Uma das notíciais com maior repercussão mundial nesta semana foi a fraude da Volkswagen aos testes de emissões de poluentes. Inicialmente, o caso estava restrito aos Estados Unidos. No entanto, na quinta-feira (23), a empresa informou que havia cometido a fraude também na Europa.
Durante as avaliações, um software alterava os resultados para que os carros, todos com motor a diesel, acusasse nível de emissão menor que a realidade. Com o sistema, os veículos, que não atendem às normas de emissões na Europa e nos EUA, conseguiram passar nos testes.
O caso já é um dos maiores escândalos da história da indústria automobilística, principalmente por seu caráter premeditado. Porém, antes dele, houve algumas histórias muito graves, cheias de intrigas, negativas de empresas envolvidas e processos.
Além disso, muitos desses casos resultaram acidentes com ferimentos graves aos envolvidos e vítimas fatais. Veja, abaixo, a lista dos maiores escândalos da indústria automobilística.
1 – Incêndio em modelo da Ford
Nos anos 70, começaram a surgir nos Estados Unidos relatos sobre incêndios no Ford Pinto após colisão traseira. O motivo era que o tanque de combustível ficava na extremidade do carro, atrás do eixo de trás. Em batidas fortes, o vazamento ocorria com facilidade; em alguns casos, o tanque estourava.
Posteriormente, foi revelada por revistas e jornais dos EUA que a Ford tinha conhecimento do problema, mas optou por não corrigí-lo. A revista “Mother Jones” chegou a publicar um memorando que circulou na montadora, explicando que a troca da peça que resolveria o problema custaria US$ 11 por carro. O custo total do recall, porém, ficaria maior que o do pagamento das indenizações de vítimas que as reclamavam.
Revelou-se, então, o maior escândalo automotivo registrado até então. Em 1978, a Ford foi obrigada a fazer recall de 1,4 milhões de exemplares do Pinto, além de pagar indenizações a todas as vítimas.
2 – Pneus da Firestone explodem em velocidade alta
Em 2000, o NHTSA, órgão responsável pela segurança no trânsito nos EUA, notificou a Ford e a Firestone por causa de diversos casos envolvendo explosão de pneus em alta velocidade em utilitários da montadora americana (o Explorer e seus derivados de outras marcas do grupo).
Teve início, então, uma briga entre Ford e Firestone sobre a responsabilidade do problema. A fabricante de pneus defendia que a montadora indicava no manual uma pressão abaixo do indicado, o que causava temperaturas mais altas do que o suportável e, consequentemente, as explosões.
Porém, a Ford provou que esta não era a razão do problema, pois ele não ocorria, nos mesmos modelos, quando eles utilizavam pneus de outras marcas. A Firestone, portanto, foi responsabilizada pelas 304 mortes em 235 acidentes relacionados à falha. Teve de pagar indenizações e substituir cerca de 13 milhões de pneus.
3 – Toyota e a aceleração involuntária
Entre 2009 e 2010, a Toyota convocou 8 milhões de carros, incluindo os de sua controlada Lexus, às oficinas por causa de um problema que provocava aceleração involuntária.
Antes de fazer a convocação, a empresa negou a existência de falhas nos aceleradores dos veículos. Posteriormente, ficou provado que a falha era causada pelo tapete, que poder se prende ao pedal do acelerador.
O recall ecoou no Brasil. Mesmo negando a existência de defeito, a Toyota convocou o Corolla produzido em Indaiatuba (SP) às oficinas para troca do tapete.
O resultado foi um grande prejuízo à montadora, bem como uma “mancha” em sua imagem, principalmente nos EUA. Em abril de 2010, a Toyota concordou em pagar US$ 16,5 bilhões (quase R$ 50 bilhões) ao NHTSA, o departamento de segurança viária americano, por não ter notificado as autoridades sobre o risco de falhas na aceleração. O órgão é responsável por investigar casos de acidentes que indicam problemas passíveis de recall.
Em 2014, após quatro anos de investigação nos EUA, a montadora foi condenada à multa de US$ 1,2 bilhão por ter “iludido o consumidor americano”. De acordo com o parecer da justiça americana, a Toyota deu declarações falsas sobre o defeito e omitiu informações a seus clientes.
4 – GM e a falha na ignição
Um problema no sistema de ignição de 2,6 milhões de veículos de todas as marcas da General Motors pode ter causado mais de 450 mortes nos Estados Unidos. O defeito pode provocar desligamento involuntário e repentino do motor do veículo, afetando também o funcionamento de diversos sistemas de segurança, como os air bags.
Os modelos envolvidos foram produzidos nos últimos dez anos e as acusações de investigações já são antigas. No entanto, somente no início de 2014, quando Mary Barra assumiu a presidência da GM, a empresa assumiu a responsabilidade pelo problema.
Desde então, mais de 30 mil veículos já foram chamados às oficinas para substituição de peças defeituosas – embora a estimativa seja de que apenas 2,6 milhões tenham o problema. Além disso, a GM formou um fundo de compensação para indenizar as famílias de mortos e os feridos em acidentes causados pela falha na ignição. Até agora, a montadora reconheceu cerca de 100 mortes.
4 – Air bags com fragmentos metálicos
A fabricante japonesa Takata é responsável pelo maior recall de todos os tempos, envolvendo cerca de 53 milhões de veículos de diversas marcas, em todo o mundo. O motivo? O item de segurança, ao explodir, estouro fragmentos metálicos, que acabam virando projéteis.
Pelo menos 170 pessoas foram feridas por causa dessa falha. Duas morreram.
A Takata sabia deste problema desde 2002, mas só o está corrigindo agora, após diversas denúncias sobre acidentes com vítimas.