Picapes são — ou foram — historicamente associadas ao trabalho. Nessa primeira avaliação dinâmica da recém–lançada BYD Shark fica evidente que, no ambiente urbano, o utilitário deve cumprir seu papel de oferecer conforto e direção agradável em ruas e avenidas da cidade. Foi esse o cenário da primeira volta com a caminhonete chinesa. Sim, apenas uma volta de dez minutos.
Na véspera, foi possível constatar o amplo espaço interno. É boa a posição de dirigir sobre o grande banco, com ajustes elétricos. O volante é ajustável em altura e profundidade. Os mostradores ficam na tela de LCD com 10,25 polegadas, enquanto no centro do painel a tela giratória de 10,8″ concentra as funções multimídia. Motorista conta ainda com Head-Up display.
A visibilidade dos instrumentos não tem restrição. Já comandos para funções como Start-Stop e pisca-alerta formam um conjunto bonito, mas um tanto recuado, atrás das superfícies para recarga de celular e da alavanca de câmbio. O motorista precisa desviar os olhos do caminho para acionar a tecla certa.
BYD Shark é híbrida e conectada com 5G
Em compensação, a Shark vem com Wi-Fi 5G integrado e assistente virtual. Pode-se acionar com um “Hi BYD”, e pedir, por exemplo, para abrir e fechar vidros, ligações por celular, acionar navegação, ar-condicionado e ventilação, entre outras funções.
O Interior tem acabamento de boa qualidade, com uso de couro sintético e de materiais emborrachados no painel. O espaço no banco traseiro é bom e acomoda até três adultos com relativo conforto. Há duas saídas de ar-condicionado e duas tomadas USB, dos tipos A e C.
Só um aperitivo
A avaliação dinâmica da Shark se limitou a um curto tempo de contato com o utilitário. Na primeira etapa da avaliação, a BYD ofereceu algumas experiências, em que os jornalistas foram de carona. Stephie Schinke, piloto de provas, fez um slalon convincente, seguido de uma aceleração de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos e uma frenagem forte.
Já Jorge Colin cumpriu um circuito simulando off-road com forte inclinação lateral e subida de rampa. No mesmo trajeto que toma pouco mais de 3 minutos, o piloto já havia rodado mais de 50 km.
Na manhã seguinte, pude sentir as respostas enérgicas do conjunto propulsor sentado ao volante. A Shark roda silenciosa, e a combinação de uma direção elétrica muito leve com a estabilidade muito boa resultam num rodar agradável. É o efeito do bom conjunto de suspensão, independente com braços triangulares sobrepostos na dianteira e na traseira.
Da mesma forma, quando solicitados com mais firmeza, os freios a discos ventilados nas quatro rodas respondem com eficiência, e o utilitário é imobilizado sem tendências. Mas vale registrar que essa rápida prova foi feita com o veículo sem carga.
Picape da BYD é tecnológica
A visibilidade é boa em todas as direções e o motorista ainda conta com o apoio do sensor de ponto cego nos retrovisores. Ainda para não ter de tirar os olhos da pista há o Head-Up display. E a fim de facilitar a vida de quem tem de circular com um utilitário desse porte, ou mesmo estacioná-lo numa vaga, a Shark vem equipada com um conjunto de câmeras que dá uma visão panorâmica de 540°. Assim, o recurso combina a visão de 360° ao redor do veículo com a perspectiva de 180° da parte inferior do chassi.
A BYD informa que a distância mínima do solo com carga total é de 21 centímetros. O ângulo de ataque é de 31 graus, de saída, 19,3 graus, e a capacidade máxima de rampa, 30 graus.
A picape conta com air bags frontais e laterais para os ocupantes da frente, bem como com cortinas infláveis em toda lateral. Pela categoria do utilitário, faltou o air bag para os joelhos do motorista. Mas, por outro lado, 54% da carroceria da Shark é feita com aços de alta resistência, conforme Oscar Hernandez, líder de produto da BYD México. Além disso, a bateria Blade da BYD “pode sofrer perfuração sem risco de explosão”.
Shark promete boa capacidade off-road
A montadora exibiu um vídeo em que uma Shark cruza um trecho alagado até a altura do capô. Segundo a BYD, isso é possível pelo que chama de “corpo hermético”, que permite à carroceria ficar submersa até o começo do capô, garantindo segurança em alagamentos inesperados. A travessia do trecho exigiu os diferenciais blocados.
Modo 100% elétrico alcança 100 km
Em condições normais, a BYD afirma que a autonomia da Shark no modo 100% elétrico é de 100 km, enquanto a rodagem combinada pode chegar aos 840 km. Interessante que o utilitário pode alternar de consumidor a fornecedor de energia. O sistema VTOL (vehicle-to-load), permite que a Shark seja usada como fonte de energia para, por exemplo, iluminar um acampamento. Ou, então, fazer funcionar diferentes aparelhos.
Stella Li, vice-presidente executiva e CEO para as Américas da BYD, afirmou que a Shark chega ao mercado brasileiro no terceiro trimestre deste ano.
*O jornalista viajou a convite da BYD do Brasil.
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