Blog do Boris

Elétrico é o futuro, mas não é para já…

Ao contrário do elétrico, o motor a combustão joga no lixo mais da metade da energia fornecida pelo combustível no tanque

Boris Feldman

23 de out, 2017 · 6 minutos de leitura.

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Elétrico é ruim?
Crédito: Só para as oficinas, pois a manutenção será menor

Ninguém duvida de que o carro do futuro é o elétrico. Mas, nada imediato, pois há vários problemas operacionais complexos a serem resolvidos antes que se dê o tiro de misericórida no motor a combustão.

Já existem dezenas de modelos elétricos sendo produzidos em razoável escala. O porta-bandeiras da tecnologia é Elon Musk, que criou a Tesla, na California (EUA), fábrica dedicada exclusivamente aos carros a bateria. Mas que ninguém se iluda: apesar de todo o badalo e valor de suas ações, ela ainda é deficitária, seus modelos são mais caros que os convencionais e só agora ela inicia a produção de um modelo de preço mais razoável (US$ 35 mil), que o torna mais acessível e que poderá ser produzido em larga escala. Entretanto, não se deve esquecer de que os preços dos Tesla não são reais: ao atingir um volume de 200 mil unidades anuais, ele perde o subsídio do governo e encarece U$ 8 mil. Uma solução intermediária é o híbrido, tracionado por dois motores, a combustão e elétrico, como o Toyota Prius. Inconveniente: só é viável se subsidiado pelo governo para compensar o custo extra dos dois motores.

Se o prezado se entusiasmou com a nova tecnologia e decidiu comprar um elétrico, bom saber que, se é caro no mundo inteiro, no Brasil é mais ainda pois é importado e paga uma barbaridade de impostos. O mais barato é o BMW i3, por cerca de R$ 170 mil. Se o prezado mora em casa, não há dificuldade para recarregá-lo a noite: basta ligá-lo à tomada da garagem. Apartamento? Resolve-se, mas já surgem as primeiras dificuldades. Sem contar as centenas de milhares de carros, até em países do Velho Mundo, que dormem na rua pois mesmo antigos e elegantes prédios não contam com vagas para todos os moradores.

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É vantajoso o elétrico? A energia para “abastecê-lo” certamente custará menos que qualquer combustível líquido. Além de ser muitas vezes mais eficiente que o motor a combustão. Numa conta “de padeiro”, menos da metade da energia de um combustível líquido (ou gasoso) é utilizada para tracionar o carro, ao contrário do elétrico. Em compensação, sua bateria tem duração limitada (cerca de oito a 10 anos) e custo monumental: quase metade do valor do automóvel.

É mais limpo? Sim: emissão zero. Entretanto, a geração de energia elétrica pode poluir. Se vier de um gerador diesel. Ou, na China, a partir de usinas de carvão. Único argumento favorável é de que a poluição é desviada dos centros urbanos para o campo. Boa alternativa é o carro elétrico com célula a combustivel (fuel-cell), que não precisa de bateria, pois a eletricidade é gerada no próprio veículo obtida numa reação química do hidrogênio. Ponto para o Brasil, onde o carro poderia ser abastecido com etanol e, dele, se extrair o hidrogênio necessário para alimentar a célula. Num país que tem etanol nos postos, seria “sopa no mel”. Mas, por enquanto, só existem protótipos circulando, pois o custo de obtenção do hidrogênio ainda é muito elevado.

Outra vantagem do carro elétrico é oferecer muito mais espaço interno, pois os motores são de tamanho reduzido e as baterias posicionadas sob o assoalho. E, finalmente, o custo de manutenção é muitas vezes inferior ao do carro com motor a combustão. Primeiro, porque o motor elétrico só tem uma peça móvel (eixo com rotor), de desgaste mínimo. E dois rolamentos. Não desregula, não queima óleo e nem ferve água. Segundo, porque dispensa a caixa de marchas: tem torque máximo em qualquer rotação.


Em compensação, concessionárias e oficinas irão detestar, pois motor elétrico não tem bico injetor, vela, válvula, pistão, biela, bronzina, bomba de água, radiador, escapamento, catalisador…

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”