Blog do Boris

10 principais dúvidas do motorista ao abastecer com gasolina

Motorista brasileiro é tão desinformado sobre combustíveis que, às vezes, nem sabe qual o ideal para seu carro

Boris Feldman

09 de mar, 2021 · 7 minutos de leitura.

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Qualidade da gasolina será melhor, com reflexo direto na economia do veículo e na redução das emissões
Crédito: Milton Michida/Estadão

Motorista brasileiro é tão desinformado sobre combustíveis que, às vezes, nem sabe qual o ideal para seu carro. Vou responder as 10 perguntas que recebo com maior frequência sobre a gasolina brasileira.

1. Para quê gasolina aditivada?

É tão importante que, em alguns países, toda ela é aditivada. Porque a gasolina tem um elevado teor de carbono, que provoca formação de depósitos (na cabeça do pistão) quando ocorre a combustão.

Os aditivos dispersantes e detergentes evitam estes depósitos carboníferos que, com o tempo, irão prejudicar a combustão (pré-ignição), o desempenho e aumentar o consumo e as emissões. Motorista que não tem confiança no posto, pode abastecer com a gasolina comum e ele mesmo aditivá-la, seguindo as instruções no frasco.

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2. Dinheiro no lixo?

A desinformação é total: corre até a “informação” de que abastecer com gasolina premium (BR Podium ou Shell V-Power Racing, por exemplo) é jogar dinheiro pelo escapamento.

Só é verdade no caso de motores com baixa taxa de compressão, maioria dos nossos carros. Ela não muda em nada seu desempenho. Mas não é verdade no caso dos importados mais sofisticados ou esportivos. Seus motores só oferecem toda sua potência com gasolina de maior octanagem.

Em resumo, motores normais não precisam da premium. Motores especiais foram projetados para ela, mas podem usar a comum vendida no Brasil.


3. Qual gasolina evitar?

Muitos não acreditam, mas a qualidade da nossa gasolina permite que qualquer uma seja utilizada em qualquer motor. Sua octanagem é tão elevada em relação aos outros países, que mesmo um carro importado e sofisticado pode ser abastecido com a “comum’, mesmo que a fábrica recomende a Super (ou premium). O motor pode perder alguns cavalos, mas sem correr riscos.

Evitar mesmo, só as mais baratas, pela possibilidade de adulteração.

4. Querosene limpa o motor?

Até hoje ainda chegam perguntas na redação sobre a adição de querosene na gasolina para “limpar” o motor. Ele poderá é limpar o seu bolso, pois tem baixíssima octanagem. Se alguns postos contam com bombas de querosene é por ser recomendado – em algumas situações – no motor diesel. Principalmente para facilitar seu acionamento nas temperaturas mais baixas.


5 . Aditivar a premium?

Muitos ficam em dúvida no posto pois a palavra “aditivada” está na bomba para diferenciá-la da gasolina comum. Mas, a palavra não aparece nas bombas da premium. Porém, todas as gasolinas premium são aditivadas.

6. Gasolina ‘limpa’?

Não, essa ainda não está disponível, pois todas as gasolinas comercializadas no mundo contem um alto teor de carbono. A “limpa” ainda está sendo desenvolvida pela Porsche com a Siemens Energia e outros parceiros. Só começa a ser produzida – em pequena escala  – no próximo ano – no Chile.

7. Gasolina formulada ou refinada?

Existe uma briga no mercado entre os postos chamados “Bandeira Branca” e os de marcas mais tradicionais e conhecidas como BR, Shell (Raízen), Ipiranga, Ale, etc. Estes até anunciam “não vendemos gasolina formulada”, alusão aos Bandeira Branca e insinuando que oferecem produto de melhor qualidade.


Não é verdade, principalmente a partir do ano passado, quando a ANP passou a exigir densidade mínima da gasolina. Formuladas todas são, até as refinadas. O que interessa é a honestidade do dono do posto ou da distribuidora, de adulterar ou não seu produto.

8. Por quê carro importado consome mais?

Quem dirige um automóvel no exterior (ou examina sua ficha técnica no país de origem) e no Brasil percebe que o consumo de combustível aqui é superior. Ele é maior, de fato, pelo elevado percentual de etanol, que pode chegar a 28% (sem adulteração).

Num carro com motor a álcool (ou flex), seu menor poder energético é compensado pela maior taxa de compressão. Mas, no motor a gasolina, a adição de etanol realmente aumenta o consumo.


9. Gasolina brasileira: pior ou melhor?

O tradicional “complexo de vira-lata” leva muitos a afirmarem que nossa gasolina é uma das piores do mundo. Mas, ao contrário, ela está entre as melhores, pelo menos quando deixa a refinaria. Se estiver adulterada, o assunto não é mais técnico, é de polícia.

A gasolina brasileira tem elevada octanagem, entre as maiores do mundo. Quanto à densidade, ela hoje não deixa mais a desejar em nível internacional, desde que a ANP passou a exigir, no ano passado, o mínimo de 715 g/kg.

10. Tem validade?

Sim, gasolina não é eterna e dura muito menos… que remédio. Dizem os especialistas que seu prazo médio de validade é de 60 a 90 dias. Depois, perde suas características físico-químicas originais. A gasolina premium, por ter outra composição, tem durabilidade superior a 180 dias, por isso é recomendada para os tanquinhos de partida a frio nos carros flex.


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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”