Quando a Porsche anunciou a intenção de lançar o Cayenne, no começo dos anos 2000, os mais puristas torceram o nariz. Afinal, como poderia uma marca tradicional no universo dos esportivos se render ao segmento de SUVs? Ainda assim, contrariando seu próprio DNA, a marca alemã apostou no grandalhão e, ao contrário do que se pensava, alcançou outro patamar tanto em estilo quanto em vendas.
Tanto que, até hoje, o modelo – já na terceira geração – não só é um dos mais vendidos do portfólio, com abriu precedente para o lançamento do irmão menor Macan, que também virou sucesso de público e crítica.
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Inscreva-seHouve uma época que esses modelos fora da caixinha eram ainda mais comuns. A década de 1990 abriu as portas da inovação e trouxe uma enxurrada de modelos impensáveis para determinadas marcas. Quem, por exemplo, se lembra do Fiat Coupé? Vendido no Brasil entre 1995 e 1997, o modelo não foi tão bem aceito pelo público local (em partes, pelo preço salgado), mas é bem verdade que, até hoje, gera torcicolos por onde passa.
Apresentado no Salão de Bruxelas, Bélgica, em 1993, o cupê tinha base na plataforma do hatch Tipo. Com interior assinado pelo renomado estúdio Pininfarina (e exterior sob a tutela do Centro Stile Fiat, na época chefiado por Chris Bangle), tinha estilo de sobra.
Destaque para os vincos marcantes que cortavam as laterais da carroceria. Os faróis eram carenados e as lanternas traseiras em formato de círculo (duas de cada lado). A tampa do combustível prateada, era um charme a parte, assim como as maçanetas das portas ocultas na colunas centrais.
O modelo de produção artesanal, considerado “a Ferrari da Fiat”, deixou de ser fabricado em 2000 no mercado externo.
Mais Fiat
Por falar em Fiat, a marca, tradicional pelas vendas de carros populares, como Uno/Mille e Palio, no Brasil, resolveu inovar em 2011, quando passou a importar o Freemont, do México. O veículo nada mais era que a cópia do Dodge Journey, porém, com modificações estéticas, como grade dianteira, rodas e, claro, emblemas nas extremidades dianteira e traseira.
Um dos primeiros frutos da FCA (Fiat Chrysler Automobiles), o modelo penou não só pela falta de tradição da Fiat no segmento de carros mais caros, mas também por ser o primeiro SUV da marca por aqui. Além disso, seu câmbio falho e alguns contrapontos, como suspensão ruim, fizeram com que o Freemont deixasse o Brasil no comecinho de 2017.
Apesar de já ter história com carros subcompactos a partir da década de 1950, a mesma Fiat resolveu reler o clássico 500 (chamado por aqui, inicialmente, de Cinquecento, como na Itália) nos anos 2000. Lançado em 2007, o modelo destoava totalmente da linha da montadora italiana à época.
Mas os simpáticos contornos arredondados do carrinho de estilo retrô caíram nas graças do público tanto aqui quanto lá fora. Afinal, ao menos num primeiro momento, o compacto premium era muito mais barato que modelos como Mini Cooper, por exemplo. O 500 ficou em linha até 2014 e, ainda neste ano, estará de volta. Porém, com outra proposta: propulsão elétrica. Isso, evidentemente, elevará o preço do carrinho a patamares próximos a R$ 200 mil, deduz-se.
Aston Martin Cygnet
Ainda falando em carro pequeno, não tem como deixar de fora o Aston Martin Cygnet. Ao contrário do estilo da marca inglesa, o irmão do Toyota iQ não tinha nada de esportivo. O estilo, então, destoou totalmente da linha da fabricante.
Mas isso tinha um motivo. Em 2011, a Aston Martin fugiu à regra com o objetivo de ganhar pontos com a sustentabilidade. Para baixar seus índices de emissões de gases nocivos, nada como acrescentar um super compacto (do naipe de smart ForTwo) ao portfólio. Afinal, o motorzinho 1.3 de 87 cv era o equilíbrio perfeito que a marca procurava.
Micos e sucessos
E quem estava acostumado com os sedãs e utilitários que a Hyundai vendia por aí, na década de 1990, se surpreendeu com o Tiburon. O cupê de visual incomum foi, inclusive, vendido no Brasil por um curto espaço de tempo. No mesmo estilo, a GM/Opel atacou de Calibra. Derivado do primeiro Vectra, o modelo hoje está na lista de clássicos. Cabe citar, também, o Tigra, que tinha base do Corsa. Ambos ficaram pouquíssimo tempo por aqui.
Sob o guarda-chuva da GM, Cadillac e Pontiac também tiveram seus momentos de infortúnio ao fugir do óbvio. Respectivamente, Cimarron e Fierro (ambos do início da década de 1980) nada tinham a ver com o DNA seguido pelas respectivas montadoras. O primeiro nada mais era que um Monza metido a luxuoso com motor V6. O outro, tinha porte pequeno e motorização irrisória na comparação com os tradicionais V8 que equipavam os carros da marca. Ambos fracassaram, claro!
Aliás, a década de 1980 foi a era do mico também para a Lamborghini. Em 1986, vinha a tona o LM002. Com linhas quadradas e formato de jipe, o modelo seria voltado ao uso militar. Mas a estratégia deu errado. Ao contrário do SUV Urus, que veio para ficar. O italiano já conquistou até as garagens de celebridades nacionais e internacionais, como os cantores Eduardo Costa, Kanye West e Jutsin Bieber. No Brasil, o jipão não sai por menos de R$ 2,5 milhões. Isso sim é sair da caixinha com atitude e estilo!