Além dos testes e da busca incansável por revelar segredos de fábrica, que resultou em vários furos jornalísticos, bem como na revelação de fotos e informações sobre carros em fase de desenvolvimento, o Jornal do Carro teve, como um dos pilares, a tabela de preços com cotação de usados. Em 1982, a inflação anual no Brasil rondava os 100%. Assim, os preços dos veículos novos subiam de forma vertiginosa e estabelecer uma avaliação confiável para o usado era uma tarefa tão desafiadora quanto efêmera. Afinal, os valores mudavam bastante e em poucos dias.
O Grupo Estado elaborava a tabela de preços no seu departamento de pesquisas. O suplemento surgiu com 16 páginas, em formato tabloide, encartado no Jornal da Tarde de 1982 a 2012. De início, havia cotações de 34 automóveis e seis motos.
O sucesso foi imediato e logo a tabela do JC virou referência tanto para consumidores quanto para comerciantes de veículos. Conforme o livro Jornal da Tarde: Uma Ousadia que Reinventou a Imprensa Brasileira, de Ferdinando Casagrande, Editora Record, 364 páginas, as vendas do JT às quartas-feiras, dia em que o Jornal do Carro saía (inicialmente a circulação era, então, quinzenal), rapidamente superaram os 120 mil exemplares. Ou seja, bem acima dos 80 mil, em média, registrados de terça a sábado.
Abismo tecnológico
Nos primeiros anos de vida, o JC mostrou um mercado fechado aos importados, assim como dominado por apenas quatro montadoras: Volkswagen, Chevrolet, Ford e Fiat. Fabricantes de carros fora de série, como Puma e Miura, eram as opções para quem procurava algo exclusivo.
Com o Gol GTI, em 1988, a indústria local deu um importante passo para reduzir o abismo tecnológico que a separava das matrizes. O VW foi o primeiro automóvel feito no País com injeção eletrônica. O JC também deu espaço a máquinas diversas, como moto aquática, caminhões, carros anfíbios e até um triciclo a energia solar.