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Carro popular: busca triplica e desconto no preço pode durar um mês
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Carro popular: busca triplica e desconto no preço pode durar um mês

Com decreto do carro popular, governo derruba os preços dos veículos novos, mas medida valerá até o pacote atingir limite de R$ 500 milhões

Diogo de Oliveira

14 de jun, 2023 · 8 minutos de leitura.

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Renault Kwid assume o pódio dos carros mais baratos do Brasil
Crédito:Renault/Divulgação

O decreto do carro popular foi publicado há apenas uma semana, no dia 6 de junho. Mas várias montadoras anunciaram imediatamente novas tabelas de preços para modelos de até R$ 120 mil. E o mercado respondeu rápido aos incentivos fiscais do Governo Federal. Segundo a Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias no País, a procura por veículos 0-km triplicou nos últimos sete dias, mesmo com o feriado de Corpus Christi.

Segundo o presidente, José Maurício Andreta Júnior, houve um aumento de 30% até 260% nas mais de 7.000 concessionárias de veículos da federação. “Os números comprovam o acerto das medidas tomadas pelo Governo Federal para o carro popular. Estamos conseguindo atender o consumidor que perdeu o poder aquisitivo e, com os descontos, voltou a comprar um automóvel 0-km”, declarou Andreta Júnior em entrevista ao canal Globo News.

Ainda de acordo com o presidente da Fenabrave, um detalhe chamou a atenção: grande parte das pessoas foram atrás das versões mais baratas, os chamados carros de entrada. Entre eles, por exemplo, Fiat Mobi e Renault Kwid, modelos mais baratos à venda no Brasil. Ambos tiveram os preços reduzidos em R$ 10.000, com bônus extra das marcas, e, assim, baixaram a tabela para R$ 58.990. No decreto, os descontos vão de R$ 2.000 até R$ 8.000.

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IPI Jeep Renegade Sport carro popular
Jeep Renegade Sport 2023 (Jeep/Divulgação)

Carro popular pode durar dois meses (ou menos)

Passe de mágica? De um dia para o outro, vários carros baixaram de preço. Até os SUVs ganharam descontos generosos. Mas não foi ao acaso. Estes modelos respondem atualmente por quase a metade das vendas de veículos novos. Por isso, algumas marcas aproveitaram o momento para reaquecer produtos em baixa. É o caso do Jeep Renegade, que teve um corte de R$ 19.000 na versão Sport 1.3 turbo flex, que caiu de R$ 134.990 para R$ 115.990.

“Com o limite de R$ 120 mil, o desconto pelo governo é menor, mas as fabricantes estão trabalhando para encaixar os produtos nesse filão. Todo mundo que tem carro de volume está se posicionando abaixo de R$ 120 mil. E, assim, algumas marcas tentam aproveitar esse movimento de melhoria do mercado. Não tem como desconsiderar uma medida positiva do governo”, explica Milad Kalume Neto, diretor de negócios da JATO Dynamics do Brasil.


Entretanto, a má notícia é que a medida provisória pode não durar muito. Segundo Kalume Neto, a expectativa é que os descontos durem no máximo dois meses, dado o baixo valor empenhado pelo governo para os automóveis. “Se fizer uma conta simples, e dividir R$ 500 milhões (que é o teto para automóveis) por R$ 8.000 (desconto máximo sugerido pelo governo), teremos 62.500 carros beneficiados. Então, projetamos entre 50 mil a 70 mil veículos a mais com os descontos do carro popular. Vai esgotar em dois meses. O que é pouco, realmente”, pontua o especialista.

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Bancos ainda não liberaram crédito

Mas, na visão da Jato Dynamics do Brasil, ainda há um desafio que envolve o crédito no mercado. “O governo estava esperando que, em quatro meses, os juros, no médio prazo, baixariam. E que o mercado, por si só, conseguiria andar por meios próprios. Mas há as instituições financeiras, que ainda não liberaram o crédito. Como os veículos encareceram muito, o valor das parcelas continua alto, assim como os juros. Ou seja, há limitações de crédito”, completa Milad Neto.


Sobre a ampliação do prazo de duração da medida, o diretor da Jato Dynamics se mostra cético. “Com relação à medida provisória, que tem duração prevista de quatro meses, é possível estender por mais outro período. Contudo, o Fernando Haddad (ministro da Fazenda) está batendo muito na tecla de que existe essa limitação de recursos”, pontua Milad Neto.

Como funciona o pacote do carro popular?

O Governo Federal publicou no início do mês a Medida Provisória 1.175, que estabeleceu o decreto do carro popular. Assim, foram concedidos descontos entre R$ 2.000 e R$ 8.000 para os veículos com preço de até R$ 120 mil. Da mesma forma, caminhões, ônibus e comerciais foram incluídos no pacote. Porém, existe um teto de R$ 1,5 bilhão para os descontos. Ou seja, assim que atingir o limite, o plano se encerra e os preços voltarão aos patamares anteriores.

Entre os pré-requisitos para a aplicação dos descontos estão, por exemplo, eficiência energética, densidade industrial e preço dentro do limite definido no decreto. Para fazer o plano funcionar, o governo precisou dar uma alternativa para cobrir os recursos. Dessa forma, a decisão foi antecipar a reoneração do ICMS no diesel, que terá um reajuste de R$ 0,11 por litro nos próximos meses – dentro do prazo de 90 dias do anúncio até a cobrança.


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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”