Quase 22 anos depois, o Palmeiras volta a disputar o Mundial de Clubes da Fifa. O time paulista repete a dose contra o Tigres, do México, neste domingo. Como é possível imaginar, o mercado automotivo de 1999 era bem diferente do de hoje. Com carros que, certamente, farão você ficar nostálgico ou agradecer por essa fase ter passado. Sem meio termo.
Volkswagen Gol ficava na casa dos R$ 10 mil
O Volkswagen Gol, carro que hoje custa até R$ 76 mil, era o campeão invicto e consecutivo de vendas. O ano foi marcado pelas vendas do “Gol Bolinha” junto à novidade do Gol G3, que passou por uma grande reformulação estética.
A fim de se firmar como o campeão de vendas, a Volkswagen oferecia nada menos que 12 versões do hatch, das quais variavam principalmente motores e número de portas.
Com valores completamente fora da realidade de hoje, a versão de entrada Special de três portas, que dispunha do motor 1.0 8V de 54,4 cv saía por R$ 11.524. Caso optasse pela versão de motor 1.6 de 88 cv, o preço subia para R$ 16.068. De topo, a configuração GTI 2000, que oferecia o motor 2.0 16V e gerava 145 cv de potência, saía a partir de R$ 33.733.
Já naquela época se falava do substituto do Gol. Reuniões entre possível consumidores e os chefes de design da VW analisavam a introdução de um novo hatch compacto, cujo projeto chamava PQ24. Eis que três anos depois, desse projeto nasceu o Polo e a nova plataforma responsável por produzir o Fox e a nova geração do Gol.
Palio era vice líder
Chevrolet Onix e Hyundai HB20? Que nada! A briga pelo primeiro lugar ocorria entre o Gol e o Palio. Com cerca de 135.117 unidades vendidas, o Palio chegou a vice liderança do mercado em 1999.
Este ano ficou lembrado, sobretudo, pela famosa versão Citymatic, que dispunha de uma embreagem automatizada e dispensou o pedal que a comandava. Os motores que equipavam o hatch podiam ser o 1.0 MPI 8V, .15 MPI 8V ou 1.6 MPI 8V
Strada apresentava cabine estendida
Derivada da base do Palio, a Strada terminou seu primeiro ano cheio em vendas. A picape pequena chegou ao mercado para encarar a Ford Courier e Volkswagen Saveiro com mais equipamentos, maior tamanho e, consequentemente, maior espaço de carga do que sua antecessora, a Fiorino.
Contudo, a Fiat percebeu que sua clientela não utilizava todo o espaço da caçamba. Então, introduziu em 1999 a versão de cabine estendida, inédita no segmento, que ampliava o espaço interno em 30 cm. Por sua vez, a montadora oferecia três opções de motorizações diferentes, 1.5 8V de 76 cv, 1.6 8V de 92 cv e a configuração de topo LX de 1.6 l 16V que gerava até 106 cv.
Corsa já oferecia câmbio automático
Embora a primeira geração brasileira do Corsinha estivesse próxima da aposentadoria, o modelo chegou a vender mais de 74 mil unidades e quase 60 mil na carroceria sedã. Juntos, os modelos venderam quase o equivalente ao Chevrolet Onix no ano passado.
Contudo, o ano foi marcado pela chegada da configuração de entrada Corsa Wind e a adoção do motor 1.0 16V, de 68 cv na versão Super, bem como introdução da perua Corsa Wagon Super.
Embora fosse modelo de entrada, o sedã dispunha de uma boa lista de itens na configuração de topo, como por exemplo, comando elétrico para travas e vidros, faróis de neblina e rodas de liga leve com 14 polegadas. Isso sem mencionar o câmbio automático de quatro marchas presente desde 1997 na versão GL.
Com um preço inimaginável para os dias de hoje, o Corsa Wind era oferecido por cerca de R$ 14.400.
Fiat Marea
Não vamos nos prolongar sobre o famoso apelido de “bomba”, porque hora ou outra, tem sempre uma piadinha envolvendo o Marea. O fato é que o sucessor do Tempra, apesar dos pesares, trouxe uma proposta inovadora ao mercado. Bom acabamento interno, vasta lista de equipamentos tecnológicos, e desempenho de esportivo (que invejava até Golf GTI).
Chegou ao Brasil em 1998 com o motor 2.0 de cinco cilindros e 20 válvulas com comando variável que gerava até 142 cv e torque máximo de 18,1 kgfm. Sentindo o ânimo brasileiro, os engenheiros de Betim produziram o motor 2.0 turbo alimentado de 20V que chegava aos 182 cv. Para melhorar, o modelo saía da inércia aos 100 km/h em cerca de 8,1 segundos e chegava até os 220 km/h, uma eletrizante surpresa na época.
Nesse sentido, de todos os listados, o Marea foi o mais caro, sendo oferecido por R$ 26 mil.
Gama de picapes dispunha de Dodge Dakota, Ford F-250 e Silverado
Fabricada em Campo Largo (PR), a Dodge Dakota foi por anos consecutivos considerada a melhor picape vendida no Brasil. Com duas opções de motorização – 3.9 V6 aspirado de 171 cv e 39,8 mkgf e a 2.5 turbodiesel de quatro cilindros de desenvolvia 115 cv e 30,6 mkfg de torque – o veículo era oferecido a partir de R$ 22.095. O valor pedido pela versão Sport Club ficava em R$ 38.640
Posteriormente, em 2000, a picape passou a oferecer a versão RT, motor mais potente de um comercial leve já fabricado no Brasil – o V8 de 5,2 litros que desenvolvia 232 cv e 41,6 mkfg.
Por sua vez, a Chevrolet vendia somente a versão de cabine simples da Silverado. Vinda da Argentina, a picape teve três ofertas de motores: o 4.2 seis cilindros turbodiesel de 168 cv e 43 mkgf, o 4.1 seis cilindros a gasolina de 138 cv, herdado do Omega. Para as versões de trabalho o trem de força era o 4.1 quatro cilindros, diesel, de 90 cv.
Embora a GM tenha afirmado que há chances da Silverado voltar ao solo brasileiro, seus preços ficarão bem distantes dos de 1999 – entre R$ 33.798 e R$ 50.029
F-250 era maior que suas concorrentes
Sucessora da F-1000, a Ford F-250 completava um ano de vendas em território brasileiro. Com dimensões maiores que a Silverado, a Ford F-250 era comercializada em cinco versões, das quais traziam os propulsores de seis cilindros 3.9 turbodiesel de 145 cv e 47 mkgf e o motorzão 4.2 V6 de seis cilindros a gasolina de 205 cv e 35,7 mkgf. Assim, em ambos os casos, a tração era traseira e o câmbio era o manual de cinco marchas.
Contudo, foi em 1999 que a Ford trocou o motor a diesel da Cummins pelo propulsor 4.2 da MWM que equipava a Silverado. Só que o conjunto mecânico da Ford entregava número maiores, graças ao uso de um intercooler – até 180 cv e 51 mkgf.
Neste caso, a exigência da categoria C na Cateira Nacional de habilitação se explicava pelo peso bruto total da picape, que ultrapassava as 3,5 toneladas.
Bônus: Mercedes-Benz Classe A não animou os brasileiros
Foi em 1999 que o hatch à la monovolume da Mercedes começou a ser fabricado em Juiz de Fora (MG) e fez história por ser o primeiro modelo da marca a ser construído fora da Alemanha. Alto e com menos de 3,60 metro de comprimento, o monovolume fez feio no teste do alce e capotou, devido ao alto centro de gravidade. Solução? Adoção urgente do controle eletrônico de estabilidade
O marketing foi grande. Afinal, quem não gostaria de ter um carro da Mercedes? O problema, no entanto, era que a primeira versão A160 não chegava nem aos 100 cv. Até o câmbio automatizado não animou. O preço, por sua vez, ficava em um limbo entre os verdadeiramente modelos caros e os de entrada.
Embora o carro fosse cheio de equipamentos e possibilidades de combinações, seus concorrentes acabavam ganhando por oferecerem uma veia esportiva. Por fim, o alemão não agradou os brasileiros e vendeu um pouco mais de 63 mil unidades até 2005.
Produção de veículos despencou e ficou equivalente à época antes do Plano Real
Se 2020 ficou negativamente marcado por meses de fábricas fechadas, alta de preço nos insumos e queda nas vendas, 1999 atingiu patamares de produção abaixo do registrado em 1994. A indústria automotiva fabricou 2,014 milhões de veículos – número 30% menor em comparação a 2019.
Há 22 anos atrás, a produção de 1,3 milhão correspondia a menos da metade da capacidade instalada em solo brasileiro. Inclusive, o ano foi tão tímido para o mercado, que 2000 começou com mais de 100 mil veículos “encalhados” nos pátios.
Carro popular acumulava alta de 106% desde 1994
Além disso, os preços podiam estar bem menores naquela época, mas já acumulavam uma enorme alta nos preços. Desde a introdução do Plano Real até 1999, o valor do carro popular subiu 106%. Se agora noticiamos que o carro de entrada já passou dos R$ 70 mil, naquela época era espantoso quando um carro popular, como o Volkswagen Parati, atingisse a barreira dos R$ 30 mil.
A perua recebia itens opcionais como aquecedor, ar-condicionado (que custava R$ 2.131), toca-fita, direção hidráulica, trava central, vidro elétrico e luzes de neblina, por exemplo.
Carros a álcool batiam recorde de vendas
Anterior a introdução do carros flex, os modelos a álcool chegaram a 10.942 unidades. Ou seja, oito vezes maior o que as vendas de 1998. Vale lembrar que em 2020, mais de 1,66 milhões de veículos licenciados tinham motores flex.