Blog do Boris

Acidentes só acontecem com os outros…

Airbag é obrigatório; mas ninguém sabe que distância manter do volante e já morreu motorista dirigindo muito próximo dele quando a bolsa inflou

Boris Feldman

18 de dez, 2017 · 6 minutos de leitura.

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Crédito: Onix vem ampliando vendas mesmo após zerar em teste de impacto lateral (Foto: Chevrolet)

A concessionária da rodovia BR116, que liga São Paulo a Curitiba, divulgou estatísticas de pesquisas realizadas no trecho. Elas revelam que o motorista definitivamente não se preocupa com segurança, pois ainda flagrou 1% dos condutores sem o cinto de segurança. No banco traseiro a surpresa é menor, mas 48% das pessoas que vão atrás acha desnecessário utilizá-lo.

Lady Di devia pensar o mesmo até morrer no banco traseiro da Mercedes que se esborrachou contra o pilar de um túnel em Paris. E também o dramaturgo Dias Gomes, que faleceu ao ser cuspido (também sentado atrás) num acidente de táxi em São Paulo. Pessoas, no entanto, ainda dizem que “não precisam [do cinto de segurança], pois estão protegidos pelo encosto do banco dianteiro”, ou pensam que “acidente só acontece com os outros”.

A indiferença do brasileiro pela segurança veicular se manifesta também ao adquirir peças de reposição que podem colocá-lo em risco. Bom exemplo é o fluido de freio, ainda encontrado barato em postos e casas de peças, fabricado em legítimo “fundo de quintal”, sem respeito a nenhuma especificação técnica. E, numa freada de emergência, ele ferve e perde eficiência. Este, aliás, é um dos raros produtos que o Inmetro se dignou a estabelecer parâmetros para ser produzido. A rigor, o órgão certificou apenas 16 entre os milhares de componentes de um carro. E, às vezes, certifica mal: pneu remoldado entre eles. Além disso, pouco resolve a exigência do Inmetro: não existem fiscais suficientes para verificar o selo de certificação no comércio.

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A prestação de serviços também pode comprometer a segurança. Bom exemplo é a recuperação das rodas de liga leve. Se submetidas a pequenas raspadas laterais ou estragos de pequena monta, é perfeitamente possível o reparo. Porém, quando se quebram e exigem solda de partes rompidas, é grande a possibilidade de fissuras internas que só se detectam com aparelhos sofisticados de ultrassom. Que custam dezenas de milhares de dólares e não existem nas oficinas, apenas nas fábricas de rodas. Apesar disso, algumas seguradoras não autorizam sua substituição e indicam seu reparo, por motivos óbvios.

O prezado leitor tem carro com airbag? Sabe qual a distância mínima o motorista deve manter do volante? E o passageiro, em relação ao painel? Ninguém sabe, pois os lobistas apenas fizeram aprovar a lei que o tornou obrigatório. Nem governo nem fabricantes se preocuparam em divulgar como funciona. E já morreu motorista dirigindo próximo demais do volante quando a bolsa inflou. Bom destacar: condutor tem que manter 25 cm de distância com relação ao volante. Passageiro, 40 cm do painel.

Aliás, por falar nisso, outra estatística inacreditável acaba de ser divulgada: no Brasil, apenas 16% dos carros convocados para o recall dos airbags produzidos pela Takata foram levados às concessionárias. Isto significa que milhões de brasileiros estão correndo o risco de se ferir ou morrer não por causa do acidente, mas pelos estilhaços de aço dos airbags arremetidos a quase 300 km por hora…


Leia também: 84% dos carros convocados para o recall dos airbags da Takata não foram reparados

O prezado a-do-ra dirigir o carro com o filho no colo? Não deveria, pois é grande o risco – mesmo em baixas velocidades – de o próprio pai esmagar a criança contra o volante no caso de um impacto frontal. Outra irresponsabilidade paterna é deixar as crianças no porta-malas do hatch, perua ou SUV: no caso de um impacto traseiro, aquela parte da carroceria foi propositalmente projetada com menor resistência, para se deformar.

Finalmente, outra estatística espantosa: dois modelos compactos brasileiros foram recentemente submetidos (pelo Latin NCAP) ao teste de impacto lateral: Chevrolet Onix e Ford Ka. Ambos tomaram bomba e contemplados com zero estrela na proteção ao adulto, por falta de resistência lateral da carroceria. As consequências no mercado? Os dois deram um salto nas vendas logo depois de anunciado que tomaram bomba nos testes…


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Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.