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As principais polêmicas da indústria mundial
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As principais polêmicas da indústria mundial

Antes da VW, marcas como Ford, Toyota e GM já estiveram envolvidas em escândalos sobre seus produtos

26 de set, 2015 · 10 minutos de leitura.

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 As principais polêmicas da indústria mundial
Defeito em air bags da Takata afetou carros de diversas montadoras

Uma das notíciais com maior repercussão mundial nesta semana foi a fraude da Volkswagen aos testes de emissões de poluentes. Inicialmente, o caso estava restrito aos Estados Unidos. No entanto, na quinta-feira (23), a empresa informou que havia cometido a fraude também na Europa.

Durante as avaliações, um software alterava os resultados para que os carros, todos com motor a diesel, acusasse nível de emissão menor que a realidade. Com o sistema, os veículos, que não atendem às normas de emissões na Europa e nos EUA, conseguiram passar nos testes.

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O caso já é um dos maiores escândalos da história da indústria automobilística, principalmente por seu caráter premeditado. Porém, antes dele, houve algumas histórias muito graves, cheias de intrigas, negativas de empresas envolvidas e processos.

Além disso, muitos desses casos resultaram acidentes com ferimentos graves aos envolvidos e vítimas fatais. Veja, abaixo, a lista dos maiores escândalos da indústria automobilística.

1 – Incêndio em modelo da Ford


Nos anos 70, começaram a surgir nos Estados Unidos relatos sobre incêndios no Ford Pinto após colisão traseira. O motivo era que o tanque de combustível ficava na extremidade do carro, atrás do eixo de trás. Em batidas fortes, o vazamento ocorria com facilidade; em alguns casos, o tanque estourava.

Posteriormente, foi revelada por revistas e jornais dos EUA que a Ford tinha conhecimento do problema, mas optou por não corrigí-lo. A revista “Mother Jones” chegou a publicar um memorando que circulou na montadora, explicando que a troca da peça que resolveria o problema custaria US$ 11 por carro. O custo total do recall, porém, ficaria maior que o do pagamento das indenizações de vítimas que as reclamavam.

Revelou-se, então, o maior escândalo automotivo registrado até então. Em 1978, a Ford foi obrigada a fazer recall de 1,4 milhões de exemplares do Pinto, além de pagar indenizações a todas as vítimas.


2 – Pneus da Firestone explodem em velocidade alta

Em 2000, o NHTSA, órgão responsável pela segurança no trânsito nos EUA, notificou a Ford e a Firestone por causa de diversos casos envolvendo explosão de pneus em alta velocidade em utilitários da montadora americana (o Explorer e seus derivados de outras marcas do grupo).

Teve início, então, uma briga entre Ford e Firestone sobre a responsabilidade do problema. A fabricante de pneus defendia que a montadora indicava no manual uma pressão abaixo do indicado, o que causava temperaturas mais altas do que o suportável e, consequentemente, as explosões.


Porém, a Ford provou que esta não era a razão do problema, pois ele não ocorria, nos mesmos modelos, quando eles utilizavam pneus de outras marcas. A Firestone, portanto, foi responsabilizada pelas 304 mortes em 235 acidentes relacionados à falha. Teve de pagar indenizações e substituir cerca de 13 milhões de pneus.

3 – Toyota e a aceleração involuntária

Entre 2009 e 2010, a Toyota convocou 8 milhões de carros, incluindo os de sua controlada Lexus, às oficinas por causa de um problema que provocava aceleração involuntária.


Antes de fazer a convocação, a empresa negou a existência de falhas nos aceleradores dos veículos. Posteriormente, ficou provado que a falha era causada pelo tapete, que poder se prende ao pedal do acelerador.

O recall ecoou no Brasil. Mesmo negando a existência de defeito, a Toyota convocou o Corolla produzido em Indaiatuba (SP) às oficinas para troca do tapete.

O resultado foi um grande prejuízo à montadora, bem como uma “mancha” em sua imagem, principalmente nos EUA. Em abril de 2010, a Toyota concordou em pagar US$ 16,5 bilhões (quase R$ 50 bilhões) ao NHTSA, o departamento de segurança viária americano, por não ter notificado as autoridades sobre o risco de falhas na aceleração. O órgão é responsável por investigar casos de acidentes que indicam problemas passíveis de recall.


Em 2014, após quatro anos de investigação nos EUA, a montadora foi condenada à multa de US$ 1,2 bilhão por ter “iludido o consumidor americano”. De acordo com o parecer da justiça americana, a Toyota deu declarações falsas sobre o defeito e omitiu informações a seus clientes.

4 – GM e a falha na ignição

Um problema no sistema de ignição de 2,6 milhões de veículos de todas as marcas da General Motors pode ter causado mais de 450 mortes nos Estados Unidos. O defeito pode provocar desligamento involuntário e repentino do motor do veículo, afetando também o funcionamento de diversos sistemas de segurança, como os air bags.


Os modelos envolvidos foram produzidos nos últimos dez anos e as acusações de investigações já são antigas. No entanto, somente no início de 2014, quando Mary Barra assumiu a presidência da GM, a empresa assumiu a responsabilidade pelo problema.

Desde então, mais de 30 mil veículos já foram chamados às oficinas para substituição de peças defeituosas – embora a estimativa seja de que apenas 2,6 milhões tenham o problema. Além disso, a GM formou um fundo de compensação para indenizar as famílias de mortos e os feridos em acidentes causados pela falha na ignição. Até agora, a montadora reconheceu cerca de 100 mortes.

4 – Air bags com fragmentos metálicos


A fabricante japonesa Takata é responsável pelo maior recall de todos os tempos, envolvendo cerca de 53 milhões de veículos de diversas marcas, em todo o mundo. O motivo? O item de segurança, ao explodir, estouro fragmentos metálicos, que acabam virando projéteis.

Pelo menos 170 pessoas foram feridas por causa dessa falha. Duas morreram.

A Takata sabia deste problema desde 2002, mas só o está corrigindo agora, após diversas denúncias sobre acidentes com vítimas.


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Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”