As fortes chuvas no Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição. Desde o fim de abril, mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas, e essa catástrofe sem precedentes no Estado não tem previsão de acabar. De acordo com dados divulgados pela Defesa Civil, já são 95 óbitos e mais de 130 desaparecidos. Além disso, muita gente teve prejuízos materiais. As enchentes, inclusive, deixaram milhares de carros submersos. E, nestes casos, muita gente se pergunta: “O que fazer?”, “O seguro cobre?”, “Como proceder?”.
Para responder essas e outras dúvidas, o Jornal do Carro conversou com algumas seguradoras. O principal ponto é entender que, para que o seguro cubra o dano, o segurado não deve enfrentar a área alagada. Afinal, se ficar comprovado que o acidente foi causado propositadamente, a empresa vai negar o pagamento da indenização.
Depende do tipo de cobertura
De acordo com Bruno Saraiva, head de seguros da iHUB Investimentos, nem todos os seguros automotivos cobrem danos causados por chuvas e enchentes, apenas o chamado Seguro Compreensivo oferece esse tipo de cobertura. “A primeira coisa que deve ser feita é analisar o contrato do seguro para entender as coberturas existentes contratadas”.
Para quem não sabe, há quatro tipos de seguros automotivos disponíveis no mercado. São eles:
- 1 – Seguro de Acidentes Pessoais e Passageiros: protege condutores e passageiros em casos de acidentes, oferecendo cobertura para despesas médicas, invalidez ou morte;
- 2 – Seguro Auto: garante proteção ao veículo em situações como roubo, colisão, danos por amassados, arranhões e incêndios;
- 3 – Seguro contra Terceiros: indeniza prejuízos causados a outras pessoas e veículos pelo condutor segurado em caso de acidente;
- 4 – Seguro Compreensivo: abrange ampla gama de situações, incluindo proteções contra desastres naturais, como enchentes, alagamentos e quedas de árvores, além dos benefícios oferecidos pelos outros tipos de seguro auto.
“Importante mencionar também que a cobertura precisa ser acionada em até um ano após a ocorrência do incidente”, alerta Saraiva. Desse modo, ao receber notificação de sinistro, a seguradora realizará perícia para avaliar as circunstâncias do sinistro.
Já tem empresa com plano especial para o RS
Luiz Padial, diretor de Seguro Auto e Massificados da Mapfre, afirma que a empresa implementou um plano de ação para garantir atendimento prioritário aos segurados afetados pelos fortes temporais no Rio Grande do Sul. “A companhia organizou uma estratégia integrada para lidar com o aumento no volume de aberturas de sinistros e acionamento de assistências”.
Antes, porém, a prioridade da Mapfre, neste momento, é auxiliar as autoridades no resgate e no abrigo das pessoas atingidas, para posteriormente dar início ao processo de indenização das apólices contratadas. A empresa enfatiza que, entre as medidas adotadas, estão o atendimento prioritário aos clientes atingidos, com a agilidade no processo de regulação de sinistro por meio de fotos e imagens, reforço da equipe de prestadores na região e canais de comunicação dedicados para suporte aos segurados.
A Mapfre prorrogou, gratuitamente, por dez dias todos os contratos de seguros com vencimentos entre os dias 1º e 10 de maio. A ação abrange todos os clientes do Rio Grande do Sul e se aplica tanto à vigência das apólices quanto ao vencimento dos boletos e pagamentos. “Também flexibilizamos algumas regras de reembolso com pagamento integral de acordo com a nota fiscal emitida, proporcionando uma solução rápida para as necessidades dos nossos segurados”, alerta Padial.
Ademais, a empresa garante que o cliente terá direito a uma indenização em virtude dos prejuízos causados em veículos submersos (parcial ou total) em casos de enchentes ou inundações em água doce, inclusive aqueles guardados em subsolos.
Só até o meio da roda
Ao se deparar com um alagamento, a recomendação é escapar para uma área segura. Caso não seja possível, o ideal é tentar atravessar apenas se a água não ultrapassar a metade da roda. Neste caso, a dica é manter a primeira marcha e seguir em velocidade baixa (e constante) para não formar ondas. Não mude de marcha e não dê a partida novamente se o carro morrer. Desse modo, o motor aspira água e, além da integridade dos ocupantes, o prejuízo financeiro pode ser alto.
Caso o câmbio do carro em questão seja automático, mantenha a alavanca na posição “1” ou “L”. Para modelos que têm apenas a posição “D”, deve-se alterná-la manualmente com a “N”, de modo a manter a rotação do motor acima das 2.000 rpm.
Às vezes, a higienização resolve
Se a água invadir apenas a parte do assoalho do carro, dá para optar pelo serviço de higienização – serviço incluso em algumas coberturas básicas, dependendo da companhia. Mesmo assim, será preciso desmontar o interior do automóvel, retirando partes como console e carpetes para secagem individual. Serviço disponível em oficinas especializadas. Entretanto, nos casos em que a água alcança o painel, todo o cuidado é necessário para secar os módulos eletrônicos. Quanto mais sofisticado for o modelo, mais caro será o serviço.
Siga o Jornal do Carro no Instagram!