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Incêndio em fábrica de chips atinge 30% das peças do mundo e agrava escassez do produto
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Incêndio em fábrica de chips atinge 30% das peças do mundo e agrava escassez do produto

Empresa japonesa acredita que terá estoque de chips para mais um mês. Volkswagen afirma que escassez do produto poderá durar até quarto trimestre de 2021

Emily Nery, para o Jornal do Carro

23 de mar, 2021 · 7 minutos de leitura.

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Semicondutores são peças necessárias para o funcionamento de todo o sistema eletrônico de um veículo
Semicondutores são peças necessárias para o funcionamento de todo o sistema eletrônico de um veículo
Crédito:Reprodução/Reuters

Como se já não bastasse a falta de chip eletrônicos em escala mundial, um incêndio na gigantesca fábrica de semicondutores (chips) irá agravar mais ainda a situação da indústria automotiva. Estima-se que cerca de 30% das peças do mundo serão afetadas.

Estamos falando da Renesas Eletronics, empresa japonesa de semicondutores, que registrou um incêndio na fábrica em Naka, na última sexta-feira. De acordo com a companhia, um tanque de placas pegou fogo devido a uma sobrecarga elétrica. Dessa forma, as chamas se alastraram para 11 de suas unidades de fabricação. Felizmente, ninguém se feriu.

A empresa afirma que possui um estoque para atender as montadoras por mais um mês. Assim, as consequências físicas não serão imediatas. O impacto imediato, contudo, ocorreu na bolsa de valores. Não somente a Renesas, mas também a Honda, Toyota e Nissan perderam valor em suas ações.

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Incêndio na fábrica da Renesas em Naka, no Japão chips
Incêndio na fábrica de chips em Renesas em Naka, no Japão Reprodução/Renesas

Contudo, a Renesas fornece chips para empresas fora do Japão. A empresa tem cerca de 30% de participação global de semicondutores automotivos. A maioria dos seus clientes, contudo, são fabricantes de peças automotivas e não montadoras de veículos. Mesmo assim, a cadeira como um todo será afetada.

Produção escassa até setembro

A Volkswagen já demostrou preocupação com a notícia e acredita que a escassez deve durar até o outono do hemisfério norte, equivalente ao meses da nossa primavera.


Em entrevista à BBC, Scott Keogh, presidente-executivo da VW para a América do Norte, disse ainda que algumas fábricas provavelmente irão diminuir os turnos. Contudo, espera que a ociosidade não seja tão grande a ponto de suspender as atividades.

De acordo com a Renesas, o reinício da produção deve começar daqui a um mês. Já o portal Nikkei Asia deu uma visão mais pessimista: até três meses para a produção normalizar. Por sua vez, o governo do Japão prometeu ajuda ao setor.


A culpa é da pandemia

Conforme noticiamos no Jornal do Carro, a vasta maioria das montadoras paralisou ou está paralisando suas produções pela falta destes componentes.

No começo da pandemia da Covid-19, as marcas suspenderam as compras de semicondutores por causa da baixa nas vendas. Em contrapartida, os fabricantes destas peças aumentaram o fornecimento para empresas de equipamentos eletrônicos, como smartphones, televisões, notebooks e videogames.

Fábrica da joint-venture entre FAW e Volkswagen
Desequilíbrio entre oferta e demanda de peças causou a escassez dos chips Divulgação/VW

Todavia, o rápido reaquecimento das vendas de veículos surpreendeu as montadoras. Os estoques de microchips acabaram e as fornecedoras ficaram sobrecarregadas na produção.

O preço do componente, obviamente, subiu. Como para montagem de um veículo utiliza-se dezenas ou até centenas de semicondutores, o valor do modelo aumentou e ainda irá aumentar substancialmente.

E no Brasil?

A falta do insumo atingiu as linhas de produção do Chevrolet Onix e Onix Plus. Na última semana, a GM confirmou que paralisará a produção do hatch até maio. No começo de março, o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (RS) afirmou que a fábrica de Gravataí funcionará em apenas um turno após as férias coletivas.


Desse modo, deverá levar até cinco meses para que a produção do hatch e do sedã volte ao normal.

Fábrica GM Gravataí
Produção do Onix e Onix Plus ficará suspensa até maio GM/Divulgação

A Honda suspendeu a fabricação do Civic durante os dez primeiros dias de março e no começo de fevereiro. Já a Volvo anunciou nesta segunda (22) que irá paralisar a maior parte da linha de montagem de caminhões até o final do mês.


Em Betim (MG) a Fiat reduziu o ritmo de fabricação na fábrica mineira durante duas semanas, do dia 10 de março ao dia 22. De acordo com o jornal O Tempo de Betim, cerca de 600 funcionários receberam férias coletivas pela suspensão de um dos turnos.

A Volkswagen confirmou na última sexta-feira (19), o fechamento temporário de todas as suas fábricas no Brasil durante 12 duas corridos. Segundo a empresa, a decisão busca frear a propagação da Covid-19.



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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.