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Trailer e motorhome de aluguel têm aumento de 70% na procura
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Trailer e motorhome de aluguel têm aumento de 70% na procura

Demanda por locação de trailer e motorhome aumentou por causa da pandemia, e há casos de empresas que só têm vagas para daqui a quatro meses

Hairton Ponciano Voz

20 de dez, 2020 · 12 minutos de leitura.

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A carioca Nathália Lima viajou pela primeira vez com o marido e os três filhos em um motorhome alugado, e diz que gostou da experiência
Crédito:Nathália Lima/Arquivo pessoal
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O pátio da Vandão RV Aluguel de Motorhomes, localizado em Salto, no interior de São Paulo, está quase sempre vazio. A loja especializada na locação desse tipo de veículo tem dez unidades. Mas, com exceção de dois modelos em manutenção, não há nenhuma unidade disponível para aluguel. E todas já estão comprometidas para os feriados de fim de ano e férias de verão. A pandemia causada pelo novo coronavírus aumentou a busca por famílias que trocaram o turismo convencional (caso de viagens de avião e hospedagem em hotel) por deslocamentos por terra e visitas a locais mais próximos da natureza, longe de aglomerações. Com isso, a demanda por trailer e motorhome cresceu.

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Vandão/Divulgação

De acordo com a porta-voz da empresa, Aline Frediani, atualmente é necessário fazer reserva com quatro meses de antecedência. Ela informa que antes da pandemia o maior movimento se concentrava em férias e feriados prolongados. Agora, porém, Frediani afirma que o aumento foi de 70%. E inclui períodos em que normalmente os veículos não costumavam ser alugados.

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Empresário alugou casa e foi morar em trailer

A procura bem acima do normal também foi sentida pelo empresário Guilber Hidaka, que possui um camping com quatro trailers em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Ele garante que a demanda tem sido “gigantesca” e que já não tem vagas para as festas de fim de ano. Hidaka diz que se adaptou tanto ao estilo de vida em meio à natureza que no começo da pandemia decidiu alugar sua casa em Alphaville – condomínio de classe média alta que se espalha pelos municípios de Santana de Parnaíba e Barueri – para ir morar em um trailer com a esposa e os três filhos.

O empresário diz que o trailer parado em camping permite que interessados em adquirir um veículo desses faça uma experiência, antes da compra. “Um motorhome está na casa dos R$ 300 mil, R$ 400 mil. Em um trailer, a pessoa vai gastar R$ 150 mil, R$ 180 mil. Então, aqui ela pode fazer uma experiência, para ver se gosta, antes de comprar”, diz. A diária em seu camping custa R$ 500, e ele aluga por no mínimo duas noites.

Além de passar a semana morando no trailer, nos finais de semana Hidaka engata a “moradia” no carro e sai para algum destino no meio da natureza. Sempre com a família, o empresário já rodou o Brasil e a América Latina. E chegou até mesmo a transformar uma Kombi em motorhome, no passado. O veículo, pintado de verde, foi apelidado de “azeitona”.


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Guilber Hidaka/Arquivo pessoal

Agenda fechada até março de 2021

Na Itu Trailer, empresa de venda, locação e manutenção de trailers e motorhomes, desde outubro os dois trailers utilizados para aluguel também não param mais na sede da empresa, localizada na cidade do mesmo nome. De acordo com a gerente do departamento de locação, Cintia Cristina de Lucio, a pandemia influenciou no aumento da procura. Segundo ela, há uma fila de espera, e a empresa está com a agenda fechada até março do ano que vem.

A gerente diz que muita gente optou pela alternativa por causa da sensação de maior segurança. Além disso, Cintia acrescenta que uma viagem dessas contorna contratempos com “chek-in e check-out”, referindo-se aos horários de entrada e saída de hotéis.


Cintia informa que há planos de comprar mais unidades no ano que vem. “A ideia era ter aumentado a frota este ano, mas a pandemia não deixou.”

Ela conta que parte do público que aluga seus trailers é formada por pessoas que  têm vontade de adquirir um veículo desses, mas não têm recursos suficientes. Além disso, a gerente diz que muita gente “tem o sonho de comprar, mas não sabe se vai se adaptar”.



Na Itu Trailer, a diária custa R$ 390, e já inclui seguro. Cintia diz que a partir de oito dias há desconto. Afora isso, a empresa cobra uma taxa de limpeza, de R$ 200. O interessado precisa ter um veículo que tenha força suficiente para puxar o trailer, com engate e instalação elétrica. O modelo da empresa, para quatro pessoas, pesa 1.250 kg. Por isso, ela orienta que se usem picapes com tração 4×4 ou traseira. “Alguns SUVs também podem ser utilizados”, diz. Nesse caso, vale a mesma regra, e o ideal é utilizar modelos maiores, de tração 4×4 ou traseira.


Locações nacionais e internacionais

A Vandão oferece várias opções, incluindo a possibilidade de fazer roteiros pelos países do Mercosul e Chile. Nesse caso, uma locação de motorhome por 14 dias custa R$ 11.896. O preço é referente ao modelo para dois adultos e duas crianças, e inclui franquia de 4.500 km e os seguros exigidos pelos países, além de equipamentos obrigatórios. É o caso, por exemplo, de colete de segurança refletivo, que deve ser utilizado se o motorista precisar sair do carro em um acostamento. Já um roteiro de sete dias pelo Brasil custa R$ 5.478, com franquia de 2.500 km.

Primeira experiência

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Nathália Lima/Arquivo pessoal

A carioca Nathália Lima conta que nunca havia pensado em fazer uma viagem de motorhome. Mas no início da pandemia decidiu experimentar a modalidade. Com o marido, os três filhos e grávida de gêmeos, ela alugou o veículo na Vandão, em Salto, e partiu para Brotas, também no interior de São Paulo. Nathália, que tem um blog sobre viagem com crianças (www.kids2gether.com.br), avalia que a experiência foi “boa para estreitar os laços familiares”. A família fez rafting e arvorismo, e ela diz que os filhos “adoraram” a viagem.


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Nathália Lima/Arquivo pessoal

A parte negativa, de acordo com ela, é o conforto, caso do banheiro e cozinha pequenos, por exemplo. Mas ela diz que voltaria a viajar novamente, por causa dos filhos. Nesse caso, Nathália diz que o provável destino seria o sul do Brasil.

Habilitação pode ser “B”

Para dirigir a maioria dos motorhomes disponíveis para locação, basta ter a CNH da categoria “B”. É a mesma exigida para carros de passeio. A habilitação profissional só é necessária para veículos com mais de 6 toneladas de peso bruto total (PBT). Ou com capacidade superior a oito passageiros. Na Vandão, a única exigência é que o motorista tenha no mínimo cinco anos de habilitação. A tarifa de pedágio também é a mesma dos carros normais, desde que não haja eixo duplo na traseira.


Na empresa, antes de sair com o motorhome, o cliente assiste a um vídeo explicativo de cerca de 20 minutos. Trata-se de um curso rápido que demonstra o funcionamento de cada um dos modelos disponíveis. De acordo com a porta-voz da empresa, entre outras coisas, o vídeo ensina como conectar a mangueira de captação de água limpa e a descarga de águas servidas. Aline Frediani informa que campings e estacionamentos de postos de beira de estrada têm um local definido para essa finalidade.

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Vandão/Divulgação

De acordo com ela, em média o reservatório de água limpa tem capacidade para três dias, “se usada com consciência”. Já o de “detritos” (águas servidas, da pia e do banheiro) dura até cinco dias. Neste último, é adicionado um produto químico, para eliminar mau cheiro.


Empresas pedem garantia

Na Vandão, a locação pode ser paga em até dez vezes sem acréscimo no cartão de crédito. À vista, a empresa concede 5% de desconto. Afora o valor da locação, como normalmente ocorre em empresas de aluguel de carros, há um pagamento de caução de R$ 4.500, que fica retido no cartão de crédito, para cobertura de eventuais danos aos equipamentos do veículo, caso de quebras de torneiras, fogão ou geladeira, por exemplo. Na Itu Trailer, o valor da franquia do seguro (R$ 7.350) fica pré-autorizado no cartão de crédito.

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.