Até a década passada, os carros eletrificados pareciam distantes da realidade. Recarregar as baterias por horas (em vez de encher rapidamente o tanque de combustível) era um ponto crítico. Mas essa realidade chegou. Entretanto, no Brasil, quem comanda a corrida pela eletrificação são os híbridos. É uma questão de preço e infraestrutura. Ainda que recarreguem em tomadas, com sistemas plug-in, os híbridos usam motor a combustão.
Ou seja, ao contrário dos elétricos, que são alimentados exclusivamente por baterias, os híbridos podem ser abastecidos com os combustíveis tradicionais (diesel, etanol e gasolina). Mas com a vantagem de serem (bem) mais econômicos que os carros “térmicos”.
Na comparação com veículos a combustão, os híbridos também entregam maior autonomia, uma vez que oferecem assistência elétrica. No caso dos modelos plug-in, o modo elétrico permite rodar distâncias de cerca de 50 km usando apenas as baterias. Para mostrar essa diferença, o Jornal do Carro traz abaixo o consumo dos dez híbridos mais vendidos de outubro, de acordo com o levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Veja:
1º) Toyota Corolla Cross Hybrid – 911 unidades
- Motores: 1.8 flex e dois elétricos
- Consumo gasolina: 17,8 km/l (c) e 14,7 km/l (e)
- Consumo etanol: 11,8 km/l (c) e 9,7 km/l (e)
- Nota A
2º) Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid – 662 unidades
- Motores: 1.5 turbo a gasolina e dois elétricos
- Consumo: 30,3 km/l (c) e 26,9 km/l (e)
- Nota A
3º) Toyota Corolla sedan Hybrid – 576 unidades
- Motores: 1.8 flex e dois elétricos
- Consumo gasolina: 17,9 km/l (c) e 15,4 km/l (e)
- Consumo etanol: 11,8 km/l (c) e 10,5 km/l (e)
- Nota A
4º) Caoa Chery Tiggo 5X Pro Hybrid – 311 unidades
- Motores: 1.5 flex turbo flex e sistema elétrico de 48V
- Consumo gasolina: 11,8 km/l (c) e 12,3 km/l (e)
- Consumo etanol: 8,7 km/l (c) e 8,8 km/l (e)
- Nota B
5º) Caoa Chery Tiggo 7 Pro Hybrid – 205 unidades
- Motores: 1.5 turbo flex e sistema elétrico de 48V
- Consumo gasolina: 11,6 km/l (c) e 11,4 km/l (e)
- Consumo etanol: 8,5 km/l (c) e 8,6 km/l (e)
- Nota A
6º) Mercedes-Benz C200 – 198 unidades
- Motores: 1.5 turbo a gasolina e sistema elétrico de 48V
- Consumo: 11,1 km/l (c) e 13,9 km/l (e)
- Nota A
7º) Land Rover Defender 90 – 168 unidades
- Motores: 3.0 turbo diesel e sistema elétrico de 48V
- Consumo: 11,6 km/l (c) e 11,9 km/l (e)
- Nota B
8º) Land Rover Discovery – 86 unidades
- Motores: 3.0 turbo diesel e sistema elétrico de 48V
- Consumo: 11,4 km/l (c) e 11,6 km/l (e)
- Nota B
9º) Volvo XC90 Recharge – 84 unidades
- Motores: 2.0 turbo a gasolina e elétrico
- Consumo: 23,5 km/l (c) e 21,2 km/l (e)
- Nota A
10º) Volvo XC60 Recharge – 77 unidades
- Motores: 2.0 turbo a gasolina e elétrico
- Consumo: 26,7 km/l (c) e 24,3 km/l (e)
- Nota A
Como são feitos os testes?
O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBVE) do Inmetro classifica os veículos à venda no Brasil com base na eficiência energética. O órgão fornece dados sobre o consumo de combustível (cidade/estrada) e as emissões. Para isso, realiza ensaios em laboratório com aplicação de índices de correção, para aproximar os resultados da “vida real”.
Para obter o certificado, os produtos são submetidos a um teste em pista, bem como fazem a medição de consumo em laboratório. Esta segue as normas ABNT NBR 7024 e, assim, cumpre os ciclos de condução nos padrões urbano e rodoviário, com combustíveis de referência.
Em seguida, após a validação dos dados, os veículos recebem etiquetas – fixadas nos para-brisas – que trazem a classificação geral e por categoria. As notas variam de “A” até “E”, para os carros mais ou menos eficientes. No total, existem 145 modelos híbridos e 45 do tipo plug-in na lista de 2022 do Inmetro. Os dados foram atualizados no mês passado.
Evolução dos híbridos
Nos carros híbridos, o motor a combustão basicamente trabalha em conjunto com um ou mais motores elétricos. Mas, como de praxe, a tecnologia evoluiu muito e, atualmente, os números são bem melhores que há cinco anos, quando esse mercado era minúsculo. Para se ter ideia, em 2018, o Toyota Prius fazia média (cidade/estrada) de 17,95 km/l com gasolina pelo Inmetro. E, dessa forma, no topo da lista dos carros mais econômicos do mercado.
Hoje a história é outra, e o híbrido mais econômico do Brasil, o Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid faz quase o dobro: 30,3 km/l. Isso é, no entanto, mérito da combinação entre motor 1.5 turbo a gasolina aliado a um motor elétrico. Na estrada, o número cai para 26,9 km/l.
Gasto maior na estrada
Vale explicar que, ao contrário dos modelos a combustão, a autonomia do híbrido é, em grande parte, maior na cidade que na estrada. Isso ocorre porque, em velocidades baixas, os motores elétricos atuam praticamente o tempo todo. Esses propulsores também podem auxiliar os motores a combustão, poupando o gasto com combustível.
Ainda nesse sentido, os híbridos têm sistemas que transformam a energia das frenagens em eletricidade para recarregar as baterias. E os híbridos plug-in, por sua vez, dão a possibilidade de carregamento em fonte externa (tomadas, eletropostos e Wallbox). Suas baterias maiores entregam autonomia extra em modo 100% elétrico.
Preços são empecilho
O percalço fica, de fato, pelo preço mais alto que os modelos equivalentes a combustão. Para se ter ideia, o Corolla Cross, por exemplo, parte de R$ 158.790 na versão de entrada XR, com motor 2.0 a combustão. A versão híbrida mais barata, todavia, a XRV, não sai por menos de R$ 200.290. E pode ficar ainda mais cara, afinal, pela variante topo de linha XRX, a Toyota pede R$ 208.390.
Talvez isso justifique porque, ainda, as versões híbridas do modelo representem apenas um terço do total das vendas. De acordo com dados da Fenabrave, o modelo emplacou 35.211 unidades no acumulado entre janeiro e outubro. Desse total, pouco mais de 10 mil unidades são das configurações híbridas. Para compensar a falta de incentivo, ele e os demais modelos eletrificados têm isenção de rodízio, por exemplo, para quem mora na capital paulista.
*Fonte: ABVE Data