A empresária Evelyn Trotta sabe que as viagens de carro com o filho de 4 anos são desafiadoras. Pietro faz manha, pede colo e não tem paciência. “Ele já deu trabalho a ponto de me fazer chorar. E sempre odiou ficar na cadeirinha”, conta a mãe.
Passar horas confinada é muito desgastante para qualquer criança. “Durante a viagem, há uma expectativa que nem sempre se realiza como ela espera”, explica a psicoterapeuta Auricélia Nunes. “O prazer que ela sente por ir aonde tanto deseja acaba virando frustração, quando o tempo até a chegada não corresponde ao tempo interno dela.”
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Para acalmar os pequenos, os pais devem dar atenção e conversar com eles. Diante da pergunta inevitável (“Falta muito?”), a pediatra Fernanda Dias recomenda franqueza. “É preciso falar sobre o que está ocorrendo, de maneira simples e sem mentiras. Pedir que ela se cale e brigar com ela só piora as coisas.”
Recursos de entretenimento a bordo são aliados poderosos nesses momentos. Pietro, por exemplo, assiste a DVDs do Mickey e não dispensa as canções do roqueiro Frejat.
Mas a família não deve desperdiçar a oportunidade de estreitar as relações. “Contar estórias, conversar, brincar e cantar são coisas que todos podem fazer juntos. Esse momento de encontro em meio à rotina traz um ganho enorme”, diz Auricélia.
Na hora do aperto
Se as coisas saírem do controle, Auricélia afirma que os pais devem evitar negociar com os filhos, barganhando comportamentos satisfatórios em troca de compensações.
“O melhor é ensiná-los a lidar com os sentimentos: frustração, cansaço, medo. Em algum momento, os pais não serão capazes de oferecer recompensas, e o que poderia ser resolvido com uma conversa vira um jogo de ganhos e perdas, difícil de corrigir”, ela alerta.
Fernanda diz que, na hora do desespero, é preciso manter a calma e tentar entender o que está havendo com a criança. “Se ela está ‘dando show’, é porque está angustiada.”
MANUAL DE BORDO
*Crie situações de interação com a criança. Faça contato visual pelo retrovisor e converse. Cantoria e brincadeiras deixam o clima mais descontraído.
*Responda às perguntas da criança com franqueza. Uma explicação clara e simples as tranquilizará. É importante que ela possa entender o que se passa, inclusive em imprevistos. Mandá-la ficar quieta só aumenta a tensão.
*Os pequenos se entretêm com facilidade com as coisas de que gostam, como brinquedos, bichos de pelúcia, música e filmes.
*O tempo de viagem pode se estender além do estimado. Por isso, não deixe de levar lanches e água. Também é bom ter à mão fraldas e uma troca de roupa.
*Em viagens mais longas, todos precisam parar para esticar as pernas. Mas a criança tem a bexiga menor. Por isso, dose a ingestão de líquidos com parcimônia.
*Na hora do choro ou da birra, mantenha a calma e tente entender o que está acontecendo com a criança.
Fontes: Auricélia Nunes, psicoterapeuta e psicopedagoga, e Fernanda Dias, pediatra.
