O ano de 2020 foi desafiador para a indústria de carros no Brasil. Não só pelas questões sanitárias da pandemia da Covid-19, mas também pela disparada do câmbio. Assim, essa combinação de fatores acabou por forçar uma revisão geral de planos. E vários modelos se despediram.
Com uma queda de quase 30% nas vendas, e o dólar (dos Estados Unidos) nas alturas, as marcas vão, dessa forma, concentrar esforços nos modelos de volume. E também nos SUVs, que continuam a subir nas vendas.
Esse movimento forçou aposentadorias, incluindo conhecidos como Cobalt, Golf, Fusion e Passat. Confira os carros que saíram de linha em 2020.
Chevrolet Cobalt
Com a chegada do Onix Plus em 2019, a aposentadoria do Cobalt era uma questão de tempo. Contudo, o fim do modelo veio em um momento difícil para o país e a indústria automobilística, destroçados pela pandemia da Covid-19. A despedida foi, portanto, silenciosa.
Entretanto, o sedã cumpriu bem o seu papel. Desde o lançamento, em 2011, destacou-se pela oferta de espaço a bordo. Com um porta-malas de 563 litros, o Cobalt foi um dos carros favoritos entre taxistas e grandes famílias. O modelo era produzido na fábrica de São Caetano do Sul (SP).
Citroën C4 Lounge
O sedã médio da marca francesa chegou em 2013, importado da Argentina, e teve uma passagem tímida em nosso mercado. O C4 Lounge veio para substituir o C4 Pallas na gama da Citroën.
Entretanto, a despeito de oferecer recursos modernos e o motor 1.6 THP, o sedã não conseguiu destaque nas vendas, somando pouco mais de 30 mil unidades. Assim, não há previsão de a marca trazer outro sedã.
Dodge Journey
A situação é curiosa: o site brasileiro da Dodge ainda está no ar, porém não há veículos à venda. A explicação é que a marca deixou de produzir, no México, o crossover Journey, que era comercializado aqui desde 2008.
Durante todo esse tempo, o SUV foi vendido com veterano motor 3.6 V6 Pentastar de 280 cv. Sem um substituto, a marca fica, portanto, sem carros no país. O SUV também veio com o escudo da Fiat e o nome Freemont.
Fiat Palio Weekend
É oficial: as peruas morreram no Brasil. Este foi o último ano da popular Fiat Palio Weekend. O modelo já não é mais produzido na fábrica de Betim, em Minas Gerais. Até porque a montadora já está trabalhando no seu substituto: o aguardado SUV compacto da marca italiana.
Embora as vendas tenham desmoronado nos últimos anos, a Fiat Weekend, como vinha sendo chamada, foi o carro de muitas famílias no país. Embora a Fiat tenha removido o nome Palio, a station wagon pertencia à família do hatch compacto. Seu ponto forte era o porta-malas de 460 litros.
Ao longo dos 23 anos de produção, a perua compacta da marca italiana passou por muitas reformas. E criou tendência com a linha Adventure, que rapidamente caiu no gosto dos brasileiros e até hoje tem a sua receita usada em modelos como Hyundai HB20X e Renault Stepway.
Ford Fusion
O fim do Fusion já estava anunciado desde o início de 2019, quando a Ford informou que deixaria de produzir automóveis para se dedicar aos SUVs e picapes. Entretanto, não deixa de ser representativo o fim do Fusion em nosso mercado de carros.
O sedã mexicano chegou em 2006, apenas um ano após ser lançado nos Estados Unidos. O Fusion veio substituir o Mondeo. Em 2010, entrou para a história da indústria nacional ao ser o primeiro automóvel híbrido comercializado no país, o que lhe deu algum status.
Em 2013, chegou a atual segunda geração, que manteve praticamente o mesmo design até o recente fim da produção do modelo.
Hyundai Elantra
A sétima geração do sedã médio talvez nem devesse estar na lista. Isso porque o modelo vendeu apenas 82 unidades em 2019. Assim, em janeiro deste ano a Hyundai retirou o Elantra do site brasileiro. O sedã estreou aqui em 2011 com a sexta geração, e tinha um futuro promissor.
Entretanto, o sedã médio acabou não conseguindo fazer frente aos medalhões Honda Civic e Toyota Corolla. E o sucesso dos SUVs foi a gota d’água. A Hyundai talvez até volte a vender o Elantra no Brasil algum dia. Porém, não há prazo para isso acontecer.
Nissan March
O hatch compacto da Nissan chegou em outubro de 2011 com o apelo de ser o primeiro carro de entrada de uma marca japonesa no país. A princípio, o March veio importado do México beneficiado pelo acordo de livre-comércio entre os países, que o isentou da taxa de importação.
Entretanto, o modelo nunca chegou a ser um dos carros mais vendidos da categoria, ficando atrás de vários concorrentes, como Chevrolet Onix, Ford Ka, Hyundai HB20 e Renault Sandero. Nos últimos anos, ganhou transmissão CVT e multimídia, mas as novidades não bastaram.
Dessa forma, a Nissan optou por aposentar o March em setembro, encerrando a sua produção na fábrica de Resende (RJ). A marca está decidida a apostar nos SUVs e vai produzir o Magnite, um novo utilitário criado na Índia que será menor e mais barato que o Kicks.
Volvo V60
Lançada no fim de 2018, a perua de luxo da Volvo chegou impecável, em sua melhor forma. Entretanto, as vendas do modelo não decolaram. E com o câmbio desfavorável, a marca sueca decidiu, então, encerrar a importação da V60. Desse modo, agora restam apenas Audi A4 Avant e Porsche Panamera Gran Turismo. A categoria foi engolida pelos SUVs.
Volkswagen Passat
O tradicional sedã da Volkswagen era um dos modelos mais longevos à venda no Brasil. Em agosto, a montadora alemã interrompeu a sua importação, encerrando uma história com vários capítulos. A alta do dólar, que disparou no início da pandemia, foi a pá de cal para o Passat.
Por aqui, o sedã tem no Tiguan Allspace uma espécie de sucessor, já que o SUV médio atua na mesma faixa de preços. Mas apesar de seguir em produção no exterior, o futuro do Passat não está claro. Há a possibilidade de o clássico da marca dar lugar a um sedã 100% elétrico.
Volkswagen Golf
Após 27 anos no Brasil, chegou a hora do adeus ao Volkswagen Golf. Pode ser um até breve, porém ainda não se sabe. Não há um prazo definido para o retorno do hatch médio. Mas é certo que o modelo não voltará a ser produzido no país, como foi na 7ª e na 4ª gerações.
A Volkswagen está totalmente focada na gama de SUVs. Assim, o Golf perdeu espaço, e sai de cena para a chegada do Taos. O novo SUV da marca está confirmado para o 2º trimestre de 2021. Com produção na Argentina, ocupará a posição do Golf em preços e mira o Jeep Compass.
No Brasil, o Golf deixou de ser produzido em 2019 na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Contudo, ganhou sobrevida com a importação do híbrido Golf GTE. A marca trouxe um lote de 99 unidades do modelo recarregável em tomadas. A nova geração já foi lançada e deve voltar um dia.
Câmbios automatizados
O ano de 2020 também marcou o fim das transmissões automatizadas de embreagem simples nos carros nacionais. O primeiro câmbio do tipo surgiu em 2007, com a Chevrolet Meriva Easytronic. Em seguida, a Fiat lançou a caixa Dualogic, que adotou o nome GSR após receber aprimoramentos.
A Volkswagen também apostou neste tipo de transmissão com o automatizado i-Motion, enquanto a Renault ofereceu a caixa Easy’R na linha Sandero e Logan. Contudo, o câmbio GSR da Fiat era o único à venda. Assim, a Fiat retirou a opção do site. E os automatizados estão extintos.
As transmissões do tipo foram substituídas por câmbios automáticos tradicionais. Há desde transmissões com conversor de torque às caixas do tipo CVT (continuamente variável), que operam por polias. Assim será o novo câmbio CVT que a Fiat-Chrysler vai lançar em 2021.