Visto de longe, o novo SUV da BMW pode até passar despercebido. Desavisados podem achar que se trata de uma reestilização do X3. Mas de perto o iX3 se revela. A grade dianteira fechada (sem aletas) com o “i” minúsculo e os detalhes azuis espalhados por todo canto revelam que estamos diante da versão 100% elétrica do X3, que chega importado da China por R$ 475.950, na versão M Sport. O “i” identifica os automóveis da divisão elétrica da marca alemã, que teve como pioneiro o i3 (já fora de linha). Ele vem para fazer companhia ao iX (lançado no início do ano). O próximo da lista, o i4, será lançado no dia 21 de novembro, e traz junto a versão i4 M50, primeiro modelo 100% elétrico da divisão esportiva M.
Um dos apelos do iX3 para se destacar no cada vez mais povoado (embora ainda pequeno) mercado de carros elétricos é que ele vem com dois carregadores, sendo um portátil (fast charger) e um de parede (Wallbox). É um diferencial importante em um mercado que deve ficar cada vez mais competitivo. De acordo com o CEO da BMW no Brasil, Aksel Krieger, os carros elétricos irão representar 50% das vendas do segmento premium em 2030.
Tudo azul no BMW iX3
Ao acionar o botão de ignição azul no console central, um aviso sonoro levemente futurista anuncia que o motor elétrico traseiro de 286 cv está pronto para o serviço. Alavanca de câmbio – também com acabamento azul – em D, e o iX3 parte com disposição, embalado pelo som artificial produzido pelo compositor e maestro alemão Hans Zimmer. O ruído sutil serve tanto para alertar pedestres (já que carro elétrico não faz barulho) como para “harmonizar” com o desempenho.
Pois o maestro fez bem seu trabalho, assim como os engenheiros alemães. O iX3 arranca com um ânimo invejável para um SUV. A BMW declara aceleração de zero a 100 km/h em 6,8 s. Você pisa no acelerador e a resposta é imediata, como um soco, resultado dos 40,8 mkgf de torque. Os números no velocímetro digital vão aumentando rapidamente, e você só se dá conta que está em um SUV alto (1,67 m) e pesado (2.185 kg) quando chega em um trecho sinuoso da estrada e os pneus começam a cantar mais alto que a música de Zimmer. É um aviso de que, apesar de toda a tecnologia, você ainda está em um carro que não nasceu elétrico, nem foi feito para encarar curvas como se fosse um esportivo. A velocidade máxima é limitada a 180 km/h.
A tração (como o motor) está na traseira, e, por isso, a distribuição de peso não é tão perfeita. No iX3, 43% da massa fica na frente e 57% atrás. Na dianteira, no lugar do antigo motor a combustão, o novo ocupante é o dispositivo de recuperação de energia, mas que oculto sob uma cobertura plástica.
Condução por apenas um pedal
O câmbio tem uma marcha, e o motorista pode optar entre o “D” (de Drive) e o “B” (de Brake). No segundo caso, o poder de recuperação de energia para a bateria aumenta nas desacelerações e frenagens, e permite, assim, que o motorista dirija praticamente sem usar o pedal de freio. Basta soltar o acelerador que a velocidade cai bruscamente.
O conjunto de baterias instalado no assoalho ajuda a reduzir o centro de gravidade, mas isso não é o suficiente para manter o carro preso ao solo em qualquer situação, porque, para acomodar as baterias de forma segura, o iX3 é ligeiramente mais alto que o X3. Embora a carroceria seja a mesma, o elétrico tem 8 mm a mais na altura. Já o comprimento (4,73 m) é 24 mm menor que o modelo a combustão, nesse caso mais por causa do estilo dos para-choques. A propósito, o X3 com motor a combustão continua a ser produzido na fábrica da BMW em Araquari, em Santa Catarina.
Saídas de escape imaginárias
Uma curiosidade é que, embora carro elétrico não tenha escapamento, o desenho do para-choques traseiro do iX3 manteve contornos típicos de carros com motor a explosão. Visto de traseira, não é difícil vislumbrar ali uma saída imaginária em cada ponta.
As grandes rodas aro 19 específicas para modelos elétricos são o destaque nas laterais, e calçam pneus (245/50) igualmente desenvolvidos para carros elétricos, que geram baixo nível de ruídos. O iX3 dispõe de assistentes à condução, como sistema de manutenção em faixa com correção de volante, controle de cruzeiro adaptativo e frenagem automática. Os faróis são de laser.
Câmeras funcionam como “grande irmão”
Por meio de quatro câmeras, o dispositivo Driver Recorder permite gravação de até 40 segundos de cenas exteriores. O recurso pode ser programado tanto para mostrar o cenário em um roteiro especial como para registrar cenas de um possível acidente com imagens de 360 graus, por exemplo.
O painel dispõe de duas telas de 12,3″ de alta resolução. A da central multimídia é sensível ao toque, e o sistema também entende comandos gestuais ou de voz. Isso significa que o motorista pode pedir verbalmente se deseja aumento ou diminuição do volume do som, por exemplo, ou fazer um movimento com a mão para a mesma operação.
Há compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto, além de integração com a assistente virtual Alexa, da Amazon, e também internet. O modelo vem ainda com carregamento de celular sem fio (por indução), ar-condicionado com três zonas de ajuste independente e bancos com ajustes elétricos e aquecimento. O sistema de som da Harman Kardon tem 464 Watts, distribuídos por 16 alto-falantes. Como os modelos mais recentes da BMW, o iX3 também dispõe de atualização remota de software.
Bancos têm opção “vegana”
Além do revestimento interno que emprega couro natural, a BMW oferece uma alternativa “vegana”, livre de couro animal. Trata-se de um material sintético denominado Sensatec, que imita o couro. É possível escolher entre nove opções de acabamento, combinando material de revestimento, tonalidade e cor da costura. Para a carroceria, são seis opções de pintura (vermelho, azul, cinza, prata, branco e preto).
De acordo com a BMW, o sistema elétrico de quinta geração tem bateria com autonomia para 460 km no ciclo WLTP (condições reais de tráfego). São 80 kWh de energia bruta (74 kWh líquida), em um pacote formado por dez módulos. A solução evita a troca de todo o conjunto, em caso de defeito, o que reduz custo de manutenção. A bateria, que pesa 518 kg, tem garantia de oito anos ou 100 mil km.
A marca alemã informa que em estação de carga rápida DC de 150 kW (corrente contínua) a recarga de 10% a 80% leva 32 minutos. Em carregador AC (corrente alternada) de 11 kW a carga de 0 a 100% é obtida em 7h30, tempo que sobe para 40h em tomada de 2,3 kW.