O Honda CR-V 2021 chega às lojas brasileiras trazendo poucas alterações externas, mas um importante reforço tecnológico. O SUV médio é importado dos Estados Unidos ao preço sugerido de R$ 269.900 (R$ 274.700 para o estado de São Paulo) na versão Touring.
São pelo menos R$ 60 mil de acréscimo para o valor do modelo 2020, justificados não só pelo enfraquecimento do real, mas por novidades a bordo. A Honda não revela as suas pretensões de mercado, mas apontou que o ritmo deve seguir similar ao de 2020. Assim, o volume de importação deve ser de 500 unidades totais no ano, distribuídos em lotes mensais, conforme demanda.
A crise sanitária forçou o adiamento dos testes de imprensa e também limitou o período de contato. Ainda assim, o Jornal do Carro ajuda a responder: vale a pena pagar o preço pelo CR-V 2021? De fato, é uma questão fundamental num mercado com novidades como Jeep Compass, Ford Bronco Sport, o já citado Toyota RAV 4, além dos novos Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos e o Peugeot 3008.
Motorista agora tem assistentes de segurança
O pacote de segurança Honda Sensing é o grande trunfo deste novo CR-V Touring, com auxílios ao condutor e itens de segurança ativa. Dessa forma, o Sensing reúne assistente de mudança de faixa, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com ajuste de velocidade, que operam plenamente entre as velocidades de 40 km/h e 145 km/h.
Sistemas para mitigação de evasão de pista e de frenagem para redução de efeitos de colisão também estão no pacote e funcionam entre 72 km/h e 142 km/h. Num primeiro estágio, disparam alertas visuais e sonoros; depois acionam os freios para diminuir gravidade do choque.
Há ainda monitoramento de atenção do condutor, bem como controle vetorial de torque ligado ao controle de tração e estabilidade. Além disso, traz seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), ganchos Isofix para cadeirinhas e freio de estacionamento elétrico. Por fim, pequenas mudanças estéticas completam a lista.
O visual do novo Honda CR-V
Principal alteração visível: o cromado deixa a frente (segue bicuda, mas menos “pesada”) a passa a sublinhar toda a lateral, além da tampa do porta-malas. Não dá para dizer que o cromado combina com o perfil do CR-V, mas, de certa forma, ressalta a beleza das rodas de liga leve de 18” escurecidas.
Mas polêmico mesmo é o uso de apliques plásticos imitando madeira no interior da cabine. São lisos demais para convencer, destoam completamente e quebram a unidade do acabamento, que é classudo, com materiais suaves ao toque na parte superior.
Do painel intermediário para baixo tudo se perde: podemos contar sete tipos diferentes de texturas, incluindo o aplique amadeirado. Uma régua metalizada fosca, ou mesmo uma textura plástica escurecida, poderiam cumprir melhor o papel funcional e estético.
Apesar do preço, não há muitas opções em termos de cores: quem comprar precisa decidir entre branco (Pearl, perolizado), preto (Crystal Black Pearl, também perolizado) e prata (Platinum Silver Metallic, metálico).
Desempenho não empolga
O Honda CR-V Touring 2021 mantém a ficha técnica e sua motorização única. Falamos do 1.5 turbo com injeção direta de gasolina, DOHC, de 190 cv e 24,5 mkgf, com câmbio CVT e tração integral. Diferente do que a rival Toyota faz com o RAV4, a Honda não trouxe o CR-V Hybrid.
Mais do que uma opção extra de motorização, poderia ser um fator decisório para atrair o consumidor. Lembra da terceira geração, importada do México ali em 2008? Lembra do quanto era bom saber que a versão 4×2 cabia no bolso por R$ 95 mil, mas que existia também uma opção 4×4 com um pouco mais de atitude?
Pois essa atitude extra que poderia estar nos 213 cv do CR-V híbrido fazem falta. E, talvez, a Honda soubesse disso ao esperar mais de um ano para trazer o CR-V 2021. Isso porque o 1.5 turbo faz o serviço, mas apenas isso. Não empolga e não traz aquele “carisma mercadológico” ao CR-V 2021.
Talvez o fato do modelo anterior nunca ter ocupado a lista dos 40 SUVs mais vendidos da Fenabrave já apontasse essa ligeira “apatia”.
Tecnologia reforçada
Fora o Honda Sensing já citado, o CR-V 2021 apresenta também atualizações tecnológicas funcionais para o motorista, bem como para comodidade e entretenimento. Tecnologia de abertura do porta-malas sem chave, com sensor de aproximação, funciona muito bem tanto para abrir quanto para fechar a tampa traseira. Assim, basta se aproximar, com a chave no bolso e arrastar o pé sob o para-choque.
A Honda diz que outra novidade, o botão físico no sistema de entretenimento, atende a pedido de clientes. Ou seja, é funcional no acionamento e deixa o uso mais preciso. Isso porque a tela de 7 polegadas tem resposta ruim aos comandos e é lenta e imprecisa.
Da mesma forma, o sistema operacional é complicado de usar, com agrupamento confuso, que dificulta achar configurações e informações de forma rápida. Só que essa confusão “espirra” no painel de instrumentos. Por um lado, é bonito, bastante colorido e animado, e entrega rapidamente velocidade imediata e rotações do motor.
Mas quem quiser resetar o hodômetro parcial, encontrar uma segunda indicação (“trip B”) ou mesmo o consumo médio vai ter mais dificuldade. Sorte que o head-up display (HUD) acrílico ajuda: também é colorido e traz as informações condensadas (inclusive do GPS) de forma mais prática que o cluster principal.
Mais conectividade
Ah, o novo carregador por indução (sem uso de cabos) funciona bem, mas para celulares de no máximo 6 polegadas. Qualquer aparelho maior do que isso, caso dos smartphones de topo de gama, vai escapar da bandeja de recarga. Pelo menos, há o alento das duas entradas USB (tipo A, de 1 e 1,5 A) para carregamento e conexão com a multimídia.
Por sinal, a conectividade é feita por meio das interfaces Android Auto e Apple Carplay, e seus recursos muito práticos de aplicativos de mapa, música e entretenimento.
Vale ainda ressaltar que o teto solar de duas lâminas é bonito e muito funcional. Ilumina e “arreja” a cabine na medida certa e, acredite, serve como boa distração para crianças em longos passeios ou viagens.
Como anda o CR-V 2021?
Apesar das boas especificações do motor 1.5 turbo, o CR-V é “pesado” ao deixar a imobilidade, seja do estacionamento, seja em saídas de semáforo. Em movimento, sobretudo em velocidade de cruzeiro, o SUV parece mais esperto em suas respostas e retomadas. Na soma, temos um comportamento totalmente familiar, com motor e câmbio operando em ritmo satisfatório.
A Honda aponta um consumo referenciado pelo Inmetro de 11 km/l na cidade (antes era 10,4 km/l), e de 12,3 km/l no rodoviário (contra 11,9 km/h). Melhorias por conta do sistema Idle Stop, que desliga o motor em paradas para economizar combustível.
O pacote Honda Sense também brilha. Os sensores e radares de distância que comandam o controle de cruzeiro adaptativo e a frenagem automática são muito precisos. E mantém distância, velocidade e espaço de outros veículos mesmo na cidade, em condições de trânsito pesado. Melhor: são fáceis de acionar.
Apenas o LKS (Lane Keeping Assist, ou assistência de manutenção de faixa) é um pouco mais “exigente”. Durante o teste, ele mostrou precisar de faixas bem pintadas e definidas para operar corretamente, mantendo o SUV centralizado na via.
Por fim, de forma alguma é possível reclamar do espaço. Os 2,66 m de entre-eixos e o porta-malas com amplo acesso e facilitado acesso (volume vai de 522 a 1.084 litros) passam tranquilidade total a quem vai transportar cinco pessoas, sejam adultos ou tendo crianças incluídas na conta.