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15 mentiras sobre automóveis. Tão repetidas que viraram verdade

Existir mentira, sempre existiu. Mas o besteirol triunfou – de verdade – quando ganhou as redes sociais

Boris Feldman

01 de fev, 2021 · 7 minutos de leitura.

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Crédito: Shutterstock

Existir mentira, sempre existiu. Mas o besteirol triunfou – de verdade – quando ganhou as redes sociais

Motor 16 válvulas não presta?

Boa parte dos modernos motores a combustão aplica a solução das quatro válvulas por cilindro para maior eficiência. Entretanto, os primeiros assim lançados no Brasil, na década de 90, eram mesmo problemáticos. E a fama ficou…

E o de três cilindros?

Com o downsizing, conquistou o mundo inteiro. Mas alguns “doutores“ em automóveis no Brasil defendem teses contrárias. Se menos sofisticados, podem apresentar uma ligeira e quase imperceptível vibração. Se são duráveis? Estão rodando firmes até hoje os DKW-Vemag produzidos no Brasil de 1957 a 1967, com motores tricilíndricos.

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Câmbio de dupla embreagem não é confiável?

Quem criou a imagem negativa desta excelente solução foi o Powershift da Ford, por problemas de manufatura ou projeto. Mas existem vários outros, como o DSG da Volkswagen, considerados os melhores automáticos do mundo.

Válvula termostática é besteira?

Alguns mecânicos resolvem o problema do motor superaquecido eliminando a válvula do circuito. O problema não é a válvula, mas por ela ter travado e prejudicado a refrigeração do motor. A solução não é se desfazer dela, mas substitui-la. Ela é importante para que o motor não trabalhe “frio” ao ser acionado ou em longas descidas.


Troque aos 40 mil km

Quilometragem “mágica” usada por fábricas, autopeças e oficinas para induzir a troca desnecessária de amortecedores, cabos de velas e catalisadores. Todos eles podem ter durabilidade muitas vezes maior.

Economizador economiza?

A internet é a grande fonte dessas trapizongas anunciadas como economizadores de combustível. Não acredite em nenhum deles, pois, fossem eficientes, seriam obviamente utilizados pelas fábricas de automóveis.

Carro turbinado é ‘bomba-relógio’?

Oficinas irresponsáveis adaptam turbinas em motores não projetados para recebê-las. É claro que sua durabilidade vai para o espaço, prejudicando a imagem dos motores desenvolvidos para o receberem. Tão resistentes e confiáveis quanto os aspirados.


Tanque na reserva destrói a bomba?

Nada a ver: o que refrigera a bomba dentro do tanque de alguns carros é exatamente o combustível que passa em seu interior. E não aquele que a envolve. O problema de usar o combustível até as últimas gotas é a eventual sujeirinha depositada no fundo do tanque que pode entupir a bomba. Caso ela não tenha um filtro para impedir.

Revisão geral por R$ 99?

E ainda tem quem acredita nisso. E em Papai Noel… Oficinas com este apelo promocional querem ver seu carro lá dentro. Depois de desmontado, começam a surgir os “pepinos” e as contas nas alturas. R$ 99,00 não paga sequer o estacionamento…

Aditivo no óleo

Engenheiros das fábricas de automóveis e de óleos se dedicam centenas de horas para determinar a melhor aditivação de cada motor. Aí vem os Militecs da vida anunciar milagres…


Portas travadas

Carro pronto para a viagem com a família, malas acomodadas, tanque cheio, pneus calibrados? Então, “s’imbora”  com os cintos afivelados, portas fechadas e travadas!

Opa: nada de travar portas na estrada, só no trânsito urbano. Porque, no caso de acidente, quem aparecer para ajudar ainda terá que enfrentar portas travadas, caso o carro não tenha sistema automático de desbloqueio.

Óleo para motor diesel no carro a gasolina

Outro besteirol sabe-se lá de onde veio. O “argumento” é que o óleo lubrificante do motor diesel deve ser muito mais eficiente para suportar suas exigências mais rigorosas. Mas, cada óleo é projetado para “conviver” com os gases que chegam no cárter provenientes da combustão. E os gases da gasolina não “conversam” com o óleo lubrificante projetado para os gases do diesel.


Querosene no tanque?

Só se estivermos falando de avião a jato. Ou seu carro tiver turbina em vez de motor. Querosene prejudica a câmara de combustão dos automóveis.

Derrapagens do Inmetro

Nem todas as certificações do Instituto Nacional de Metrologia são dignas de fé. Pneus remoldados não ostentam informações essenciais da carcaça reaproveitada, exigidas em outros países. Aqui, convenientemente (para os fabricantes) abandonadas pelo órgão do governo. Que já certificou também cadeirinhas infantis reprovadas depois em testes da Unicamp. Entre outras…

Chip milagroso?

Tem oficina que anuncia aumento de desempenho além de redução de consumo e emissões com a simples troca de um chip. Tão óbvio e as fábricas não perceberam? Ou transforma o carro a gasolina em flex. Tão barato, simples e as fábricas investiram fortunas nisso?


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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”