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Brasil pode ter a maioria de carros elétricos e híbridos até 2035
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Brasil pode ter a maioria de carros elétricos e híbridos até 2035

Estudo mostra que, com investimentos e políticas públicas, o Brasil pode alcançar um total de 62% de veículos 0-km elétricos e híbridos

Jady Peroni, Especial para o Jornal do Carro

15 de ago, 2021 · 9 minutos de leitura.

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elétrico e híbridos IPVA
São Paulo avança na criação de incentivos fiscais para carros elétricos
Crédito:Chesnot/Getty Images

Talvez pareça um futuro distante, mas os carros elétricos e híbridos podem representar a maioria no Brasil em 2035.  Porém, será mesmo possível? De acordo com recente pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), sim.

O levantamento foi feito em parceria com o Boston Consulting Group (BCG) e apresenta três possíveis cenários para o futuro dos carros no Brasil. Entre eles, uma estimativa de que, em 2035, 62% dos automóveis 0-km do País serão elétricos ou híbridos. Ou seja, as vendas de modelos a combustão terão os 38% restantes dos emplacamentos.

carros
Reprodução

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Não por acaso, o Jornal do Carro vem noticiando a corrida pela eletrificação no mercado brasileiro. Em outra pesquisa da BCG, países como Brasil e Índia ficarão de fora do nível de produção. Nesse sentido, a indústria passa por uma fase de transição. O mercado Europeu, por exemplo, vai abandonar os motores a combustão até 2035.

Estratégias

Por força dos limites de emissões cada vez mais rigorosos, a indústria automobilística trabalha para reduzir as emissões de carbono. Contudo, o Brasil ainda não apresentou uma estratégia clara para a descarbonização. De acordo com o sócio sênior do BCG Brasil e líder do setor automotivo na América do Sul, Masao Ukon, enfrentar as mudanças climáticas é um dos maiores desafios da geração atual.

“Na indústria automotiva, tecnologias de eletrificação e maior uso de combustíveis sustentáveis já se mostram um caminho sem volta. As empresas precisam se preparar para o desafio, e mirar as novas oportunidades, investindo em produção, infraestrutura, distribuição, novos modelos de mobilidade e serviços, além da capacitação dos seus profissionais”, afirmou Ukon.




Possíveis cenários

A pesquisa feita pela associação foi apresentada através do seminário ANFAVEA: O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo. Com três grandes possibilidades para os próximos 15 anos.

A primeira se chama “Inercial“. Nele, a transformação viria em ritmo natural, sem metas e sem uma política que incentive a eletrificação. Dentro desse cenário, a previsão é de que os atuais 2% dos veículos elétricos leves se tornem 12% em 2030. E, dependendo da continuidade, chegar até 62% em 2035. Assim, totalizando 1,3 milhão de veículos por ano.

Logo depois, temos o cenário da “Convergência Global“. Este se baseia em movimentos de outros países. Dessa forma, é prevista a venda de 2,5 milhões de carros elétricos por aqui.


No entanto, o estudo para este plano engloba a instalação de carregadores para atender todos os veículos. O que pode gerar um valor de até R$ 14 bilhões. Mas, é fundamental que exista um forte investimento em geração de energia limpa para abastecer a frota.

Por fim, o terceiro cenário é o “Protagonismo de Biocombustíveis“. Aqui, o etanol teria destaque. Porém, é necessária uma grande infraestrutura de produção e distribuição.

Colheita de cana para etanol
Reprodução

Conclusão

De acordo com a pesquisa, o Brasil precisa firmar políticas para acelerar a descarbonização. O estudo diz que, para atingir essas metas, será necessário investir um valor que pode superar R$ 150 bilhões.

“Outros países já definiram suas metas de descarbonização, bem como os caminhos para se chegar a elas. O Brasil, em seu papel de um dos principais mercados para o setor de transporte no mundo, não pode mais perder tempo”, declarou o Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

A preferência do Brasil por híbridos

Ainda em 2021, o Brasil registrou um recorde no mercado de híbridos e elétricos, emplacando 13.899 unidades nos seis primeiros meses. Contudo, este volume só foi obtido porque a Toyota já oferece no País o Corolla sedã e o SUV Corolla Cross em versões híbridas e flexíveis. E a dupla responde simplesmente por 52% dos veículos eletrificados. Quando olhamos para as vendas de carros 100% elétricos, são apenas 5% deste total, com modestas 732 unidades somadas na primeira metade de 2021.


Alternativas

Diante desse cenário, muitas montadoras vem buscando uma alternativa mais alinhada com o Brasil. Aqui, acima de tudo, as fabricantes estão liderando estudos para incluir o etanol como tecnologia principal no sistema de propulsão elétrica dos veículos.

No projeto da Nissan, por exemplo, o sistema transforma o etanol em hidrogênio e alimenta a bateria. Assim, entrega autonomia de 600 km com o tanque cheio do combustível vegetal.

Nissan Kicks e-Power SUVs híbridos
Divulgação/Nissan

Já a BMW largou na frente e já testa no Brasil um protótipo do hatch elétrico i3 com o seu motor gerador alimentado com etanol. O modelo tem um pequeno motor a gasolina, que trabalha exclusivamente para gerar eletricidade para as baterias, sem enviar potência e torque às rodas. Assim, estende a autonomia e permite até rodar com as baterias descarregadas.

Com o sistema convertido a flex, a marca bávara terá um carro “neutro em emissões de CO2”, já que o plantio da cana-de-açúcar reabsorve os gases no processo de fotossíntese.

A Volkswagen também está decidida a eletrificar os carros no Brasil, porém a marca pretende seguir os passos da Toyota. Ou seja, a VW quer o híbrido flex. Para isso, anunciou a criação do centro de pesquisas que irá coordenar estudos baseados nos biocombustíveis. Outra que também terá híbridos alimentados por etanol no Brasil é a Honda. A marca japonesa acaba de lançar seu primeiro carro eletrificado no País, o Accord E-HEV.


Assim, o etanol surge como potencial protagonista da eletrificação dos carros no País. E poderá ser decisivo na descarbonização do Brasil.

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Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.