A Ferrari virou a chave da eletrificação e apresentou, em vídeo-conferência, o supercupê 296 GTB. Trata-se do segundo esportivo híbrido da história da marca italiana, mas o primeiro a ser produzido em série. Além disso, o híbrido Ferrari 296 GTB é o primeiro modelo de rua da fábrica de Maranello a usar a configuração V6.
Sim, os cupês Dino 206 GT, 246 GT e 246 GTS usaram motor V6 nos anos 1960 e 1970, mas não usavam o emblema da Ferrari. Anteriormente, a Ferrari só havia usado motor V6 em seus modelos de competição e performance, desde o F2 Dino 156 de 1957.
Pensando na era atual, o 296 GTB herda sua mecânica do conceito implantado na Fórmula 1 em 2014, e alcança, assim, os 830 cavalos.
Ferrari de rua com toques de F1
O cupê Ferrari 296 GTB usa, portanto, o pacote da era híbrida da Fórmula 1 e associa motor V6 a gasolina com turbo centralizado entre as bancadas. Além disso, há motor-gerador elétrico baseado em energia cinética (MGU-K) e motor elétrico com baterias de alta performance (7,45 kWh).
Dessa forma, o motor 2.9 V6 central (limitado a 8.500 rpm), com turbo, gera sozinho 663 cv de potência, e um torque robusto de 75,2 mkgf. Assim, o V6 bebe gasolina “pódio” de um tanque de 65 litros e tem potência específica de 221 cv/litro, recorde para um carro de rua.
Por outro lado, o sistema elétrico traseiro é capaz de fornecer mais 167 cv, recarregando na tomada (híbrido plug-in), para empurrar o supercarro por 25 km, com máxima de 135 km/h, sem recorrer ao V6.
Tudo é gerenciado pelo câmbio automatizado de dupla embreagem de oito marchas, com diferencial eletrônico, mesma transmissão de Ferrari SF90 Stradale, Ferrari Roma, Portofino M e SF90 Spider.
As forças somadas empurram o superesportivo de zero a 100 km/h em apenas 2,9 segundos, com 0-200 km/h feito em 7,3 s. Assim, a velocidade máxima é de 330 km/h e o tempo de volta em Fiorano é de 1min21.
O significado o nome
A Ferrari escolheu o nome 296 GTB por conta da capacidade total do motor (2,9 litros), do total de cilindros (6 em V a 120 graus), com a adição das iniciais GTB (Gran Turismo Berlinetta). O 296 GTB também é o primeiro modelo híbrido da Ferrari com entre-eixos curto, garantindo um uso rotineiro mais “tranquilo”.
Assim, o supercupê tem 4,56 m de comprimento (pouco menor que um sedã médio como o Toyota Corolla), com 2,60 m de entre-eixos. Altura é de apenas 1,18 m, com peso a seco de 1.470 kg, graças aos 30 kg de redução para um motor V7, que garante a relação peso-potência de 1,77 kg/cv.
Alta tecnologia a bordo
Além da mecânica eletrificada, a Ferrari 296 GTB também ousa em termos visuais e de arranjo interno. O visual sinuoso e compacto é uma referência ao cupê de competição 250 LM, de 1963.
Da LaFerrari vem o spoiler ativo integrado ao para-choque traseiro, que permite alto nível de downforce traseiro: até 360 kg a 250 km/h. E da SF90 Stradale vem a possibilidade de reduzir peso com o pacote Assetto Fiorano, que adiciona materiais ultraleves e aerodinâmica aprimorada.
Outra novidade é o controle de distribuição de tração ABS evo, que usa dados do sensor de seis vias na carroceria, bem como dos freios “by-wire” (eletrônicos), como em carros de competição atuais.
A cabine é compacta e recheada de detalhes digitais. O botão de partida, por exemplo, é sensível ao toque e capacitivo, como a tela de um celular. Já o painel de instrumentos atrás do volante tem visor digital configurável, sendo ladeado por duas telas menores de apoio. E mais acima, um Head-Up display se camufla no acabamento de couro.
A Ferrari Roma empresta a tela de alta definição do carona, que pode exibir informações como velocidade e nível de rotações do motor. Assim, a Ferrari 296 GTB será vendida como linha 2022 na Europa, mas sem valores definidos. Estimativas giram na casa dos 250 mil euros, cerca de R$ 1,5 milhão diretos. No Brasil, o superesportivo deverá chegar já nos próximos meses, com entregas possivelmente a partir de 2022.