Poucos dias após o CEO global da Renault, Luca de Meo, falar em mudança de planos no Brasil, a montadora francesa anuncia o investimento de R$ 1,1 bilhão na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. O aporte será utilizado para o lançamento de cinco novidades até o primeiro semestre de 2022, incluindo a renovação de modelos atuais, além de dois carros elétricos.
Um desses lançamentos o Jornal do Carro já antecipou recentemente. Trata-se do SUV Captur reestilizado. O utilitário ganhará um leve retoque no desenho que vai deixá-lo diferente do Captur europeu, e com a cabine mais chique. Além disso, o modelo será o responsável por estrear o novo motor 1.3 TCe turbo, feito em parceria com a Mercedes-Benz.
Este motor também é parte do investimento que será feito na fábrica paranaense. Com potência máxima de 163 cv e um torque de 25,5 mkgf, o inédito 1.3 turbo é praticamente o mesmo motor que equipa o novo Mercedes-Benz Classe A sedã. Exceto pelo fato de que será flexível. Com ele, virá também um novo câmbio CVT com simulação de oito marchas.
Novos Logan e Sandero de volta ao jogo
Com o anúncio de investimento, a Renault tenta apagar alguns pontos de interrogação da operação brasileira. Há poucos dias, o novo CEO da marca francesa, Luca de Meo, afirmou em entrevista na Europa que a empresa errou na estratégia para o Brasil. Em síntese, o executivo disse que a Renault vai apostar em carros mais caros no país.
Dessa maneira, De Meo sugeriu que a montadora poderia deixar de lado projetos considerados certos, como as novas gerações da dupla Logan e Sandero. Até mesmo abandonar o pequeno Kwid, enquanto outros projetos ganham relevância, entre eles a nova geração da picape Duster Oroch, bem como o recém-revelado SUV Bigster.
Diferente de ciclos anteriores, em que tinha como meta aumentar a participação de mercado, a Renault não está mais interessada em só ganhar volume. Sob o comando de Luca de Meo, a francesa vai buscar segmentos mais lucrativos, com veículos de maior valor agregado. E, nesse sentido, a adoção da plataforma modular CMF-B parece inevitável.
Pois os novos Logan e Sandero, nas versões da Dacia, são feitos justamente sobre a base modular. Portanto, a dupla de compactos tende a seguir em linha com o novo investimento, podendo estrear no primeiro semestre de 2022. Até lá, a Renault vai reestilizar o Kwid, que adotará, então, mesmo desenho do equivalente indiano, renovado em 2020.
Novo Zoe a caminho
O investimento de mais de R$ 1 bilhão da Renault, portanto, prevê o lançamento do novo motor 1.3 TCe turbo, além das renovações de Captur, Kwid, Logan e Sandero. Assim, restam apenas os carros elétricos. Um deles já sabemos qual é: o novo Zoe. O modelo trocou recentemente de geração na Europa, e vai desembarcar aqui renovado até o início de 2022.
Resta saber qual será o segundo carro elétrico que a marca francesa vai lançar no Brasil. Por causa do preço acessível, o candidato mais forte é o City K-ZE, a versão elétrica da Kwid. O carrinho movido por baterias foi lançado em 2020 na China, e deve ganhar a Europa e outros mercados. Por aqui, seria um dos modelos elétricos mais baratos do mercado.
Bigster e nova Oroch confirmados
No comunicado, a Renault, portanto, reforça a importância do Brasil para a marca. “O mercado brasileiro continua sendo estratégico para o Grupo Renault”, diz a nota oficial. Entretanto, a aprovação de um novo ciclo de investimentos para futuros projetos “dependerá da melhoria da competitividade”, salienta Luiz Fernando Pedrucci, chefe da montadora na América Latina.
“Fatores como a complexidade e alta carga tributária, os altos custos logísticos e de fabricação comprometem a competitividade para fabricar no país”, diz Pedrucci. Contudo, mesmo com o cenário turvo, a francesa já tem ao menos dois outros lançamentos confirmados para os próximos anos. Um é o SUV Bigster, que será um Duster maior. O outro é a nova geração da picape Oroch, que, desta vez, virá mais forte contra a Fiat Toro.