O ano de 2021 foi marcado por fortes turbulências. Mesmo com a retomada gradativa das atividades, a pandemia deixou vários reflexos que afetaram diretamente o setor automotivo. Dentre eles estão a disparada dos preços dos carros novos e usados. Nesse sentido, contribuíram fatores como a falta de insumos e componentes, sobretudo semicondutores. Bem como a alta do dólar em relação ao real. Mas isso não impediu as montadoras de realizar importantes lançamentos no Brasil ao longo do ano.
Ao mesmo tempo em que o consumidor voltou a comprar, as marcas iniciaram o lançamento de produtos que já deveriam estar no mercado. Além disso, muitos modelos tiveram de ser atualizados por causa da nova fase, L7, do Programa de Controle de Emissões de Poluentes (Proconve). Ou seja, as regras passam a valer no dia 1º de janeiro de 2022.
Como resultado, chegaram modelos como o Toyota Corolla Cross. Primeiro SUV feito pela marca no País, o carro estreou em março. Ou seja, antes mesmo de desembarcar na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo. O novo modelo utiliza a plataforma do sedã Corolla. Entre os destaques, há versão híbrida, que traz motor flexível em conjunto com dois elétricos.
Sucesso de vendas
Diferentemente do novo Jeep Compass, que também estreou em 2021, o Corolla Cross não tem tração 4X4. O Toyota é oferecido com motor 2.0 flexível de até 177 cv de potência. Bem como com o 1.8 flexível de 101 cv aliado aos dois elétricos que, juntos, geram 72 cv na versão híbrida.
No lançamento, o Corolla Cross tinha preço entre R$ 139.990 e R$ 183.980. Porém, agora a versão mais cara já supera os R$ 200 mil. Ainda assim, o SUV é um tremendo sucesso de vendas. Por exemplo, em novembro ele ficou apenas 50 unidades atrás do veterano sedã Corolla no ranking de emplacamentos no Brasil.
Volvo XC40 Recharge
Embora o Corolla Cross tenha sido uma ótima aposta da Toyota, que passou a oferecer seu terceiro modelo híbrido no Brasil, a Volvo foi, de longe, a marca que mais inovou no mercado nacional em 2021 em eletrificação. Primeiramente, a sueca lançou o XC40 Recharge Electric Pure. O SUV tem dois motores elétricos, um em cada eixo, com potência total equivalente a 408 cv. Seguindo a empresa, a autonomia chega a 420 km.
Além disso, a Volvo deixou de oferecer veículos com motor apenas a combustão no País. Além do Brasil, apenas na Noruega a marca implantou essa iniciativa.
Depois, em meados de dezembro, a marca anunciou que vai investir cerca de R$ 10 milhões na instalação de postos de recarga no Brasil. Como resultado, a rede de carregamento vai criar um corredor com mais de 3.250 km de rodovias nas regiões Sudeste e Sul. Segundo a Volvo, até março de 2022 haverá 13 estações de carga rápida, que permitem repor 80% das baterias em 35 minutos.
Mais SUVs
Que 2021 foi o ano dos lançamentos de SUVs não dá para negar. Afinal, além de se consolidar como o segmento que mais vende no Brasil, a categoria ganhou importantes players e atualizações a fim de esquentar a disputa.
Nada mais plausível, a princípio, que começar esse tema falando do líder de vendas entre os SUVs. De acordo com a Fenabrave, associação que reúne os concessionários do País, o Jeep Renegade já vendeu – no acumulado do ano – 69.621 unidades. Nesse sentido, são 11,6% de participação.
Embora a fabricante não queira detalhar, o número deve aumentar agora em 2022. Afinal, a marca lançou o motor 1.3 turboflex que passa a equipar todas as versões do Renegade já no começo de 2022. A novidade, que aposentará o motor 2.0 turbodiesel e o 1.8 E.torQ de uma só vez, tem 185 cv de potência com etanol e 180 cv com gasolina. Já o torque é de 27,5 mkgf a 1.750 rpm.
Commander
Essa, a princípio, trata-se da mesma potência dos irmãos Compass e Commander. Este último, aliás, foi outro destaque na lista de lançamentos de 2021.
Para brigar pela liderança dos SUVs com sete lugares, o Commander chegou em agosto ao mercado brasileiro. Após muita polêmica e especulação, o novato segue a mesma plataforma do Compass (o segundo SUV mais vendido do Brasil, com 64.240 unidades até novembro). Tem, inclusive, a mesma mecânica também nas versões topo de linha: 2.0 turbodiesel com tração integral.
Já perto dos R$ 300 mil na versão topo de linha, o modelo, contudo, chegou disposto a ocupar o posto de veículo em produção mais tecnológico feito no Brasil. Sai das linhas da fábrica de Goiana (PE).
Nesse sentido, há farta quantidade de dispositivos, como Wi-Fi nativo e comandos remotos via App no celular. A multimídia também é compatível com assistentes virtuais, como a Alexa, da Amazon. Tem, no mais, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com frenagem automática de emergência. Há também assistente de saída involuntária de faixa e alerta de ponto-cego nos retrovisores externos. Por fim, ajuste automático dos fachos alto e baixo dos faróis e tela multimídia de 10,1″ estão no pacote.
1.3 turbo também em Toro e Compass
Da mesma fábrica do Jeep Commander – e do Compass, que também ganhou motor 1.3 turbo neste ano – a Fiat Toro rompeu uma lacuna e também está na lista de lançamentos. Estreou motor mais potente e econômico no mercado. O mesmo 1.3 turbo flex de até 185 cv de potência (etanol) chegou à picape, que passou por reestilização externa e interna, com forte apelo em tecnologia e até central multimídia vertical (como nos modelos Volvo) nas opções mais caras. Tanto o SUV quanto a picape chegaram em abril.
Falando em mecânica, a Fiat Strada (assista avaliação, em vídeo, abaixo), finalmente, recebeu câmbio automático. Nas lojas em duas versões de acabamento (Volcano, de R$ 111.990, e a inédita Ranch, por R$ 116.990) o modelo, por fim, ganhou ainda outros itens. Na lista, carregador de smartphone wireless e bancos revestidos com couro estão entre as novidades.
Creta: motor turbo e visual polêmico
Ainda na linha dos lançamentos de modelos bem posicionados em vendas, o Hyundai Creta também deu uma sacudida e fez parte dos lançamentos de 2021. O modelo deixou de lado (deixou de lado, não, porque a antiga versão continua como modelo de entrada) o visual quadradão e apagado para mudar completamente. Design exterior e interior, conteúdo e mecânica foram refeitos na linha 2022 do Creta, que chegou em agosto.
Esteticamente, houve polêmica por causa do esquema de faróis e lanternas fora do padrão. Mas o brasileiro provou que está menos tradicionalista e colocou o modelo (sempre em guerra com Chevrolet Tracker e Volkswagen T-Cross) no terceiro posto do pódio dos SUVs mais vendidos.
Com quase 10% de participação de mercado, o exemplar da marca sul-coreana teve como grande destaque a adoção do motor 1.0 turbo, o mesmo que equipa o hatch HB20. Flexível, o propulsor tem três cilindros e até 120 cv. O torque, no entanto, fica em 17,5 mkgf a breves 1.500 rpm. Em síntese, um motor que enche rápido e entrega eficiência e baixo consumo.
City
Mudando de segmento, um dos principais lançamentos do ano fora do mercado de SUVs atende pelo nome de Honda City. O modelo (lançado no mês passado) trouxe não só uma nova geração, mas a inédita opção hatchback.
Para tomar o lugar do Civic (já fora de linha no Brasil), o City sedã aposta em tamanho maior e sofisticação extra. Parte de R$ 108 mil. Já para os órfãos do Fit, que também saiu de cena em 2021, o hatch chega apenas em março do ano que vem.
Como já mencionado pelo Jornal do Carro, a Honda trouxe mudanças mecânicas para o novo City que estarão presentes nas três versões de acabamento. O motor é o 1.5 16V DI i-VTEC que tem sistema de injeção direta de combustível e duplo comando variável de válvulas no cabeçote, com o VTC, sistema que controla as válvulas de admissão. São, no total, 126 cv de potência com ambos os combustíveis a 6.200 rpm. Torque: 15,8 mkgf com etanol a 4.200 giros.
O ano da eletrificação
Além do Volvo XC40 Recharge, outros tantos lançamentos foram representados pela categoria de EVs (veículos elétricos). A Stellantis, por exemplo, atacou por meio de dois importantes modelos: Fiat 500e (agosto) e Peugeot e-208 GT (setembro). Respectivamente, os compactos têm motor com potência de 118 cv e 136 cv e autonomia de 320 km e 340 km. Mas carro elétrico ainda é algo caro por aqui. Enquanto o italiano custa R$ 239.990, o francês não sai por menos de R$ 245 mil.
A JAC mergulhou totalmente no segmento zero emissão em seus lançamentos de 2021. Além de trazer o SUV e-JS4, seu principal produto neste ano foi o e-JS1. Inclusive, ponto para a marca, pois este é o elétrico mais barato do País. Custa R$ 160 mil. O subcompacto tem 3,65 metros de comprimento e transporta até cinco pessoas. Seu motor de 45 kW tem 61 cv de potência máxima. São 300 km de autonomia, informa a marca.
E se tem modelo chinês com motor elétrico barato à venda por aqui, os lançamentos também destacam o outro lado da questão. A BYD, finalmente, resolveu vender seus carros ao público brasileiro. No mês passado, a marca iniciou as reservas do Tan EV. Trata-se de um SUV de sete lugares e potência combinada de 517 cv (245 cv do motor frontal + 272 cv do motor traseiro). Com tecnologia de ponta e até tela central giratória, o jipão de luxo tem preço estimado em R$ 500 mil. Chega no primeiro trimestre de 2022.
Teve Porsche elétrico e Fiat inédito
Achou caro? Isso porque talvez você não se lembre de outro SUV elétrico que aterrissou por aqui neste ano. O Porsche Taycan 4 Cross Turismo. O modelo chegou ao mercado em outubro e não cruza a porta das revendas por menos de R$ 685 mil. Tem, portanto, dois motores elétricos, tração integral e 476 cv.
Voltando um pouco para os lançamentos mais próximos à realidade do brasileiro, teve quem baixasse o preço e o tamanho dos SUVs numa tacada só. A Fiat. O responsável pelo feito é o Pulse. Lançado em outubro, o SUV coloca a fabricante pela primeira vez no segmento mais disputado do País.
Para cair nas graças do público, portanto, o novato uniu conteúdo, mecânica e visual bem resolvido. Um dos destaques do modelo, e que gerou frisson, é a opção de motor 1.0 turbo. Mas não é qualquer motor, afinal, é considerado o mais potente do Brasil nessa litragem. São, em síntese, até 130 cv, deixando o 1.0 TSI (até 125 cv) da VW para trás.
Ford e Volkswagen tiraram cartas da manga
O mês de maio foi crucial para a Ford e Volkswagen. A marca do oval azul, que começou o ano deixando de produzir no Brasil, manteve a promessa de continuar vendendo seus modelos importados por aqui e, nesse sentido, lançou o SUV Bronco. Oferecido apenas na versão Wildtrack, tem motor 2.0 de 250 cv. Câmbio é automático de 8 marchas. A tração é 4×4. Ponto para o (belo) visual e para a lista de equipamentos, que tem tela central de 8″, teto solar panorâmico, etc.
Já a Volks apostou no médio Taos. Sobre a plataforma modular MQB, o modelo tem debaixo do capô o conhecido motor 1.4 turbo flex de até 150 cv de potência. O câmbio é automático de 6 marchas. A meta é, também, encarar o Jeep Compass.
Híbridos são a bola da vez
A Honda, em 2021, resolveu assumir seu lado sustentável. Forte exemplo disso é o lançamento do Accord híbrido. O sedã, famoso por motores potentes, como os V6, passou a adotar a tecnologia e:HEV. Basicamente, traz três propulsores. Dois elétricos (um traciona as rodas traseiras e outro atua como gerador de energia) e um 2.0 a gasolina com 145 cv. Mais tecnologia, mais preço. Hoje, o modelo ronda (salgados) R$ 300 mil.
A Kia também entrou na onda e resolveu lançar seu híbrido. Mas, ao contrário da Honda, a marca sul-coreana quis jogar o preço lá embaixo e, nesse sentido, trouxe, no mês passado, o híbrido mais barato do País. São R$ 149.990 pedidos pelo SUV Stonic, que une motor 1.0 turbo e um elétrico de 48 volts. A potência combinada é de 120 cv, de acordo com a fabricante. A BMW também renovou o SUV X3 e o transformou em híbrido plug-in. As três versões chegaram em outubro.
Esportivo
E não dá para esquecer que, se há quem esteja numa vibe mais sustentável, tantos outros não abrem mão daquele roncão emitido pelo escapamento. Foi de olho nesse público que, em julho, a Ford trouxe ao Brasil o Mustang Mach 1. O esportivo tem seu motor V8 mais potente até hoje. São 483 cv – 17 cv a mais que a versão anterior (Black Shadow, vendida no Brasil até março). O torque foi mantido em 56,7 mkgf a 4.900 rpm.
Visualmente, tem nova grade (que otimiza a turbulência), novo para-choque – com linhas desenhadas para otimizar o fluxo de ar -, assim como novo defletor inferior para melhorar o fluxo de ar e aumentar o resfriamento dos freios. O downforce (força que empurra o carro contra o solo quando em movimento) também é beneficiado.
Por dentro, há mescla das linhas do primeiro Mach 1, de 1969, com a modernidade de itens atuais, como painel de instrumentos digital com tela de 12″ (personalizável) e central multimídia Sync 3, com tela e 8″ com Apple CarPlay e Android Auto, dentre outras funcionalidades.
Mercado volta a crescer e Caoa Chery dispara
Após registrar queda de 99% na produção de veículos em abril de 2020 (a maior retração da história), a indústria de veículos começou a recuperar terreno em 2021. No acumulado do ano, a indicação é de que haverá crescimento de 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Porém, na contramão das quedas, algumas marcas se deram muito bem. Por exemplo, a Caoa Chery, que cresceu 113% em 2021 na comparação com o mesmo período de 2020. A fabricante vendeu mais de 36 mil carros de janeiro a novembro de 2021. Em outras palavras, sua participação de mercado foi de cerca de 2%.
A Caoa Chery vem nadando de braçada no mercado brasileiro e comemora o fato de o Tiggo 5x ser seu modelo mais vendido. Até novembro, o SUV emplacou 11.656 unidades. Com isso, ficou na 13ª posição no ranking dos utilitários-esportivos. O Tiggo 3X, lançado em maio, fecha a lista dos 20 SUVs mais emplacados do País, com 3.851 unidades. E a empresa continua apostando forte em lançamentos. Nesse sentido, acaba de dar inicio às vendas do Tiggo 7 Pro.
O SUV feito em Anápolis (GO) concorre com Jeep Compass, Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos e companhia. A partir de R$ 179.990, o modelo médio foi atualizado por fora e por dentro e recebeu até ajustes na suspensão. A mecânica é a mesma do Tiggo 8. Ou seja, motor 1.6 turbo GDI a gasolina de 187 cv. Para 2022, a Caoa Chery promete mais novidades. Aqui você confere 30 lançamentos que virão ao Brasil a partir de janeiro.