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Marcas chinesas que abandonaram o Brasil logo após a chegada
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Mercado

Marcas chinesas que abandonaram o Brasil logo após a chegada

Lifan, Geely, Brilliance e outras marcas chinesas chegaram ao Brasil com planos ousados, mas precisaram voltar atrás por instabilidade do mercado nacional e vendas baixas

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

22 de set, 2023 · 10 minutos de leitura.

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Custo para a implantação de novas operações é elevado e exige plano concreto por parte das montadoras
Crédito:Lifan 320 (SERGIO CASTRO/ESTADÃO)

Há pouco mais de 10 anos, uma verdadeira invasão de marcas chinesas acontecia no Brasil. De olho nos cerca de 3 milhões de veículos que o País vendia por ano naquela época, e nas facilidades que o governo brasileiro proporciona às grandes empresas, algumas montadoras da China começaram a pipocar por aqui. Porém, após um breve período, boa parte dessas companhias abandonou o mercado brasileiro de maneira precoce. Com isso, deixando, inclusive, muitos clientes na mão.



Antes de falar da queda, cabe relembrar a ascensão. Muita gente ainda se lembra do Salão do Automóvel de São Paulo de 2012. Ainda sediado no saudoso Pavilhão do Anhembi (Zona Norte da capital paulista), o evento nunca reuniu tantas marcas chinesas em um mesmo espaço. Algumas, apenas para demonstração. Tantas outras, porém, com intenção de vendas ou instalação definitiva no País. Afinal, tratava-se de uma época de desemprego baixo, e que milhares de brasileiros (diziam as estatísticas) deixavam a linha da pobreza. Conclusão, a demanda por carros no ficou em alta e, consequentemente, tornava o Brasil uma terra atrativa.

A frota apresentada no Salão de SP, à época, tinha de montadoras novas, como Haima e Shuanghuan, por exemplo, passando por Changan (que havia abandonado o nome Chana) e chegando até as tradicionais, como JAC e Chery que, respectivamente, levaram o compacto J2 e a dupla Celer, nas carrocerias hatch e sedã.

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Chery/Divulgação

Aliás, carros chineses na mostra paulista era algo comum desde 2010. Como esquecer o Lifan 320 trajado de joaninha, em 2010? Cafona, engraçadinho, criativo? O fato é que o modelo dividiu opiniões e, atendendo aos objetivos da marca, virou notícia. Muitos o compraram por considerá-lo a cópia chinesa do Mini Cooper.

Declínio

Mas, para começar a falar da derrocada de algumas marcas chinesas, nada como relembrar a própria Lifan. A fabricante teve, é fato, seus dias de glória, com as milhares de unidades vendidas do X60 – que chegou a ser o chinês mais vendido do Brasil, em 2014 -, mas também teve dias de luta. O sedã 620, por exemplo, chegou ao Brasil cheio de pretensão – como querer peitar o Toyota Corolla, por exemplo -, mas caiu no ostracismo e foi deixado de lado pelo público brasileiro.


Lifan X60 (Lifan/Divulgação)

Por fim, embora negasse, a fabricante (que manteve um site ativo até o ano passado), finalmente deixou o País. Suas vendas, à época, sequer tinham registros. Nesse sentido, a marca até se desfilou do quadro de associados da Abeifa, a associação das importadoras. De qualquer forma, em fevereiro de 2021, dando os últimos suspiros, a marca havia emitido nota à imprensa dizendo que suas vendas e seu pós-vendas se mantinham, bem como concessionárias e oficinas. Mas o fim já estava decretado.

É tanto que, até na China, vale lembrar, a marca faliu. Em 2020. Hoje, parte dela foi adquirida pela Geely (dona da Volvo) e vem acontecendo uma espécie de ressureição. Assim, passou a se chamar Livan e aposta em carros 100% elétricos como o RL 9, um SUV que tem baterias substituíveis.


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Livan RL 9 (Reprodução/DigitNews)

Geely

Passado aquele ânimo com as possibilidades do novo mercado, a falta de produtos rentáveis e boa estratégia decretaram a queda de outras chinesas. A Geely, por exemplo, deixou quem comprou seus produtos a ver navios. E o fim das atividades no Brasil (em abril de 2016), claro, impactaram no bolso do consumidor, afinal, o valor de revenda desses carros caiu drasticamente e a manutenção ficou comprometida, por conta do fechamento de concessionárias.

Trazida ao Brasil pelo mesmo representante da Kia (Grupo Gandini), a marca ofereceu localmente o sedã EC7 e o hatch GC2. De acordo com a marca, è época, a culpa era da instabilidade do mercado nacional.


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Geely EC7 chegou em meados da década passada (Geely/Divulgação)

Aliás, diversas fabricantes, como a Brilliance (importada pela CN Auto), a Zotye (que chegou a anunciar planos de construir fábrica no Brasil) e a MG (inglesa Morris Garage, comprada pelo grupo chinês Saic Motors e importada pela Forest Trade ao Brasil) culparam as sucessivas mudanças no mercado brasileiro para justificar suas saídas. Aliás, teve quem colocou a culpa na queda das vendas – por conta de crises em seus países de origem – e até no custo para a implantação de novas operações, como abertura de concessionárias, treinamento de pessoal e estrutura de pós-venda, por exemplo, como principais entraves.

Brasil voltou a atrair chinesas

A instabilidade do mercado brasileiro continua (afinal, o País vem em crise há séculos) e não deve acabar tão cedo. Ainda assim, se para algumas fabricantes a primeira onda não deu certo, outras buscam surfar nessa segunda onda. Desse modo, quebrando preconceitos, os chineses vêm conquistando a confiança do consumidor e, ao mesmo tempo, investindo por aqui. A GWM, mesmo, decidiu chegar com tudo, já comprando fábrica e lançando modelos inéditos no País.


Se outrora as chinesas encantaram a clientela por oferecer carros mais equipados que o habitual, hoje, fisgam o cliente pela tecnologia. Entretanto, um ponto comum tanto no começo da década de 2010 quanto agora, é o preço abaixo da média. O BYD Dolphin, por exemplo, virou um fenômeno ao chegar mais barato que o compacto (e também elétrico) Renault Kwid E-Tech, mesmo com porte semelhante ao Nissan Leaf, que custa o dobro.

Dolphin elétricos
Vagner Aquino/Especial para o Estadão

Talvez essa quebra de barreira se dê pelo maior entendimento do brasileiro. Afinal, “carro chinês” é algo bastante complexo. Ou seja, mesmo marcas que não têm origem na China, também produzem carros por lá. É o caso, por exemplo, do Ford Territory. A marca é norte-americana, mas a produção é chinesa. Nem por isso, a qualidade da fabricante caiu. A Volvo, também, hoje pertence a um grupo chinês. Desse modo, segue a dica, se você é daqueles que ainda têm preconceito com carro chinês, então pode deixar de lado aquele relógio bacana, o brinquedo que você compra para o teu filho e, inclusive, aquele iPhone produzido em Zhengzhou. Afinal, tudo é made in China.


Volvo EX30
EX30 é produzido na China (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Pode haver outras baixas?

Mas a pergunta que não quer calar é: As chinesas que vêm se instalando no Brasil podem, de repente, deixar o País? A resposta é sim! Afinal, se a Ford, com décadas de Brasil, o fez, por que com as novatas chinesas precisaria ser diferente? Em síntese, o que conta não é o país de origem, mas a estratégia de cada fabricante e, sobretudo, os lucros. Dá dinheiro? Fica! Não dá? Pé na estrada!

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Comportamento dos passageiros pode afetar a segurança da viagem

Dez recomendações para que os ocupantes do veículo não tirem a concentração do motorista durante o percurso

13 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os passageiros têm um papel preponderante na segurança de um carro em movimento. O comportamento dentro do automóvel pode aumentar ou diminuir o risco de ocorrência de um acidente de trânsito

“Por motivos diversos, o motorista compromete a segurança ao volante do carro ao perder a capacidade de detectar obstáculos e não acionar os freios, por exemplo”, afirma Cleber William Gomes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI).

“O tempo de reação é precioso para prevenir acidentes. Quando o motorista divide a atenção interagindo com outras pessoas a bordo, a incapacidade de identificar o perigo aumenta.”

Embora o ser humano acredite na capacidade de fazer várias tarefas ao mesmo tempo, a direção pode ser impactada por condições adversas, que atrapalham a visão, a concentração e a atenção de motorista e passageiros.

“Os passageiros devem ter consciência de que sua presença, de alguma forma, afeta o comportamento do motorista. Eles ajudam a criar o clima da viagem e tanto podem ser tranquilos e prestativos como gerar algum tipo de estresse”, diz Gomes.

Por isso, veja dez recomendações importantes para o passageiro manter intacta a segurança da viagem:

  1. Adote uma postura ativa, ajudando na localização do caminho, atendendo o telefone e avisando sobre eventuais riscos.
  2. Não distraia o motorista, falando alto demais, mudando constantemente a música e comentando o modo como ele dirige.
  3. Mantenha-se alerta. Passageiros que dormem durante a viagem aumentam a probabilidade de o motorista também pegar no sono. 
  4. Não esqueça de usar o cinto de segurança e exija isso dos demais ocupantes do veículo. As crianças devem se acomodar em cadeirinhas ou assentos adequados à idade.
  5. O passageiro tem o direito de reclamar com o motorista se ele estiver dirigindo com imprudência, mas isso deve ser feito tranquilamente, para não gerar estresse.
  6. Evite situações que tirem a atenção do condutor. Se alguém passar mal ou se as crianças estiverem agitadas, sugira fazer uma pausa na viagem a fim de acalmar a situação. 
  7. Adie a viagem se estiver irritado, nervoso, inseguro ou sob efeitos de drogas ou álcool. 
  8. Jamais coloque parte do corpo para fora do veículo, seja nas janelas ou no teto solar.
  9. Antes de abrir a porta para sair do carro, certifique-se de que não existem riscos para você e os pedestres da via.
  10. Embarque e desembarque sempre pela porta ao lado da calçada.