Na última semana, o Jornal do Carro trouxe a informação de que as novas gerações de Logan e Sandero foram canceladas para o Brasil a mando da matriz da Renault, na França. Por enquanto, ambos continuam em linha, mas a saída é inevitável e deve começar de maneira gradativa, em breve. O Sandero RS (sigla que vem de Renault Sport), portanto, já está com os dias contados.
De maneira geral, o hatch compacto foi o carro mais vendido da marca francesa no Brasil ao longo da última década – impulsionado, principalmente, pelo amplo espaço interno. Mas essa despedida melancólica, entretanto, ainda vai levar algum tempo. Afinal, seguem no catálogo a versão Zen 1.0 (R$ 73.090) e a GT Line (R$ 76.890).
Tem, ainda o Stepway, que tirou o nome Sandero, mas é a configuração aventureira do hatch. Custa entre R$ 87.740 e R$ 99.620.
Porém, para a tristeza dos fãs, o Sandero RS (R$ 95.790), único no mercado com ajustes esportivos de fábrica, já teve sua última fornada. Segundo apuração da revista Quatro Rodas, o lote final teve 130 unidades produzidas neste mês, 100 delas para o Brasil, e as 30 restantes para exportação. Assim, a versão RS deve durar mais algum tempo nas lojas.
Culpa do Proconve
O fim da produção, entretanto, não se deve particularmente ao fim do Sandero no Brasil. A versão esportiva sairá do mercado porque não poderá cumprir as novas regras de emissões e ruídos estabelecidas pelo Proconve L7, próxima etapa do Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, que começa a valer em 1º de janeiro 2022.
Como o hatch não terá nova geração, a fabricante não investirá em aprimoramentos no motor 2.0 aspirado para manter a versão.
Atualmente, cabe salientar, o Sandero RS tem nota “E” no Conpet, o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro. Conforme as novas diretrizes da marca, a ideia é obter mais rentabilidade. Ou seja, menor participação de mercado, porém, com modelos mais rentáveis. Conforme antecipou o novo CEO da Renault, Luca De Meo, o foco local será nos SUVs. Inclusive, o Bigster já está confirmado e estreia em 2023.
Nada de 1.3
O Sandero RS também não tem a opção de receber o novo motor 1.3 turbo, de até 170 cv, que passou a equipar recentemente o SUV Captur. Com injeção direta e uma série de inovações, o TCe precisaria de outros tantos reajustes para equipar o hatch apimentado. Isso, inclusive, ficaria mais caro que retrabalhar no 2.0 atual. De qualquer maneira, portanto, os baixos números de vendas não compensam o esforço da engenharia.
Mesmo com o apelo de ser o único veículo desenvolvido pela Renault Sport fora da França, o Renault Sandero RS é fraco em vendas. Ao Jornal do Carro, contudo, a Renault não respondeu sobre números exatos alcançados pelo hatch esportivo ao longo de 2021. Mas são baixos, afinal, conforme números da Fenabrave, o Sandero vendeu 903 unidades em agosto – o sétimo lugar da categoria, com 4% de share.
Mas o fato é que nada justificaria qualquer investimento e o único caminho é a aposentadoria. E isso precisa acontecer até março – data limite para esgotar os modelos com as emissões atuais.
Hatches saem de cena para dar espaço a SUVs
Há algum tempo, a preferência do consumidor tem se voltado ao mercado de SUVs. Dessa forma, hoje este já é o segmento mais rentável do Brasil. Abocanhou 41% de janeiro para cá. Enquanto isso, os hatches – que já foram a preferência nacional – não chegam a 40% do share. Essa é mais uma justificativa que explica o desinteresse em manter o Sandero RS.
Até mesmo o Stepway – que é vendido como SUV – vai sair do mercado em breve para dar espaço a um novo utilitário. O mais cotado é o Kiger, um SUV menor que o Duster e feito sobre a base modular do Kwid. Esse é o mesmo caminho do Citroën C3 (foto acima) e do Volkswagen Gol, que se transformarão em mini SUVs para conquistar a clientela que busca um modelo com tamanho compacto, mas com atributos que agreguem mais robustez e, sobretudo, com preço não tão alto.