Desde que estreou, no início de 2016, a Fiat Toro praticamente não tem concorrentes no mercado brasileiro. A sua única rival até agora, a picape Renault Duster Oroch, nunca fez frente ao modelo da marca italiana nas vendas. Entretanto, essa vida boa da Toro está com os dias contados. Vêm aí as novas picapes de Ford, GM, Hyundai e Volkswagen.
A primeira concorrente direta pode, inclusive, chegar ainda em 2021. Trata-se da nova geração da Chevrolet Montana, que foi confirmada na última semana pela GM do Brasil e será feita em São Caetano do Sul sobre a base do SUV Tracker. Além dela, a Ford começa a produzir neste mês a inédita Maverick, uma picape de entrada menor que a Ranger.
No caso do modelo da Ford, a produção será na fábrica de Hermosillo, no México, sobre a plataforma compartilhada com o SUV Bronco Sport, que estreou em maio deste ano no Brasil.
Já a Hyundai começou a produzir no fim de junho a — também inédita — Santa Cruz na fábrica de Montgomery, no Alabama (EUA). A picape usa a mesma arquitetura da nova geração do SUV Tucson e chega a ter a mesma dianteira do utilitário, com os faróis diurnos de efeito tridimensional que ficam embutidos na enorme grade.
E ainda tem a Volkswagen. Ao mostrar o conceito Tarok em 2018, no último Salão do Automóvel de São Paulo, a marca alemã deu, então, indícios de que seria a primeira das novas picapes a desafiar da Fiat. Mas até hoje o modelo não saiu da prancheta. Agora, a informação é de que a Tarok, que surgiu sobre o T-Cross, virá da Argentina sobre a base maior do SUV Taos.
Confira abaixo o que já sabemos sobre as futuras rivais da Fiat Toro.
Nova Chevrolet Montana
A mais recente do quarteto é a Chevrolet Montana, cujo nome foi confirmado na última semana pelo presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, em vídeo. O conteúdo, inclusive, mostrava as obras de modernização na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, onde a novata será feita. O modelo é parte do investimento de R$ 10 bilhões, que estava congelado por causa da pandemia e foi reativado neste ano.
Ao contrário da Ford, que deixou de produzir no Brasil, a GM segue o caminho reverso. “É super importante para nós esse novo produto, é super importante para a presença da GM no Brasil. Nós estamos muito comprometidos com a nossa presença no Brasil”, disse Zarlenga na ocasião. Mas o presidente não foi além disso e não especificou qualquer informação extra sobre o modelo (projeção acima). A única coisa que se sabe ao certo é que a Montana usará a mesma base de Onix e Tracker, de quem deve herdar acabamento e a motorização turbo.
Maverick quer inovar segmento de picapes
Por falar em Ford, a Maverick promete chegar com tudo no segmento de picapes intermediárias. Sua produção começou agora, no México, sobre a base do SUV Bronco. Assim como as demais, a intermediária, evidentemente menor que a Ranger, deve chegar (importada) ao Brasil até o início de 2022. A Ford, contudo, ainda não se pronunciou oficialmente quanto às versões que virão ao País.
Ainda sem detalhamento da estratégia, acredita-se que a Ford — até para justificar o alto preço que o modelo importado deve chegar por aqui — apostará na versão com motor híbrido. Ou seja, cara, mas com a vantagem da economia. É uma saída.
Xô, motor diesel!
A nova picape da Ford, que também conta com o motor 2.0 turbo, promete no modelo híbrido média de 15,7 km/l. A ideia, relatada durante seu lançamento mundial há um mês, é tentar se distanciar da antiga relação entre os motores a diesel e as picapes.
Em números, o sistema combina o 2,5 litros a gasolina de quatro cilindros e 162 cv a outro elétrico com potência equivalente a 126 cv. Já a potência máxima combinada é de 191 cv. Em torque, são 21,4 mkgf. A opção tem tração dianteira e usa câmbio automático do tipo CVT. A Maverick possui 5,07 metros de comprimento e 1,84 m de largura. São 2,99 m de entre-eixos e uma caçamba com 942 litros. No total, leva até 680 kg.
Volkswagen Tarok ainda no forno
Apresentada como protótipo no Salão do Automóvel de São Paulo de 2018, a Volkswagen Tarok voltou à pauta no fim do ano passado. Na ocasião, o CEO da montadora na América Latina, Pablo Di Si, afirmou que a marca produzirá mais veículos sobre a plataforma MQB, na fábrica de General Pacheco (Argentina).
O projeto gerou grande expectativa à época de sua apresentação, entretanto, acabou congelado por causa da pandemia do novo coronavírus — e também porque a montadora decidiu deixar as picapes de lado e focar no promissor mercado de SUVs, com o Taos. Isto posto, abre-se caminho para a introdução da Tarok, afinal, a VW já está atrasada com esse projeto, que pode queimar no forno. A marca já foi, inclusive, passada para trás pela Hyundai, que já lançou a Santa Cruz nos Estados Unidos.
E a Santa Cruz, vem ou não vem?
A picape intermediária da fabricante sul-coreana é bastante interessante para o Brasil. Todavia, a sua importação pode ser um empecilho negativo para a comercialização. Nesse sentido, a Hyundai pagaria 35% de taxa de importação, sem contar o câmbio com valor nas alturas.
Uma saída seria investir em infraestrutura e, dessa maneira, implementar a plataforma da picape (e do Tucson) na fábrica de Anápolis (GO), que pertence à Caoa (detentora do grupo por aqui) e atualmente monta a geração anterior do Tucson. Mas essa conversa fica para o próximo ano.
Detalhes da novata da Hyundai
Feita na fábrica de Montgomery, no Alabama (EUA), a Santa Cruz, além de capacidade de reboque de 2,2 toneladas, tem predicados como caçamba dotada de sistema que permite extensão do assoalho e opção de motor 2.5 turbo com 192 cv ou 278 cv. Este último, mais forte, afinal, que o da média Ford Ranger.
No total, o modelo oferece, na terra do Tio Sam, quatro versões de acabamento e tração integral. O câmbio, no entanto, se divide em automático de oito marchas e automatizado de dupla embreagem — também de oito marchas.
Caso a Hyundai opte, de fato, por trazer a Santa Cruz, sucesso garantido no que depender de visual. Suas linhas futuristas devem agradar o público, com destaque para a grade formada por elementos metálicos e luzes de LED em um só conjunto. A parte luminosa, todavia (chamada pela Hyundai de “luzes paramétricas escondidas”), tem efeito tridimensional.
Renault lançará nova Oroch
Silenciosamente, a Renault trabalha na renovação da picape Oroch, que não trocou de geração junto com o Duster, em 2020. Dessa forma, o modelo feita em São José dos Pinhais, no Paraná, deverá ganhar um novo design, bem como carroceria aprimorada e uma mecânica capaz de competir com as picapes que estão a caminho. Ou seja, a Oroch poderá ganhar o novo motor 1.3 turbo flexível que estreia em breve no SUV Captur.
Afinal, o que a Toro tem de tão especial?
Lançada em 2016, a Toro seguiu todo esse tempo sem mexer radicalmente no visual. A picape, a princípio, ofuscou totalmente sua única rival de mercado no Brasil, a Renault Oroch — lançada um pouquinho antes.
Esse case de sucesso chegou para preencher a lacuna que havia entre as picapes compactas (como Fiat Strada e Volkswagen Saveiro) e médias (como Chevrolet S10 e Toyota Hilux, por exemplo). Além disso, o modelo da marca italiana se destacou pelas dimensões (que confere mais espaço), refinamento e, ainda, opção da combinação motor diesel e tração integral. Ou seja, tornou-se o veículo ideal para quem quer abusar do off-road e, ao mesmo tempo, carregar bastante peso sem precisar gastar mais de R$ 200 mil por isso. Sem contar o estilo ousado, inclusive, no modo de abertura da tampa traseira.
Em sua última atualização, vale lembrar, foi repaginada. Tem detalhes diferenciados, principalmente na parte dianteira, e interior mais limpo, bem acabado e tecnológico. Nesse ínterim, a principal (e mais esperada novidade) ficou escondida debaixo do capô: o novo motor. Trata-se do inédito 1.3 turbo de 185 cv de potência. Vamos ver até quando dura esse reinado. Tudo depende da estratégia das demais montadoras, porque produto, já existe.