Blog do Boris

Por que tanta discussão quando se fala de aditivos?

Fácil de empurrá-los nos postos, pois muitos motoristas não distinguem entre os necessários e a pi-ca-re-ta-gem

Boris Feldman

28 de jun, 2021 · 8 minutos de leitura.

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O problema dos aditivos para o automóvel são os interesses econômicos nem sempre coincidentes com os técnicos. As fábricas que os produzem estão de olho neste gigantesco mercado de automóveis que representa enorme faturamento. Surgem então dezenas de empresas no mundo que desenvolvem aditivos de todo gênero: para o óleo do motor, água do radiador, combustíveis, lavadores…

Conheça o portal do Boris Feldman: autopapo.com.br

Vamos nos limitar aos dos motores a combustão, já responsáveis por muita controvérsia.

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Aditivo de óleo: desnecessário

Aditivo que não deveria sequer dar margem a discussão nenhuma, por ser rigorosamente desnecessário no cárter. O lubrificante do motor é resultado de milhares de horas de desenvolvimento conjunto entre as engenharias da fábrica do veículo e da que produz o óleo.

E determinados então os aditivos necessários em função de inúmeros fatores específicos como seus materiais, rotação, temperatura, folgas e vários outros. Então, o óleo do motor especificado pelo fabricante do automóvel cumpre rigorosamente todas suas exigências e produzido com todos os aditivos necessários.


Cabe ao dono do carro apenas cumprir prazos de troca – em tempo ou quilometragem – conforme recomendação do manual.

Outra dúvida: necessário adotar a marca eleita pela fábrica?

Não, pois é resultado de mero acordo comercial entre as empresas. Pode-se usar qualquer outra – que seja tradicional, de qualidade e reconhecida mundialmente. E, claro, desde que o óleo atenda às especificações SAE (viscosidade) e API (aditivação).


Mas, aí aparecem os tais interesses econômicos. Empresas que dão tratos à bola para criar produtos que tragam faturamento fácil às custas da crença dos motoristas em suas duvidosas propriedades.

Qual delas não quer ter o dono do posto, da “troca de óleo” ou da oficina mecânica como parceiro na comercialização de seu produto? Ele goza de confiança do cliente e tem poder de convencimento para criar a demanda do produto, necessário ou não.

Fossem inúteis e apenas corroessem o saldo bancário do freguês, já estaria de bom tamanho. Entretanto, muitos deles podem reagir quimicamente com os aditivos já presentes no óleo original e danificar o motor.


O Militec, por exemplo, para escapar da classificação de “aditivo”, declara se utilizar do óleo apenas como “meio de transporte” para atingir os componentes metálicos que anuncia proteger.

Gasolina: depende…

Seu elevado teor de carbono torna indispensável a adição de agentes detergentes e dispersantes para evitar a formação de depósitos carboníferos na cabeça do pistão, como resíduos de sua combustão. Estes agentes já estão presentes na gasolina aditivada da bomba.

Mas, como esta aditivação não é regulamentada nem fiscalizada pela ANP, recomenda-se abastecer com a gasolina comum e adicionar o aditivo vendido nos postos. E também acrescentar um aditivo especial – com os mesmos agentes detergentes/dispersantes – em determinada quilometragem para se ter segurança da limpeza interna do motor.


Qual evitar?

Evitar os frasquinhos miraculosos – também vendidos nos postos – que anunciam aumento de octanagem, potência, redução de consumo, emissões e outras maravilhas. São denominados “octane booster” ou “super booster” ou “magic octane” e coisas do gênero. Alguns podem até cumprir o que prometem, mas em gasolina de outro país, que não tenha o elevado índice de etanol da brasileira.

Além dos aditivos presentes no comércio, existem os “populares” ou que estão na “boca do povo”: naftalina, querosene, óleo 2T e tantos outros sem nenhum efeito prático exceto o estrago no bolso do motorista.

Etanol: talvez

Por seu reduzido teor de carbono (1/3 da gasolina), é mais limpo e praticamente não deixa resíduos carboníferos no pistão. Por isso, apenas duas distribuidoras (BR e Shell) oferecem o etanol aditivado justificando sua conveniência pelo efeito detergente e lubrificante.


O primeiro, em válvulas de admissão devido à passagem de gases provenientes do óleo do cárter. E para lubrificá-las no caso de motores com injeção direta, pois o etanol não passa por elas.

Aditivo no diesel: sim

Também requer aditivação e por isso, assim como a gasolina, é oferecido com ou sem ela na bomba. O diesel aditivado no posto tem denominação própria em cada marca: Podium na BR, Evolux na Shell, RendMax na Ipiranga, etc.


Mas pode-se abastecer com o diesel simples e aditivá-lo no tanque com frascos disponíveis nos postos e lojas, como o PRO-D, por exemplo. Quem o fabrica é a Innospec, mesma que fornece o aditivo para a Ipiranga, mas existem outras marcas confiáveis.

A aditivação do diesel é composta de um pacote de agentes detergentes, inibidores de água, antiespumantes, antioxidantes, etc.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”