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F-150 Raptor é um esportivo com caçamba
Avaliação

F-150 Raptor é um esportivo com caçamba

Aceleramos a Ford F-150 Raptor, versão radical do veículo mais vendido nos EUA. Com seu V6 biturbo de 450 cv, a picape faz muito carro comer poeira

Hairton Ponciano Voz

26 de dez, 2018 · 9 minutos de leitura.

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raptor
Raptor tem suspensão com curso longo para superar obstáculos
Crédito:Foto: Ford/Divulgação
raptor

O sobrenome é Raptor. O motor 3.5 V6 biturbo rende 450 cv, o câmbio automático tem dez marchas, os bancos são da Recaro e a carroceria é feita de alumínio. Essa breve descrição caberia bem a um carro esportivo. E é. A diferença é que não estamos falando de um hatch ou cupê, mas de uma picape.

Estamos falando da F-150 Raptor, modelo que foi um dos destaques da Ford no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. E, se a picape chamou atenção parada no estande, andando impressiona muito mais.

Soltamos toda a cavalaria da picape na pista de testes da Ford em Tatuí, no interior de São Paulo. Em vez de pavimentação nivelada e sem buracos – ambiente típico dos esportivos convencionais -, fomos para a terra, hábitat da Raptor.

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Preço proibitivo

F-150 Velociraptor 600Ao pressionar o acelerador, o motor ronca com saúde e a enorme picape, de 5,89 metros e 2.584 quilos, dispara como se fosse um Mustang. Antes de continuar, e já que o “muscle car” invadiu o texto, vamos a alguns esclarecimentos – e a um balde de água fria.

A Ford garante que não pretende vender a Raptor no Brasil. A razão é que ela é cara até nos Estados Unidos – é feita em Dearborn, Michigan.


Lá a picape custa US$ 54.350. Isso representa 27,6% a mais que os US$ 39.355 do Mustang GT Premium, versão vendida no Brasil. Como aqui o cupê é tabelado a R$ 315.900, dá para supor que, se fosse vendida no País, a Raptor não sairia por menos de R$ 400 mil.

No Brasil, a única formas de ter uma Raptor é comprando de uma importadora independente. A da foto acima, batizada de A F-150 Velociraptor, teve o motor retrabalhado para gerar 600 cv.

Feito pela preparadora Hennessey, a picape é importada pela DPR Trading. O preço é de cerca de R$ 800 mil (varia conforme a cotação do dólar).


 

Sacode a poeira

O jeito, então, foi aproveitar o dia para levantar poeira. A Raptor correu sobre cascalho e terra como se estivesse no asfalto. Para ir de 0 a 100 km/h bastam 5 segundos, informa a Ford.

Com a tração 4×4 acionada, a picape mostrou-se dócil nas curvas, apesar de tanta potência e torque (são 70 mkgf). Mas a F-150 também sabe dançar.


Para explorar a ginga da Raptor sobre piso de baixo atrito, basta desligar a tração integral e o controle de estabilidade. Com tanta força enviada ao eixo traseiro, o resultado é o que se vê na foto do topo desta página: a traseira fica arisca e pronta para sair derrapando a qualquer provocação do motorista.

“Quando dá preguiça de virar o volante, é só acelerar”, brinca o engenheiro e piloto de testes da Ford Luis Gozzani. Ele se refere a uma manobra comum sobre piso de baixa aderência, como terra.


Basta virar o volante de leve e acelerar que a traseira desgarra e a frente aponta para onde o motorista quer. Feito isso é só corrigir a direção (com assistência elétrica) para controlar a derrapagem.

Ford F-150 Raptor 2018

Picape bem calçada

Os pneus 315/70 R17 agarram bem ao solo. A suspensão, desenvolvida em parceria com a especialista Fox absorve solavancos de forma surpreendente.


Enquanto a Raptor ia saltando sobre os obstáculos, foi possível conversar normalmente dentro da cabine. Era como se nada estivesse acontecendo.

O câmbio automático de dez velocidades faz passagens suaves e há borboletas no volante para trocas manuais. Assim, o motorista pode subir ou descer as marchas como em um autêntico esportivo.

Na linha 2019, entre as novidades há amortecedores magnéticos, para melhorar ainda mais a estabilidade. A unidade avaliada era modelo 2018.


Raptor é a rebelde da família F-150

A Ford F-150 é o veículo mais vendido dos EUA, e tem uma ampla gama de versões. As mais baratas são as opções destinadas ao trabalho, como a XL, que custa pouco mais de US$ 28 mil (cerca de R$ 107 mil na conversão direta).

A mais luxuosa é Limited, cujo preço sugerido ultrapassa os US$ 67 mil (algo como R$ 257 mil). Entre elas aparece a Raptor, a, digamos, irmã rebelde da família.

Além da capacidade de correr e saltar, a F-150 Raptor atrai pelo interior esportivo. A picape acolhe com conforto até cinco ocupantes.


Os bancos de couro são envolventes. Os largos apoios laterais são muito úteis em um carro de reações temperamentais. Os ajustes são elétricos e há aquecimento e ventilação.

Outra alusão a modelos esportivos é a faixa vermelha na parte superior do volante. O sinal serve para orientar sobre a posição central (rodas retas).

Ford F-150 Raptor 2018


Controles ficam à mão

Embora a F-150 seja enorme, os comandos estão todos à mão do condutor. Além disso, todas as informações são bastante claras.

O acabamento inclui apliques que imitam fibra de carbono na alavanca de câmbio, painel e revestimento de portas. Entre os mimos estão câmeras para facilitar as manobras e central multimídia. Há ainda uma grande tela digital no quadro de instrumentos.

A partir da linha 2019, os assentos passaram a ser fornecidos pela fabricante Recaro. Outra novidade é o som, agora da Bang&Olufsen, em substituição ao da Sony, presente no carro avaliado.


Corpo leve

Como em toda F-150, a Raptor tem carroceria feita de alumínio. O metal leve está presente também no motor EcoBoost (bloco e cabeçote).

Com isso, a Ford conseguiu favorecer o desempenho da picape. Ao mesmo tempo, não comprometeu muito o consumo de combustível.

Aliás, com um litro de gasolina  a Raptor roda, em média, 6,3 km na cidade. Em ciclo rodoviário, a média é 7,6 km por litro. Os dados foram fornecidos pela fabricante.


FICHA TÉCNICA

Preço sugerido
US$ 54.350 (cerca de R$ 212 mil na conversão direta, sem impostos)
Motor
3.5, V6, 24V, biturbo, gasolina
Potência (cv)
450 a 5.000 rpm
Torque (mkgf)
70 a 3.500 rpm
Câmbio
Automático, dez marchas
Comprimento
5,89 metros
Tanque
137 litros
Procedência
Estados Unidos

 

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Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.