O carro elétrico de R$ 100 mil chegou, mas não é da BYD. O esperado Dolphin Mini, modelo de entrada da marca no Brasil, foi lançado nesta quarta-feira (28) e tem preço sugerido de R$ 115.800. Ou seja, bem mais do que a expectativa, que era de cerca de R$ 100 mil. Porém, quem fechar a compra nesta quarta-feira (28), por meio de uma plataforma eletrônica, ou até quinta-feira (29) em uma concessionária, tem direito a bônus de R$ 10 mil. Portanto, nesses casos o compacto sai a R$ 105.800.
O preço do novo elétrico certamente vai chamar a atenção e movimentar o mercado brasileiro. De forma oportuna, a BYD trocou o nome original – “Seagull” na China – para aproveitar o sucesso do Dolphin, que é o carro a bateria mais vendido do Brasil desde que estreou, em junho de 2023. Entretanto, o novo hatch é menor e tem proposta totalmente urbana.
São 3,78 metros de comprimento, ou seja, o Dolphin Mini é um subcompacto. Entretanto, é alto (1,58 m), o que o deixa com aparência robusta. A traseira, por sua vez, é totalmente vertical e deixa o balanço bem curto. Por fim, o entre-eixos de 2,50 metros é bem maior que o do Fiat Mobi (2,30 m) e do Kwid (2,42 m). Seu ponto fraco é o porta-malas, com só 230 litros. Por isso, o Dolphin Mini é um carro para uso urbano e deslocamentos curtos.
Aliás, o lançamento da BYD lembra um pouco o Volkswagen Up! no tamanho e no visual, sobretudo na dianteira, com faróis integrados à carroceria e um pequeno cofre para o motor. Tal qual nos demais modelos da marca chinesa, a grade é fechada e forma um bico com a sigla BYD na ponta. O para-choques confere esportividade e traz uma abertura de ar inferior para o radiador. Nas laterais, a linha de cintura é alta e ascendente na parte final.
O ponto alto do desenho é a traseira, chapada e com lanternas unidas em peça única que fica logo abaixo do vidro do vigia e forma uma moderna barra de LED. O visual deixa o hatch “parrudo” e as colunas traseiras mais estreitas trazem uma moldura preta que faz o efeito do “teto flutuante”. Os faróis e lanternas têm iluminação Full-LED.
Desempenho, consumo e bateria do Dolphin Mini
O hatch chinês usa um motor elétrico com 55 kW de potência, o equivalente a 75 cv. Assim, entrega desempenho próximo ao de um hatch com motor 1.0 flex – é a mesma potência do Fiat Mobi, por exemplo. Porém, o Dolphin Mini tem câmbio automático (de uma marcha à frente) e uma bateria com capacidade de 38 kWh. Esta rende autonomia de 345 km no ciclo global (WLTP). Ou de 280 km no padrão do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBVE) do Inmetro.
Mas, apesar da potência de 1.0 flex, ao volante o novo hatch da BYD surpreende com um torque máximo imediato de 13,7 mkgf (135 Nm). Ou seja, energia próxima à de um motor 1.3 flex, como o do Fiat Argo Drive, que gera iguais 13,7 mkgf, mas com pico a 4.000 rpm. Contudo, embora mais forte nas saídas, o Dolphin Mini é lento para ganhar velocidade. Por isso, a aceleração de zero a 100 km/h, segundo a BYD, leva longos 14,9 segundos.
Em movimento, o Dolphin Mini cativa pelo silêncio a bordo e pela suspensão bem dosada (nem macia, nem dura). Além disso, o hatch é fácil de manobrar e não raspa em lombadas, valetas e rampas, apesar de ter só 11 cm de altura livre do solo. Isso ocorre graças aos balanços dianteiros e traseiros bem curtos. Por fim, como ponto positivo, o modelo tem freios a disco nas quatro rodas e conta com seis airbags, incluindo bolsas do tipo cortina.
Vida a bordo do Dolphin Mini é moderna
Feito sobre a plataforma mais moderna da montadora chinesa, o novo hatch é espaçoso e chama a atenção pelo capricho na cabine. Há ampla forração de couro ecológico com duas cores – a unidade avaliada combinava couros azul escuro e preto. Aliás, as cores disponíveis são um tanto exóticas: Sprout Green (verde limão), Apricity White (branco), Peach Pink (rosa) e Polar Night Black (preto). E a opção branca poderá ter interior preto e azul ou rosa.
Além da ousadia na paleta de cores, o Dolphin Mini surpreende na tecnologia. Para custar esse preço de lançamento, o hatch teve de descartar modernidades como sistemas semiautônomos de segurança, como frenagem automática de emergência e assistente de permanência em faixa. Mesmo assim, tem muitos equipamentos, como monitor de pressão dos pneus, sensores de obstáculos traseiros, controle de cruzeiro e câmera de ré de alta resolução.
Para o motorista e o passageiro, o desenho e formato moderno do painel impressiona. Há bancos dianteiros esportivos e um console flutuante entre eles que abriga porta-copos e um carregador de celular por indução. Mais abaixo, há uma bandeja com duas entradas USB, uma do tipo A, outra menor do tipo C. Por fim, há apenas uma régua de botões que traz o seletor do câmbio automático e o botão do freio de estacionamento eletrônico.
Até o volante é forrado com couro azul com costuras laranjas, mesma cor dos pinos de ajuste das saídas de ventilação. O quadro de instrumentos é digital, de fácil leitura e mostra várias informações do carro e da bateria. E o destaque, como em todos os modelos da marca, é a tela central giratória do multimídia, que no Dolphin Mini tem 10,1 polegadas.
Poucas falhas e preço ‘matador’
Em pré-venda desde domingo na página da BYD no Mercado Livre, o Dolphin Mini vem quebrar paradigmas. O hatch chega para coroar a rápida ascensão da marca chinesa e das vendas de veículos elétricos no País. E vem com preço “matador” mesmo após a volta da taxa de importação para híbridos e elétricos produzidos fora do Mercosul e do México.
Portanto, realmente impressiona um carro com esse nível de tecnologia vir da China e custar menos que modelos nacionais com motores “antigos” a combustão. No mínimo, o Dolphin Mini dá um choque e, a depender das suas vendas, o modelo pode até ganhar produção nacional nos próximos dois anos na fábrica de Camaçari, que a BYD está remodelando.
Pela qualidade que apresenta, o Dolphin Mini pode sim causar uma revolução e mostrar ao mercado – e outras fabricantes – que o carro elétrico é realidade no País. Há exatamente um ano, o cenário é bem diferente. Com o Renault Kwid E-Tech e Caoa Chery iCar na faixa de R$ 140 mil, ter um elétrico não parecia muito palpável. Mas isso mudou com o Dolphin. E com o novo hatch mais barato, essa mudança pode acelerar ainda mais esse nicho.
Para isso, a BYD fornece até infraestrutura. A marca vende, por exemplo, kit com painéis solares e instalação por R$ 15.285. Da mesma forma, tem feito ofertas com carregadores de parede e com revisões grátis por 5 anos. Mas, mesmo com números recordes, os elétricos ainda são um pedacinho apenas do mercado brasileiro. Em 2023, foram 19.310 veículos a bateria em 1,95 milhão de carros 0-km emplacados. Ou seja, 1% das vendas. Mas isso vai mudar.
Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos
Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não
03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.
Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.
A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.
“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.
As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.
“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica.
Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas.
O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.
O que o carro precisa ter para ser seguro?
Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre.
“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.
Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.
“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”