Quando começou essa segunda invasão de carros chineses no Brasil (a primeira foi no início da década passada), acabou a paz da Renault. Até pouco tempo, a fabricante francesa vendia um dos elétricos mais baratos do País (o Kwid E-Tech). Agora, até para anunciar o preço de sua nova aposta em eletromobilidade a marca teve que esperar até o último minuto por causa de uma pedra no sapato chamada BYD Seal.
Pois bem, chegou a hora. O Megane E-Tech (a grafia Megane agora dispensa o acento agudo no “E”) está de volta ao Brasil e, a partir de hoje nas concessionárias, custa R$ 279.900. As entregas começam na primeira semana de outubro. Até o fim do ano, há um lote de 320 carros disponíveis. Depois disso, a operação entra em fluxo contínuo, conforme explicou a Renault.
A princípio, o modelo ecologicamente sustentável é uma mistura de hatch e SUV. O estilo é futurista e tem base na vertente “Sensual Tech”. Isso se traduz pelo formato parrudo dos faróis e para-choque, e pelas rodas de 18″, que passam a ideia de esportividade. Nas laterais, maçanetas embutidas nas portas da frente dão um charme final. Atrás, puxadores escondidos na coluna dos vidros. Destaque também para as lanternas bem finas, que atravessam a tampa do porta-malas e formam um conjunto único.
Medidas
Em medidas, o modelo feito na França, na plataforma modular CMF-EV, tem 4,20 metros de comprimento – exatamente, o mesmo tamanho do Volkswagen T-Cross. Já o entre-eixos é um pouco maior. Enquanto o hatch elétrico tem 2,69 m, o VW tem 2,65 m. Mas o porta-malas é acima da média da categoria de SUVs compactos. Nele, cabem 440 litros, ou seja, exatamente a mesma dimensão do SUV médio Toyota Corolla Cross.
Na cabine
Na parte de dentro, há bom espaço para quatro pessoas. Mas talvez o passageiro central traseiro fique um pouco apertado. Para o motorista, boa ergonomia. E o acabamento é caprichado. Por exemplo, mescla Alcântara, material têxtil, plástico e, nos bancos, revestimento premium e material têxtil 100% reciclado. Os painéis de portas são forrados com carpete. Além disso, tem iluminação ambiente dinâmica, que pode ser personalizada em até 48 cores. Na parte de trás, tem tomadas USB do tipo C, para recarregamento de aparelhos.
Ademais, a vida a bordo do concorrente de BYD Yuan Plus, Volvo XC40 Recharge e companhia rende elogios. A modernidade que se vê por fora também está presente por dentro. É bastante tecnológico, cheio de linhas horizontais e tem soluções simples – sem exageros e sem perder o refinamento. Assim como modelos da Mercedes-Benz, da BMW e até de alguns exemplares que ainda não aterrissaram por aqui, como o Hyundai Ioniq 5, há junção de duas telas – quadro de instrumentos (12,3″) e central multimídia (9″) – em uma mesma peça, que tem antirreflexo. Na Europa, tem um modelo com tela central maior (foto abaixo).
Potência
Ao contrário da gama oferecida no mercado externo, por aqui, o Megane E-Tech tem apenas a opção topo de linha. Nela, a potência é de 220 cv provido de um motor elétrico dianteiro. Com 0 a 100 km/h em 7,4 segundos, pode chegar a 160 km/h de velocidade máxima (limitada eletronicamente). Para alcançar 337 km de autonomia – de acordo com o parâmetro brasileiro PBEV, aferido pelo Inmetro -, conta com bateria (60 kWh de capacidade). A recarga em corrente contínua (DC) de até 130 kW é feita – dos 15% até 80% – em 36 minutos. Em Wallbox de 22 kW, 1h50.
O hatch da Renault que, todavia, já comemorou dois anos no mercado europeu, tem sistema otimizado de frenagem regenerativa. São quatro níveis, no total – de zero a três. Na rota do test-drive, que misturou cidade e estrada, deu para testar essa funcionalidade. Atrás do volante (com regulagens de altura e profundidade) têm pequenas borboletas que são usadas para esse controle. Por exemplo, com nível mais forte de regeneração dá para, praticamente parar sem pisar no freio. Quanto mais atuante, mais pesadão o carro fica. É como se alguém tivesse, o tempo todo, pisando no freio por você.
Ágil e confortável
Ao volante, o bom espaço e as regulagens (manuais) do banco do motorista garantem boa ergonomia. Mesmo com linha de cintura bastante alta, o modelo te deixa em posição elevada. A área envidraçada, apesar de pouco espaçosa não deixa desafios para a visibilidade. Por falar nisso, o retrovisor interno pode ser substituído por imagens de uma câmera (posicionada lá atrás, na tampa do porta-malas).
Já neste primeiro contato, no entanto, deu para notar o bom comportamento do Renault Megane E-Tech. Totalmente ágil e silencioso. O máximo de ruído externo vem do vento (bem de leve) e do contato dos pneus com o solo. Ponto para o isolamento acústico, aliás. Tem, ainda, suspensão na medida certa – mais puxada para o lado do conforto. O conjunto independente nas quatro rodas – McPherson na dianteira e Multilink atrás -, foi tropicalizado pela marca no Brasil – afinal, o solo europeu é outra história.
Grudado no chão
Ainda sobre dirigibilidade, ponto para o controle bem feito em curvas, que não faz a carroceria rolar para lá e para cá. É grudadinho no chão. Até mesmo por causa do centro de gravidade baixo e das baterias posicionadas no assoalho. A direção, no entanto, tem assistência elétrica e torna as manobras totalmente fáceis – e ágeis. Tem, por fim, quatro modos de condução, para mais economia ou mais esportividade, basta apertar uma tecla do lado direito do volante.
Agilidade também graças ao torque, de 30,6 mkgf, que aparece instantaneamente. As arrancadas vigorosas tornam os modelos elétricos ainda mais divertidos de guiar. Afinal, quem não curte sair do pedágio acelerando (até o limite da estrada, claro) ou mesmo ter a certeza de não é preciso ficar atrás daquele motorista lerdo que segue se rastejando à frente – contanto que haja local específico para a possível ultrapassagem!
Bem equipado
De acordo com a Renault, o Megane E-Tech tem diversos equipamentos, que vão desde carregador de smartphone por indução até dispositivos de assistência ao motorista tanto na hora da condução, quanto do estacionamento e, também, para a segurança. Tem, por exemplo, alerta de cintos de segurança desafivelados, sensor de ré e alerta sonoro externo para avisar os pedestres sobre a presença (funciona a até 30 km/h).
Na lista, ainda figuram os alertas de saída de faixa e de pontos cegos, bem como assistente de manutenção de faixa. Tem, ainda, frenagem automática de emergência (inclusive em marcha à ré, de 3 km/h a 10 km/h) e o Occupant Safe Exit. Este, portanto, emite um alerta a fim de evitar que o ocupante abra a porta para sair do carro enquanto uma bike, moto ou veículo se aproxima. Faltou só o teto solar panorâmico e as regulagens elétricas para os bancos dianteiros.
O Megane E-Tech, por fim, está disponível em três cores para a carroceria. São elas: cinza Rafale, cinza Schiste e azul Nocturne. A pintura, aliás, é sempre biton (teto preto Étoilé).
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