O BYD Dolphin Mini chegou no Brasil nessa semana e pegou o público de surpresa. Com preço de tabela de R$ 115.800, o valor ultrapassou a casa dos cinco dígitos, motivo de frustração para alguns compradores. Prometendo popularizar o universo do carro elétrico no País, o hatch chinês agora precisa enfrentar a concorrência, majoritariamente ainda a combustão.
Sendo assim, fizemos um comparativo técnico entre o novo modelo da BYD e um rival a combustão: o VW Polo, um dos mais vendidos do País no último mês, em sua versão mais barata com motor turbo: a 170 TSI. Semelhantes na proposta urbana, logo os dois modelos disputarão o mesmo cliente, que busca um hatch citadino na faixa dos R$ 100 mil. Quem se sai melhor?
Desempenho e autonomia
Apesar das diferentes propostas e conjuntos motrizes, os dois modelos servem ao mesmo propósito: eficiência no uso diário. Para disso, o Dolphin Mini conta com um motor elétrico dianteiro, junto da tração, de 55 kW, o equivalente a 75 cv. O torque, disponível a 0 rpm, é instantâneo e de 13,7 mkgf de torque. Tal como um motor 1.0 aspirado, é lento para sair da imobilidade, mas é salvo pelo torque, digno de motores de maior litragem, como antigos 1.6, por exemplo. Elétrico, tem câmbio automático de apenas uma marcha.
Quando o assunto é consumo, o menor dos Dolphins tem uma bateria com capacidade de 38 kWh. Assim, esta rende autonomia de 345 km no ciclo global (WLTP). Ou de 280 km no padrão do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBVE) do Inmetro.
Já o Polo conta com o motor TSI flex, turbo com injeção direta. Apesar de não ter o torque instantâneo de um elétrico, responde com bos números, herdados do finado Up TSI: até 116 cv com etanol e 109 cv com gasolina. Já o torque de 16,8 mkgf, com ambos os combustíveis, supera o chinês, mas não por ampla vantagem. Com o motor, que resgata a sigla 170 TSI, vem o câmbio manual de cinco marchas.
O hatch da VW tem um tanque de 52 litros, e, com gasolina, alcança 750 km de autonomia em ciclo misto — a média, neste caso, é de 15,1 km/l com o câmbio manual. Com etanol, são 9,6 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada — média mista de 10,5 km/l. Já com gasolina no tanque, são 14 km/l e até 16,4 km/l, na mesma ordem.
Dimensões, espaço interno e para a bagagem: desafios em um modelo hatch
São 3,78 metros de comprimento, ou seja, o Dolphin Mini é um subcompacto. Entretanto, é alto (1,58 m), o que o deixa com aparência robusta. A traseira, por sua vez, é totalmente vertical e deixa o balanço bem curto. Por fim, o entre-eixos de 2,50 metros é bem maior que o do Fiat Mobi (2,30 m) e do Kwid (2,42 m). Seu ponto fraco é o porta-malas, com só 230 litros. Por isso, o Dolphin Mini é um carro para uso urbano e deslocamentos curtos. De largura, mede 1,71 m.
O rival da Volkswagen é um carro maior, e o próprio visual entrega isso. O hatch mede 4,07 metros de comprimento e 1,75 m de largura, mas é menos alto: 1,47 m de altura. O entre-eixos também é maior, mas apenas sensivelmente: 2,56 metros. A altura do solo também é maior: 149 mm, contra 110 mm do adversário. O porta-malas do Polo não é grande, mas dá um banho de espaço no subcompacto: 300 litros de capacidade.
Tecnologia embarcada e itens de série
Além da ousadia na paleta de cores, o Dolphin Mini surpreende na tecnologia. Para custar esse preço de lançamento, o hatch teve de descartar modernidades como sistemas semiautônomos de segurança, como frenagem automática de emergência e assistente de permanência em faixa. Mesmo assim, tem muitos equipamentos, como monitor de pressão dos pneus, sensores de obstáculos traseiros, controle de cruzeiro e câmera de ré de alta resolução.
Até o volante é forrado com couro azul com costuras laranjas, mesma cor dos pinos de ajuste das saídas de ventilação. O quadro de instrumentos é digital, de fácil leitura e mostra várias informações do carro e da bateria. E o destaque, como em todos os modelos da marca, é a tela central giratória do multimídia, que no Dolphin Mini tem 10,1 polegadas.
Simplificado para assumir sua nova vida como substituto do Gol, destacam-se no Polo TSI o quadro de instrumentos, que nessa versão traz a tela de 8 polegadas já disponível na versão de entrada do SUV médio Taos. Ela é menor e permite menos customizações que o display de 10″ da versão topo de linha Highline.
Como ponto negativo, a versão turbo manual traz a velha multimídia Composition Touch, que tem tela der 6,5 polegadas e surgiu quase uma década atrás no Fox, que saiu de linha há algum tempo. Ou seja, estamos falando de uma tela mais antiga, com sistema já defasado. Mas, digamos que, para a proposta do carro, o equipamento cumpre o seu papel. Sobretudo porque traz conexão (por cabo) com as plataformas Android Auto e Apple Carplay. Em matéria de sofisticação e acabamentos internos, ponto para o elétrico chinês.
Valores: qual hatch vale o seu dinheiro?
Essa é a hora de avaliar o que melhor serve ao seu propósito: valores. Quem optar pelo elétrico da BYD, terá de desembolsar o valor de R$ 115.800, citado no início do texto. Custando menos que alguns modelos híbridos e elétricos disponíveis no País, o subcompacto promete abalar a concorrência, e atentar o público da faixa dos R$ 100 mil com uma nova proposta de transporte urbano.
Já o Polo TSI é resultado de uma fórmula antiga, mas ainda muito querida ao brasileiro: um hatch com transmissão manual e bom desempenho. Aos descrentes do carro elétrico, o VW rebate a concorrência com maior autonomia, e boa economia em sua categoria, ao preço de R$ 101.990. Por mais diferentes que sejam, os preços próximos formam uma boa disputa por uma vaga na sua garagem.
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