Em 2022, as vendas de carros elétricos (EV) somaram mais de 10 milhões de unidades no mundo. Foi um novo recorde do segmento, que está começando a dar passos mais largos. Embora algumas montadoras tenham demorado para entrar no jogo, hoje, há uma ampla lista de modelos movidos a bateiras. Principalmente, em mercados como Europa, EUA e China. E nesse processo, muitas startups surgiram no caminho.
Com o chamado “boom” dos elétricos, até marcas tradicionais fizeram apostas em modelos EVs. Esse é o caso, por exemplo, da Volkswagen. E os lançamentos, após tempo e investimento, têm gerado retorno para as fabricantes. Por conta disso, a maioria das startups estão ficando para trás e fechando as portas. É o que indica um levantamento do portal Automotive News. Os motivos são muitos e abrangem desde questões financeiras até a confiabilidade.
Prova disso é que, no começo de 2021, a Harvard International Review publicou um artigo analisando o estrondoso sucesso das startups de veículos elétricos. O texto cita como exemplo as ações da chinesa Nio, que subiram cerca de 1.084% em apenas um ano. Ou seja, fez com que montadora se tornasse a 4ª mais valiosa do mundo, superando até a GM.
Mas o caminho foi outro
Mesmo com a ampla procura por conta das ideias inovadoras e revolucionárias, o artigo analisou a possibilidade dessas startups se tornarem a nova “bolha econômica”. Para isso, resgata o escândalo da Nikola Motors, acusada de fraude e que chegou a valer US$ 34 bilhões. Na época, nomes como Faraday Future, Aptera, Arrival, entre outros começaram a receber investimentos massivos, com os chamados “cheques em branco”.
No entanto, o desempenho não foi como esperado. Embora tenham ganhado mais de centenas de milhões de dólares, as startups não apresentavam nenhum modelo elétrico final. Dessa forma, a SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA, começou uma forte investigação de negócios de fachada. De acordo com a reportagem do Automotive News, muitas delas não tinham recursos financeiros nem para 30 dias de operação. Por fim, o levantamento mostra que, entre as 10 startups avaliadas, apenas quatro conseguiriam sobreviver até o final de 2023.
Tempo é curto
No artigo, a Harvard comenta que não havia lógica nas avaliações que conduziam essas empresas ao sucesso. A Tesla é o maior exemplo nesse sentido. A marca pioneira na produção em massa de carros elétricos de luxo obteve lucro pela primeira vez na sua história em 2020. Lembrando que a montadora foi fundada em 2003 pelo bilionário Elon Musk.
O fato é que, com as startups de elétricos em xeque, e a independência cada vez maior das montadoras em relação às últimas tecnologias de baterias, resta saber quanto tempo alguns negócios irão durar. Afinal, as grandes marcas fizeram parte do impulso dessas startups há uns três anos atrás. Mas, agora, estão recuando e apostando em seus produtos.