Que a quarentena não barrou a venda de importados, é fato. A Porsche bateu recordes atrás de recordes e tantas outras venderam como nunca. Mas o caso da alemã é atípico. Para a maioria das marcas sem fábrica no Brasil, a situação está complicada. Presidente da Abeifa, associação dos importadores de veículos, João Henrique Oliveira diz que o setor está “no limite da exaustão financeira”.
No acumulado de janeiro a novembro, as vendas das associadas à Abeifa tiveram queda de 19,9%. Foram emplacadas 24.999 unidades ao longo de 2020, ante as 31.217 registradas no mesmo período de 2019.
Assim também, houve na comparação de novembro de 2020 com o mesmo mês de 2019. As 2.524 vendas de novembro de 2020 foram 8,7% menores. Em relação a outubro (2.634 unidades), a queda foi de 4,2%.
Oliveira diz que a única saída para driblar a pressão sobre os preços, que subiram muito por causa da desvalorização do real, é reduzir o imposto de importação. Em outras palavras, a Abeifa defende baixar a taxa dos atuais 35% para 20%.
Essa medida, segundo a Abeifa, não se caracterizaria como um benefício fiscal. “Ao contrário. Diante do exposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, isso fortaleceria o Brasil no comércio internacional. Até porque o segmento de veículos importados tem, desde 1990, contribuído
efetivamente com o engrandecimento do setor automotivo brasileiro”, salienta Oliveira.
Isso faria com que, de acordo com informações da Abeifa, o sistema tributário brasileiro se alinhasse à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. A medida, segundo a associação, aliviaria os grupos empresariais nacionais e daria gás extra ao setor, poupando empregos e garantindo o abastecimento de peças e os serviços pós-vendas, bem como as próprias operações de concessionárias.
Ofício
Recentemente, a Abeifa enviou oficio enviado à Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. No texto, destaca que 72% dos veículos importados são provenientes do Mercosul e do México. Para esses carros não há imposto de importação.
Os automóveis importados de outros países representam apenas 3% das vendas totais de veículos no Brasil. Ainda assim, segundo a Abeifa, geram 17,5 mil postos de trabalho. Em outras palavras, isso garante arrecadações tributárias anuais superiores a R$ 1,2 bilhão.
Vendas de importados
A lista de veículos mais vendidos em novembro divulgada pela Abeifa aponta domínio da Volvo nas primeiras posições. No topo do pódio está o XC40, com 421 emplacamentos.
Em seguida vêm o Volvo XC60, com 337 unidades, e o Kia Cerato (219). Completa o ranking dos cinco mais uma dobradinha da marca de origem sueca: o sedã S60 e SUV XC90 tiveram 126 unidades emplacadas cada.
Se entre os importados, a Volvo domina, no ranking de carros feitos no País por marcas de fora quem dita as regras é a Caoa Chery. O SUV Tiggo 5X teve 824 emplacadas em novembro.
O modelo é líder absoluto. Na segunda posição está o BMW Série 3, com 534 vendas. Do mesmo modo, os Caoa Chery Tiggo 8 e Tiggo 7 (com 383 unidades cada) vêm em seguida. Outro BMW, o SUV X1, fecha a lista dos cinco mais com 360 vendas.
Além da Caoa Chery, outras três associadas à Abeifa fabricam carros no Brasil. São elas: BMW, Land Rover e Suzuki. O quarteto fechou novembro com 3.472 unidades emplacadas.
Esse número representa alta de 10,3% em relação aos emplacamentos feitos em outubro de 2020. No mês imediatamente anterior, as quatro marcas venderam 3.149 unidades.
Números gerais da Abeifa
No total geral, as 15 marcas filiadas à Abeifa venderam 5.996 veículos nacionais e importados em novembro. Houve alta de 3,7% em relação a outubro. Naquele mês foram emplacadas 5.783 unidades.
Ante novembro de 2019, quando foram vendidas 5.914 unidades, a alta foi de 1,4%. Ainda assim, no acumulado dos 11 meses do ano houve queda de 14%. Foram 52.705 unidades, ante 60.723 emplacamentos, respectivamente.