A transição dos carros a combustão para os elétricos passa pela hibridização. E a Great Wall Motors (GWM), que vai lançar SUVs e picapes no Brasil a partir de 2023, pretende atuar com força neste segmento. A marca chinesa apresentou a tecnologia DHT, sigla, em inglês, de Transmissão Híbrida Dedicada. Ela foi criada pela empresa e estará no SUV Haval H6, primeiro a receber o conjunto. O utilitário chega ao País já nos próximos meses.
A gama terá sistema híbrido convencional (HEV), híbrido do tipo plug-in (PHEV) e híbrido plug-in com um motor elétrico no eixo traseiro (PHEV P4). Como destaque, a GWM frisa que a promessa é oferecer a maior autonomia em modo 100% elétrico dentre as fabricantes de veículos híbridos: 200 km. Para se ter ideia, o recém-lançado motor T8 plug-in hybrid dos Volvo XC60 e XC90 oferece até 78 km. Assim, promete eficiência de sobra. A intenção da Great Wall é entregar ao motorista uma experiência real de conduzir um veículo elétrico.
“Enquanto em um veículo híbrido convencional o motor elétrico serve como suporte ao motor a combustão, no sistema DHT GWM é a motorização elétrica que é o personagem principal, deixado o motor a combustão apenas como apoio quando for necessário”, explica Oswaldo Ramos, diretor comercial da GWM Brasil.
Dados
O sistema DHT GWM consiste, a princípio, em um motor 1.5 turbo (a gasolina), outros dois motores elétricos (Dual Motor) e um par de engrenagens fixas que conectam o motor a combustão às rodas. Assim, recebeu a denominação 1.5T+DHT130. Nele, a potência vai de 243 cv a 393 cv e a tração é dianteira. Dados apontam para até 58,1 mkgf de torque máximo. Dessa forma, leva entre 6,5 segundos e 8 segundos para arrancar de zero a 100 km/h.
O PHEV vem com a mesma configuração. Entretanto, adiciona uma bateria maior, que fornece a autonomia elétrica de até 200 km. Já o PHEV P4 usa um motor elétrico extra no eixo traseiro. Assim, tem entre 393 cv e 483 cv de potência, e um torque de 77,7 mkgf. Aqui, a aceleração é digna de esportivo: zero a 100 km/h entre 4,8 segundos e 5 segundos. Mas a autonomia cai para 180 km. Cabe ressaltar que esta versão tem tração nas quatro rodas.
De acordo com os executivos da Great Wall, a motorização elétrica tem três funções nesse sistema. A princípio, transmite o movimento diretamente para as rodas, bem como recarrega a bateria do conjunto híbrido e, quando necessário, auxilia o motor a combustão gerando torque adicional. Mas ele também permite usar o motor a combustão como gerador, que alimenta a bateria enquanto os motores elétricos usam a sua energia para tracionar as rodas.
Em síntese, a ideia da autonomia proposta pela tecnologia DHT consiste em tirar a necessidade de uso do motor a combustão em ambientes urbanos. Neste caso, funciona em velocidades inferiores a 140 km/h. Os modos, entretanto, só serão selecionáveis no PHEV. Nos demais, o sistema alterna os modos de forma automática, conforme a necessidade.
Câmbio
Cabe ressaltar que a transmissão também é diferente. Tem apenas 2 marchas. Uma serve para médias velocidades, outra para altas rotações. O pessoal da GWM frisa que tudo é feito com baixo nível de ruído e vibração. De acordo com os executivos da marca chinesa, a tecnologia DHT é voltada à plataforma LMN, destinada aos SUVs. Dessa forma, as picapes – ainda em desenvolvimento na China – terão outro sistema híbrido no Brasil.
Sobre vendas, Ramos afirmou, durante a apresentação para a imprensa, que a GWM implantará uma nova forma de comercialização de carros. “Nasceremos com cobertura nacional e ofereceremos opções tanto de compra quanto de assinatura para os clientes. O pós-vendas também promete os mais variados serviços, como leva-e-traz, carro reserva, garantia de 8 anos para as baterias e outras soluções”, diz o executivo, ainda sem dar muitos detalhes.