Em 2013, teve início o maior recall da história da indústria de carros, com os “airbags mortais” da Takata. No total, mais de 100 milhões de veículos foram afetados em todo o mundo. No Brasil, só a Honda tem quase 1 milhão de modelos (importados e nacionais) que possuem o equipamento. Por isso, vem dando o que falar até hoje. Inclusive, a marca pensa em recomprar alguns desses modelos para resolver a questão.
Ao Jornal do Carro, a fabricante japonesa confirmou a informação. Afinal, no Brasil, a Honda é a marca que teve mais dores de cabeça ultimamente. “A empresa realiza tratativas individualizadas com consumidores. E pode realizar a recompra em casos pontuais”, afirma a Honda, em nota.
Nesse sentido, há exatamente um ano, a marca iniciou campanha para substituição dos airbags de 34.937 unidades de Civic, Accord, CR-V e Odissey no Brasil. Todos os exemplares feitos entre 1996 e 2000.
Em fevereiro de 2020, contudo, a Honda confirmou a morte de um motorista – na Bahia – que guiava um New Civic LXS. No modelo fabricado em 2008, constava o defeito no airbag produzido pela Takata. Neste caso, no entanto, o proprietário não havia feito o reparo necessário.
Unidades e valores
A Honda não especifica o motivo pelo qual optou pelo incomum caminho da recompra. Entretanto, o site Autos Segredos afirma que a ação se deve a um problema no procedimento de reparo dos airbags. De acordo com a publicação, o protocolo das fabricantes prevê a desativação do componente (lado do motorista), o que pode ter ocasionado danos irreparáveis para donos de Civic.
Sobre a informação que circula na mídia, de que a Honda já teria recomprado cerca de 300 Civics, e que cada unidade teria custado cerca de R$ 15 mil, a fabricante nega. “A Honda não divulga quantos modelos foram recomprados e nem os valores envolvidos na negociação”.
Confira abaixo a nota da Honda na íntegra
A Honda, pautada pelo princípio de respeito aos clientes, informa que o atendimento para o reparo de insufladores de airbag segue vigente. E reforça que esse procedimento pode ser realizado mesmo quando, previamente, houve o corte da fiação do componente, uma vez que a peça é substituída por completo.
A empresa realiza tratativas individualizadas com os consumidores e pode realizar a recompra em casos pontuais. Mas não confirma a informação de que 300 veículos já foram readquiridos. A Honda não divulga quantos modelos foram recomprados. E nem os valores envolvidos na negociação.
Há 906.267 veículos com necessidade de recall num total de 1.611.187 insufladores de airbags Takata a serem substituídos. Destes, 1.205.077 insufladores de airbags Takata já foram reparados, atingindo um índice de atendimento de 74,8%.
Até o momento, a Honda possui o registro de 49 casos confirmados de ruptura anormal do insuflador de airbag Takata, sendo 18 deles com ferimento, 1 fatalidade e 30 sem lesão.
A Honda Automóveis possui um criterioso processo de controle de qualidade em sua linha de produção e executa, de forma constante, o monitoramento das unidades já vendidas como forma de assegurar que os seus produtos atendam aos mais rigorosos padrões de qualidade e segurança.
Além de airbags, agora, cintos de segurança
A fabricante de peças automotivas, Joyson Safety Systems (JSS) – que comprou a Takata após falência da empresa, em 2018 – afirmou que, após investigação de relatórios feitos pela empresa responsável pelos “air bags mortais”, constatou falsificação de testes.
Mas não é só. Durante 20 anos, a Takata pode ter produzido 9 milhões de cintos de segurança falhos. É o que apontam, portanto, os documentos dos testes de correia das respectivas peças. Nesse sentido, acredita-se que em cerca de 1.000 casos, os acessórios de segurança foram falsificados.
Entretanto, mesmo que os resultados não correspondam às exigências, a JSS nega necessidade de recall.
Cabe lembrar que a JSS detém 30% do mercado mundial de cintos de segurança. Contudo, os maiores compradores dos produtos da marca são as montadoras japonesas, que abastecem o mercado doméstico. Entre elas, inclusive, está a Honda.