Os carros elétricos nunca foram baratos. Desde os primeiros modelos lançados há mais de 10 anos, como o Nissan Leaf – o primeiro de produção em massa -, os veículos movidos a eletricidade são, portanto, caros. As montadoras sempre colocaram a culpa nas baterias que, por sua vez, estão cada vez menores, mais leves e, sobretudo, com alta tecnologia para entregar maiores autonomias.
Entretanto, os dados da Pesquisa SAE Mobilidade – Edição 2021, feita pela KPMG, trouxe à tona o que já se imaginava: o brasileiro quer carros elétricos acessíveis e que sejam possíveis de serem adquiridos. Mas por aqui, trata-se de um obstáculo imenso que dependerá de vários fatores, que incluem políticas de incentivo para esses veículos.
Com o cenário econômico e político cheio de incertezas diante da pandemia, os preços dos veículos, então, não param de subir. Contudo, o avanço dos carros elétricos tem trazido mais opções ao País. E, nesse sentido, modelos mais acessíveis. Atualmente, o elétrico mais barato à venda é o JAC e-JS1, que acaba de desembarcar – e já foi testado pelo Jornal do Carro. Abaixo, você confere a avaliação em vídeo.
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De acordo com a pesquisa, 89,7% dos consumidores querem que os veículos elétricos se tornem opção de compra. O estudo foi feito entre março e abril, e entrevistou executivos do setor e consumidores. Assim, um terço do público (29,5%) apontou que acha plenamente viável a produção de carros elétricos no País. Já para 43% dos entrevistados, é parcialmente viável. Outros 7,2% se mostraram indecisos, mas 17% disseram ser parcialmente inviável. Por fim, 3,3%, acham inviável ter um carro elétrico no Brasil.
Segundo o sócio-líder para indústria automotiva na KPMG Brasil, Ricardo Bacellar, a necessidade de menor gasto leva, então, o público dos elétricos automaticamente aos modelos por assinatura. Nesse sentido, 53,5% dos consumidores se interessam pela modalidade elétrica. “Assinatura é uma alavanca (para esse mercado) porque diminui custos de aquisição e manutenção, bem como facilita a entrada e propagação no Brasil”, pondera.
Interesse e vendas em alta
A Anfavea, associação nacional das fabricantes, anunciou que os elétricos terão mais espaço em sua Carta mensal. “Vamos desmembrar os números, diferenciando, então, os elétricos dos híbridos”, informou Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade. A motivação, nesse sentido, é o recente aumento dos emplacamentos da categoria.
Ao todo, foram emplacados 3.873 carros elétricos, volume que representa 2,4% do mercado de automóveis e comerciais leves. Mas, para efeito de comparação, a participação desses modelos era de 1% no ano passado, com uma média mensal de 1.645 unidades.
Na live de apresentação da pesquisa, feita na última semana (assista aqui), Bacelar disse que esse aumento se deve, portanto, à percepção do brasileiro de que o veículo elétrico é uma inovação tecnológica. “O brasileiro sempre gostou de tecnologia”, justifica.
Infraestrutura
Ainda com fraca infraestrutura em relação às dimensões territoriais, o Brasil, contudo, caminha rumo à eletrificação. Para se ter ideia, só a Volvo – que acaba de lançar o XC40 Recharge Pure Electric – terá, então, 1.000 pontos públicos de recarga até o fim deste ano. Hoje, o número de estações da marca sueca ronda os 800 pontos.
Preço ainda é alto
Levando em conta que o salário mínimo praticado no Brasil é de R$ 1.100, nenhum carro 0-km (elétrico ou a combustão) é acessível por aqui. Contudo, a tecnologia tende a se tornar acessível ao longo dos anos – assim como aconteceu com os telefones celulares, por exemplo. E o País terá de avançar em outros âmbitos.
Atualmente, a participação dos carros elétricos e híbridos nas vendas não passa dos 2%. Mas a estimativa é de que, em 2030, eles representem entre 12% e 22% dos emplacamentos no Brasil. Ou, ainda, entre 32% e 62%, a depender da política do País tomar. Ou seja, será preciso firmar políticas públicas que estimulem as vendas dos carros elétricos para acelerar a descarbonização.
Apesar do alto preço dos carros elétricos mais novos, quase todos com etiqueta entre R$ 150 mil e R$ 300 mil, esses modelos já gozam de isenção do Imposto de Importação no Brasil. Assim, são livres da alíquota, que é de 35% sobre o valor do veículo.
Por fim, como todas as opções do mercado superam os R$ 150 mil, vamos rankear apenas os modelos mais baratos. Ou seja, que custem até, aproximadamente, R$ 200 mil – como a versão de entrada do Renault Zoe. Confira:
1) JAC e-JS1 – R$ 149.900
Potência: 62 cv
Torque: 15,3 mkgf
Autonomia: 300 km
0 a 100 km/h: 10,7 segundos
Velocidade máxima: 110 km/h
Comprimento: 3,65 metros
Largura: 1,67 metro
Altura: 1,50 metro
Entre-eixos: 2,39 metros
2) Caoa Chery Arrizo 5e – R$ 159.900
Potência: 122 cv
Torque: 28,1 mkgf
Autonomia: 322 km
0 a 100 km/h: 10 segundos
Velocidade máxima: 152 km/h
Comprimento: 4,54 metros
Largura: 1,81 metro
Altura: 1,49 metro
Entre-eixos: 2,65 metros
3) JAC iEV20 – R$ 159.900
Potência: 56 cv
Torque: 21,5 mkgf
Autonomia: 400 km
0 a 100 km/h: 4,9 segundos
Velocidade máxima: 102 km/h
Comprimento: 3,78 metros
Largura: 1,69 metro
Altura: 1,57 metro
Entre-eixos: 2,59 metros
4) JAC iEV40 – R$ 189.900
Potência: 115 cv
Torque: 27,5 mkgf
Autonomia: 300 km
0 a 100 km/h: 9,8 segundos
Velocidade máxima: 130 km/h
Comprimento: 4,14 metros
Largura: 1,75 metro
Altura: 1,56 metro
Entre-eixos: 2,49 metros
5) Renault Zoe – R$ 204.990 (versão E-Tech)
Potência: 135 cv
Torque: 25 mkgf
Autonomia: 385 km
0 a 100 km/h: 9,5 segundos
Velocidade máxima: 140 km/h
Comprimento: 4,08 metros
Largura: 1,73 metro
Altura: 1,56 metro
Entre-eixos: 2,59 metros