1. Estepe

Pompeo de Mattos (PMDB), há mais tempo, e Gervásio Maia (PL), recentemente, se insurgiram contra o estepe de emergência adotado no mundo inteiro para aumentar o espaço do porta-malas: exigem que a roda sobressalente seja idêntica às outras quatro, por uma questão de “segurança”(…).

Embora marcas premium como Mercedes ou BMW, esportivas como Ferrari, Porsche, Lamborghini, jamais tiveram qualquer problema de segurança com estes pneus.

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Além do mais, como obrigar uma fábrica a instalar uma roda normal que as vezes nem cabe no porta-malas? Refazendo o projeto do carro?

2. Nem o passageiro!

Um deputado federal resolveu subir a régua da Lei Seca: apresentou projeto para proibir qualquer motorista de levar uma pessoa alcoolizada como passageira, pois ela poderia interferir negativamente na condução do carro.

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Mesmo sóbrio, o motorista seria autuado com sete pontos, multa e apreensão do veículo. Solução para os embriagados? Voltar a pé para casa, pois também o taxista seria punido.

3. Cinto improvisado

O Denatran tentou regulamentar as cadeirinhas infantis nas vans escolares. Mas quase nenhuma tem cintos de três pontos, necessários para que sejam dependuradas nos bancos.

“E qual o problema – pergunta um ‘técnico’ do órgão – em improvisar mais um parafuso no chão para fixar a terceira perna do cinto?” Engenheiros das fábricas se sentiram envergonhados de não terem imaginado uma solução tão simples.


4. Defunto chapado

O Conselho Nacional de Trânsito também colabora com o surrealismo pátrio: o artigo 2º de sua Resolução 81/98 tornou obrigatória a realização do exame de alcoolemia para os mortos em acidentes de trânsito.

5. Anti-ciclista

Silvio Costa (dep.fed. PSC-PE) tem antipatia de ciclista e apresentou (em 2015) um PL para que ele tenha de emplacar sua bicicleta e pagar licenciamento anual.

6. Anti-motoqueiro

Sinuca de bico para os motociclistas: projeto de lei  de 2009 do deputado José Bittencourt (PDT), transformada na Lei n. 14955, de 12/03/2009, proíbe sua presença com capacete em qualquer estabelecimento comercial, inclusive postos de serviço.


A preciosidade jurídica não explicou como levar a moto até a bomba: abrindo exceção à lei ou que o motociclista o retire antes de entrar no posto e empurre a moto até o local de abastecimento.

7. Fim do fóssil

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), mais realista que o rei, apresentou PL que proíbe a circulação de carros a gasolina ou diesel a partir de 2040. E, a partir de 2030, só se poderiam vender veículos a etanol, biodiesel e elétricos.

8. Extintor

O deputado Moses Rodrigues (PMDB-PE) tentou emplacar de volta o inútil extintor de incêndio nos automóveis. Preocupado com os motoristas ou com a argumentação (…) do poderoso lobby de seus fabricantes?


9. Obsoleto na marra

Deputado Inocêncio Oliveira tentou obrigar as montadoras a manter um modelo no mercado por um mínimo de 10 anos. Já seu colega Chico Lopes foi mais rigoroso: defendeu proibir alteração dos automóveis até um ano depois de lançados.

10. Reposição obrigatória

Está suspensa – até segunda ordem – a lei da oferta e procura: já foi apresentado duas vezes projeto de lei que determina a obrigatoriedade de estoque de peças de reposição por dez anos depois de encerrada a fabricação ou importação de um modelo.

A lei se esqueceu de prever quem iria compensar o prejuízo dos lojistas com milhares de peças encalhadas no estoque.


Bônus: Pista de OVNI

Em Barra do Garças (MT), foi criada – na década de 90 – uma lei municipal prevendo um “aeroporto” para alienígenas: a reserva de uma área de cinco hectares para pouso de discos voadores na Serra do Roncador, famosa pela suposta presença de aeronaves extraterrestres.

Talvez sirva de consolação para o brasileiro a legislação oposta na cidade francesa de Chateauneuf-du-Pape que proíbe o pouso de discos voadores em suas vinícolas. Desrespeito à lei (não se sabe se redigida em outra língua, além do francês) dá às autoridades o direito de rebocar a nave alienígena para um depósito.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”