Vinte cinco anos após mudar definitivamente o mundo dos jogos eletrônicos de corridas de carro, com sua primeira edição, ainda no PlayStation original, a série Gran Turismo volta a movimentar jogadores casuais, pro players, fãs de automobilismo e até pilotos profissionais com sua simulação perfeccionista, com gráficos e dinâmica hiperrealistas.
Desta vez, a promessa é entregar imagens em 4K, com reflexos do cenário na lataria dos carros, sombras e fachos de luz dos faróis que confundem de tão acurados. Bem como corridas nas mais famosas pistas e circuitos (reais ou virtuais).
O Jornal do Carro participou do lançamento do GT7, direto do Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP), para a imprensa e influenciadores. E pode conversar, via teleconferência, com o designer japonês Kazunori Yamauchi, o criador da franquia.
Yamauchi, que também é piloto profissional, colecionador e que cita máquinas como Ford GT e Ferrari 330 P4 como suas preferidas, reforçou a promessa de imersão total do novo jogo. Não só por meio dos sons aperfeiçoados dos motores, ou dos pneus e ruídos típicos da cabine de um automóvel em alta velocidade. Mas também por conta de vibrações ainda mais precisas nos controles e muita informação sobre carros e fábricas.
Aliás, são mais de 400 carros de 50 fabricantes, que são desbloqueados conforme se avança na campanha. Com eles, é possível correr no asfalto digital de mais de 90 pistas, incluindo Interlagos. O que justifica a apresentação feita no templo do automobilismo brasileiro.
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Após ouvir as explicações de Yamauchi, quanto o time de marketing, fica claro que o GT7 é uma evolução muito bem trabalhada da série. Mas não uma revolução. Pistas e modos de jogo lá do primeiro game, criados por 15 programadores, retornam em roupagem totalmente atual.
E com direto a HDR, que amplia brilhos e percepção de cores na tela. Assim como uma atualização de 60 quadros por segundo, que deixa a imagem mais fluida, e os controles mais precisos. O trabalho de desenvolvimento durou cinco anos ao todo e teve participação de 300 profissionais do estúdio Polyphony Digital.
Ao mesmo tempo, é preciso ter conexão com a internet o tempo todo, como em Gran Turismo Sport, última e mais criticada edição da série. Só assim para ter acesso a todo o conteúdo do jogo – apenas cerca de 10% do novo jogo tem aproveitamento no modo offline.
Tela divida e sete modos de jogo
Para seguir como o mais badalado dos simuladores de corrida, o GT7 traz de volta o modo Arcade, com opção de tela dividida. Dessa forma, é possível que dois jogadores se enfrentem do sofá da sala. Ele aposta em corridas casuais não contra adversários mais rápidos, mas contra batidas e notas musicais (ensinando o que é ritmo de corrida).
Mas também aposta em modos online para entregar reproduções de provas de resistência (”Circuitos Mundiais”), de testes de pilotagem (”Testes de Licença”) e de lojas de carros usados ou concessionárias de marcas de luxo (”Brand Central”). Há também garagens de tunagem e oficinas de acessórios (”Tuning” e ”Livering”), bem como estúdios fotográficos de carros (”Scapes”, que promete divertir aspirantes a fotógrafos ou quem só quer criar um wallpaper divertido).
Há até um modo que simula o ambiente de salões do automóvel e feiras de carros, o ”GT Café”, que traz fichas técnicas de diferentes bólidos e contam com imagens e vídeos de pilotos, designers-chefes de grandes montadoras e outros especialistas. Assim, prometem ensinar não só sobre a história automotiva, mas também dar dicas para progredir melhor no mundo gigante do game.
GT mudou tudo
Gamers veteranos sabem que o universo de jogos de corrida mudou radicalmente com a estreia de GT em 1997. Para o bem e para o mal. Ao lado de gráficos e sons muito mais polidos, veio a simulação que fez o nível do jogo crescer em perfeccionismo. Mas, também em dificuldade, edição após edição.
Com o grau de realismo, GT atraiu grandes fabricantes, que se tornaram aliadas de criação do game, inclusive com carros saindo do mundo real para o virtual, mas também o inverso. Isso porque, os protótipos futuristas GT Vision tem inspiração no jogo e acabaram ganhando vida ao aparecer em salões nos últimos 10 anos em estandes de marcas como Mercedes-Benz, BMW, Citroën, Mini e Toyota, entre outras.
”Isso é algo que eu penso desde o primeiro Gran Turismo, que o jogo anda ao lado da cultura e da indústria do carro. É nossa missão proteger essa cultura e é também nossa missão ajudar essa indústria a crescer”, afirmou Yamauchi.
Diversas possibilidades
O jogo também atraiu pilotos profissionais, que encontraram na mistura de uma cópia de Gran Turismo e de um cockpit simulado com volante e pedaleiras, um ambiente ideal para treinos fora da pista, com menor custo, mas igualmente desafiadores.
”No Gran Turismo, você pode dirigir tanto em pistas de qualquer lugar do mundo quanto em pistas-fantasia. Você pode pilotar todo tipo de carro e experimentar as configurações que quiser nesses carros. Isso é algo praticamente impossível de fazer na vida real. Eu estava conversando com Esteban Ocon [piloto da equipe Alpine-Renault da Fórmula 1], durante um evento e ele me disse que dirigiu quase 700 mil quilômetros no Gran Turismo Sport”, contou Yamauchi.
Tudo isso deixou as edições posteriores de GT cada vez mais cheias de menus, possibilidades ilimitadas de ajustes e telas de carregamento cada vez mais longas. Além disso, também ganharam uma jogabilidade que só era aproveitada em sua totalidade tendo não só volantes e pedaleiras, mas um alto grau de conhecimento automotivo.
É divertido?
Mas, segundo Yamauchi, e o pouco que pude experimentar durante a apresentação, numa curta sessão de jogatina, GT7 é uma ”carta de amor à cultura automotiva que poderá ser aproveitada por velhos e novos pilotos, igualmente”.
Sobretudo, certamente é um game mais divertido no PS5 do que no PS4, por conta das tecnologias mais avançadas do novo console.
Assim, é possível usar o fone de ouvido para ter um áudio tridimensional mais realista do motor e do guincho dos pneus. Contudo, também é possível se divertir mais com o controle tradicional, que vai vibrar diferente se você ”pisar na grama” ao contornar o “Pinheirinho”. Ou subir na zebra virtual por entrar todo torto no ”S do Senna”.
Da mesma forma, o loading gigante existente desde a terceira edição promete ficar menor com o tempo de carregamento super veloz do SSD do PS5. E a dificuldade inerente a diversos modos pode ser contornada, segundo Yamauchi, com conselhos e dicas dos especialistas no modo ”GT Café”.
”Pela primeira vez na história do Gran Turismo nós temos personagens conduzindo a dinâmica do jogo. Eles dão dicas aos jogadores sobre carros, sobre customização, sobre qual modelo utilizar. Na verdade, eles estão ali para explicar o sistema aos novatos”, apontou Yamauchi.
”Esta é uma nova forma criada para que essas pessoas sintam o gosto de como são os automóveis, os circuitos e a cultura de carros em geral. Eu acho que esse tipo de interação é a melhor notícia para os pais que querem fazer seus filhos se apaixonarem por carros, é um ótimo ponto de partida”.