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Evolução dos carros populares
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Evolução dos carros populares

Carros de entrada no Brasil estão cada vez mais longe de populares, seja em equipamentos ou preços

Redação

08 de dez, 2017 · 8 minutos de leitura.

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CHEVROLET CORSA
Crédito:Divulgação/Chevrolet

O Brasil passou por grandes mudanças econômicas e sociais nos últimos 20 anos. Entre fases de crescimento e crises econômicas, o segmento de carros de entrada evoluiu muito e está cada vez mais distante do significado inicial, de “carros populares”.

Essa evolução foi causada por vários fatores. Entre eles, estão o aumento do poder aquisitivo da classe média, que passou a desejar produtos mais sofisticados, e a necessidade de acompanhar novas regulamentações de segurança e ambientais, como as emissões de poluentes.

Outro ponto a ser levado em conta é a globalização das linhas das marcas, que buscaram uniformizar seus produtos ao redor do mundo – o que gera redução de custos de desenvolvimento e produção, devido à maior escala.

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Como eram os primeiros populares

Considerado o primeiro carro popular do Brasil, o Fiat Uno Mille, de 1990, trazia um “incrível” motor 1.0, carburado, que rendia 48,5 cv e 7,4 mkgf, acoplado a um câmbio de cinco marchas. Em 1994, o Chevrolet Corsa, um grande sucesso no mercado, oferecia 50 cv e 7,8 mkgf.

Na época, esses dois modelos tinham preços que hoje seriam inviáveis. Em 1996, a Fiat cobrava R$ 9.789 pelo Uno e a Chevrolet, R$ 11.100 pelo Corsa Wind. Na cotação atual, um Ford Ka 2005 1.0 tem preço médio de R$ 10.414.

A linha de carros populares no Brasil vinha realmente desprovida de equipamentos de série e itens de conveniência ou conforto. Ar-condicionado, direção com assistência, alarme e vidros elétricos sempre foram itens destinados às versões mais caras, às vezes como opcionais. Até o desembaçador e o limpador do vidro traseiro eram pagos à parte.


Matéria do Jornal do Carro de julho de 1997 mostrava que o consumidor optava pelos carros básicos e, depois, se tivesse dinheiro, equipava-os fora da concessionária. “Além do preço baixo, o consumidor foge dos opcionais, optando por instalá-los depois, quando tiver dinheiro. Os acessórios preferidos, segundo os revendedores, são ar-quente, limpador e lavador traseiros, vidros e travas elétricas.”

De lá para cá, os preços cresceram, mas alguns veículos continuavam a ser os mesmos de 1996, ainda que mais caros – caso do Corsa sedã, que até o final da vida, em 2016, era o mesmo carro, mas batizado de Chevrolet Classic.

O mesmo ocorria com o Uno Mille, que essencialmente só teve pequenas modificações visuais, mas teve que sair de linha em 2013 pois não conseguiria mais atender um dos requisitos que fizeram os carros evoluir: a obrigatoriedade do uso de freios ABS e air duplo frontal a partir de 2013. Vale o adendo de que ele saiu de linha custando R$ 31.200.


Reforço em segurança

A saída do Mille do mercado mostra que, se os testes de colisão ainda são os mesmos e o requisito mínimo exigido pelo governo está abaixo da maioria de testes independentes, como os criados pelo NCAP, outros itens estão aos poucos colocando os carros em melhor situação no País.

Atualmente todos os populares que restaram têm os dois air bags frontais obrigatórios e freios com ABS, exigidos também para todos os outros modelos comercializados no País. No entanto, a saída forçada de outros modelos, como o VW Gol G4, elevou o nível com a chegada de projetos globais, como o Up! que recebeu cinco estrelas no LatinNCAP.

Como o gosto do consumidor amadureceu, os carros precisaram ficar com um visual melhor e mais agradável. O exemplo máximo foi a chegada do Hyundai HB20, cinco anos atrás. O hatch oferecia um design moderno e itens de série que se tornaram mandatórios, como ar-condicionado, direção hidráulica e trio elétrico.


Esse mote levou os rivais a irem pelo mesmo caminho. Não à toa, além do Hyundai os outros dois modelos que formam os três mais vendidos do País, Chevrolet Onix e Ford Ka, também apostam no design atraente e em versões de entrada bem recheadas.

Motores eficientes e câmbio automático

Se algumas leis deixaram os carros mais seguros, outras fizeram com que se tornassem mais eficientes, menos poluentes e mais econômicos. Com regras mais rígidas, os motores antigos que ainda estavam em uso precisaram ser renovados.

A base para os compactos sempre foram os modelos de 1 litro, que pagam uma alíquota menor de imposto. Os antigos de quatro cilindros foram sendo aposentados e novos propulsores de três cilindros entraram em seu lugar.


O da Volkswagen, adotado em Up!, Gol e Fox, rende até 82 cv e e 10,4 mkgf com etanol. A marca alemã e a Hyundai, que também tem um três-cilindros, apostaram ainda em versões turbinadas desses motores – que entregam mais potência e torque, com um consumo menor.

Outra novidade foi a chegada de opções com câmbio automático ou automatizado. Esses itens não faziam parte dos catálogos de carros populares e compactos, mas foram adotados por exigência do consumidor, que passou a buscar a mesma conveniência oferecida em segmentos maiores.

Por fim, tudo isso não veio de graça para o segmento. Hoje os carros mais populares do País tem preços que começam na casa de R$ 40 mil, quando eles já estiveram no patamar de R$ 29 mil, com o Palio Fire, por exemplo. As exceções a esse valor são o Chery QQ e o Renault Kwid, que partem de R$ 25.990 e R$ 29.990, respectivamente, mas estão longe de ser os mais vendidos.


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