Belisa Frangione
“Nossa, uma mulher fazendo inspeção?” Essa frase é a que Cintya Motizuki Lepore mais escuta ao longo de seu expediente como inspetora do Centro de Inspeção Veicular (CIVA) Cidade Dutra, na zona sul da capital, e costuma ser a primeira reação dos motoristas quando a veem. A segunda ela só conhece após o resultado. “Quando o carro é aprovado, às vezes ouço parabéns e elogios. Se reprovado, falam coisas do tipo ‘Ah, tinha de ser uma mulher mesmo.’ Já me acostumei”, ri.
Em 2009, Cintya soube por meio de um conhecido que a Controlar iria inaugurar um posto no bairro e resolveu enviar um currículo para a empresa. Com o segundo grau completo, ela recebeu treinamento para trabalhar como assistente. Mas queria mais.
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Concluiu o curso preparatório para inspetor técnico de emissões veiculares, ministrado pelo Senai Ipiranga e conseguiu ser promovida ao cargo de inspetora. O novo cargo fez com que ela definisse qual seu plano para o futuro. “Quero cursar a faculdade de engenharia mecânica”, conta.
O contato com os clientes é evitado por orientação da própria Controlar. Quem dá as explicações em caso de eventual reprovação é um assistente técnico que fica na pista. Cintya conta que certa vez um cliente se recusou a prosseguir com a inspeção quando viu que a responsável técnica era uma mulher.
Em outra ocasião, o dono de veículo questionou o fato de ela estar guiando o carro dele. “Ao final da inspeção temos de conduzir o veículo ao cliente”, explica a inspetora.“ Talvez ele não soubesse que uma das exigências da empresa é que seus funcionários tenham carteira de habilitação”, ironiza. O expediente de Cintya começa às 6h45 e se encerra às 13h. Diariamente, ela inspeciona por volta de 50 veículos.
