Como se já não bastasse a falta de chip eletrônicos em escala mundial, um incêndio na gigantesca fábrica de semicondutores (chips) irá agravar mais ainda a situação da indústria automotiva. Estima-se que cerca de 30% das peças do mundo serão afetadas.
Estamos falando da Renesas Eletronics, empresa japonesa de semicondutores, que registrou um incêndio na fábrica em Naka, na última sexta-feira. De acordo com a companhia, um tanque de placas pegou fogo devido a uma sobrecarga elétrica. Dessa forma, as chamas se alastraram para 11 de suas unidades de fabricação. Felizmente, ninguém se feriu.
A empresa afirma que possui um estoque para atender as montadoras por mais um mês. Assim, as consequências físicas não serão imediatas. O impacto imediato, contudo, ocorreu na bolsa de valores. Não somente a Renesas, mas também a Honda, Toyota e Nissan perderam valor em suas ações.
Contudo, a Renesas fornece chips para empresas fora do Japão. A empresa tem cerca de 30% de participação global de semicondutores automotivos. A maioria dos seus clientes, contudo, são fabricantes de peças automotivas e não montadoras de veículos. Mesmo assim, a cadeira como um todo será afetada.
Produção escassa até setembro
A Volkswagen já demostrou preocupação com a notícia e acredita que a escassez deve durar até o outono do hemisfério norte, equivalente ao meses da nossa primavera.
Em entrevista à BBC, Scott Keogh, presidente-executivo da VW para a América do Norte, disse ainda que algumas fábricas provavelmente irão diminuir os turnos. Contudo, espera que a ociosidade não seja tão grande a ponto de suspender as atividades.
De acordo com a Renesas, o reinício da produção deve começar daqui a um mês. Já o portal Nikkei Asia deu uma visão mais pessimista: até três meses para a produção normalizar. Por sua vez, o governo do Japão prometeu ajuda ao setor.
A culpa é da pandemia
Conforme noticiamos no Jornal do Carro, a vasta maioria das montadoras paralisou ou está paralisando suas produções pela falta destes componentes.
No começo da pandemia da Covid-19, as marcas suspenderam as compras de semicondutores por causa da baixa nas vendas. Em contrapartida, os fabricantes destas peças aumentaram o fornecimento para empresas de equipamentos eletrônicos, como smartphones, televisões, notebooks e videogames.
Todavia, o rápido reaquecimento das vendas de veículos surpreendeu as montadoras. Os estoques de microchips acabaram e as fornecedoras ficaram sobrecarregadas na produção.
O preço do componente, obviamente, subiu. Como para montagem de um veículo utiliza-se dezenas ou até centenas de semicondutores, o valor do modelo aumentou e ainda irá aumentar substancialmente.
E no Brasil?
A falta do insumo atingiu as linhas de produção do Chevrolet Onix e Onix Plus. Na última semana, a GM confirmou que paralisará a produção do hatch até maio. No começo de março, o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (RS) afirmou que a fábrica de Gravataí funcionará em apenas um turno após as férias coletivas.
Desse modo, deverá levar até cinco meses para que a produção do hatch e do sedã volte ao normal.
A Honda suspendeu a fabricação do Civic durante os dez primeiros dias de março e no começo de fevereiro. Já a Volvo anunciou nesta segunda (22) que irá paralisar a maior parte da linha de montagem de caminhões até o final do mês.
Em Betim (MG) a Fiat reduziu o ritmo de fabricação na fábrica mineira durante duas semanas, do dia 10 de março ao dia 22. De acordo com o jornal O Tempo de Betim, cerca de 600 funcionários receberam férias coletivas pela suspensão de um dos turnos.
A Volkswagen confirmou na última sexta-feira (19), o fechamento temporário de todas as suas fábricas no Brasil durante 12 duas corridos. Segundo a empresa, a decisão busca frear a propagação da Covid-19.