Com os carros novos valendo uma fortuna, logo surge a dúvida: vale mais comprar um 0-km ou um seminovo premium? Tem gente que gosta do cheiro de carro novo e da sensação de estar “livre de problemas”. Mas há quem prefira pagar valor semelhante e pegar um usado mais completo, potente e com status. Para este público, há uma vasta lista de modelos de luxo no mercado de usados. É só garimpar. E foi isso que o Jornal do Carro fez.
A princípio, é preciso ter em mente que qualquer SUV 0-km no Brasil, por exemplo, não custa hoje menos que R$ 100 mil. Sem contar a espera pela chegada do modelo – em alguns casos. Tem carro que, se adquirido agora, chega só em 2023. Culpa da escassez de semicondutores, que vem atrasando a produção dos veículos mundo afora.
É por essas e outras questões que muita gente vêm buscando por usados de marcas de luxo, como Audi, BMW, Land Rover, entre outras. Os preços variam a depender do modelo, da categoria e até da nacionalidade – alguns são ou foram feitos no Brasil. Entretanto, em meio à disparada dos preços dos carros 0-km, alguns são boas compras.
Preço igual x conta mais alta
Todavia, cabe um adendo. “O interessado em usados de luxo deve ter em mente que esses modelos premium, mesmo que produzidos no Brasil, têm custos de manutenção mais altos. Uma peça, por exemplo, pinça de freio, amortecedor ou outro componente, têm preços bem mais elevados que os componentes de carros zero-km nacionais na mesma faixa de preço”, pondera Fernando Trujillo, consultor da IHS Markit.
Portanto se, na hora de fechar negócio, determinado usado pode apresentar valores semelhantes e mais benefícios frente aos 0-km, esses carrões de segunda mão, por outro lado, podem esconder valores de IPVA, seguro e manutenção preventiva astronômicos. “Não é uma comparação tão direta”, esclarece Trujillo. “Vai de gosto, não tem muito o que fazer”, enfatiza.
Por exemplo, se te arrancarem o retrovisor de um Audi Q3 2017, que custa média de R$ 115.000, você não paga menos de R$ 1.500 por uma peça nova. Entretanto, a mesma peça de um Chevrolet Tracker 0-km (também na faixa de R$ 115.000) chega a custar 1/3 do valor. Por fim, coloque tudo na ponta do lápis e boa compra!
Abaixo, você confere boas opções de usados premium disponíveis no mercado:
Volvo V60 T5 Momentum – 2016
Média: R$ 125.000
Muita gente usa o termo “save the wagons” (algo como salve as peruas, em português), mas se esquece que, mesmo com pouquíssimas opções – ou quase nenhuma – de modelos zero-km, o mercado de usados reúne diversas opções em perfeito estado. Forte exemplo disso é o belíssimo Volvo V60. O modelo sueco, além de extremamente bem resolvido em termos visuais, trata-se de uma opção premium bastante refinada e tecnológica. Sem contar o excelente espaço tanto no interior quanto no porta-malas – neste, cabem 430 litros.
Em rápida busca pela internet dá para encontrar unidades do modelo T5 Momentum (2015/2016) com preço médio de R$ 125.000. Tem motor 2.0 turbo a gasolina de 245 cv e 35,7 mkgf que trabalha em conjunto ao câmbio automático de 8 marchas. Na lista, controle automático de velocidade, sensor de estacionamento e regulagem de altura para bancos e volante, por exemplo.
Audi Q3 – 2017
Média: R$ 110.000
O Audi Q3 teve produção nacional entre 2016 e 2019. E, portanto, trata-se de mais um modelo interessante na lista de usados de luxo. O SUV tem desde unidades mais antigas até outras supervalorizadas, com preços acima de R$ 125.000. Aliás, se garimpar, dá para achar até por R$ 99.000. Mas, em média, o modelo (2016 a 2017) custa entre R$ 105.000 e R$ 115.000.
E pode valer a pena, afinal, tem bancos revestidos com couro, controle de tração e sensor de estacionamento entre os itens. No mais, ar-condicionado automático, porta-malas com acionamento elétrico e piloto automático adaptativo estão no pacote, assim como banco do motorista com regulagem elétrica e espelhos retrovisores rebatíveis por botão. Por outro lado, ao contrário dos modelos mais modernos, o SUV ainda tem CD Player. Entretanto, o motor é o eficiente 1.4 TFSI flex com injeção direta. Em números, gera 150 cv e 25,5 mkgf de torque.
Mercedes-Benz C 180 – 2019
Média: R$ 140.000
Feito, à época, na fábrica de Iracemápolis (SP) – que hoje pertence à chinesa GWM – o Mercedes-Benz Classe C (2019) é outra boa opção de modelo premium no mercado de usados. Consolidado no País, o sedã pode ser encontrado na versão C 180, praticamente seminovo, por média de R$ 140.000.
Com motor 1.6 turbo flex de até 156 cv e 25,5 mkgf de torque, tem câmbio automático de 9 marchas. Como itens de série, o três-volumes tem iluminação feita por LEDs nos faróis e lanternas, sistema Start&Stop e rodas de 17″. Por dentro, o C 180 2019 tem sistema multimídia com tela de 5,5″ com integração para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay e volante com botões touch.
Mercedes-Benz GLA – 2016
Média: R$ 150.000
Por falar na fábrica de Iracemápolis, outro integrante da Mercedes-Benz que saía daquelas linhas era o GLA. O SUV do Classe A começou a ser feito no Brasil em setembro de 2016 e, hoje, um modelo daquele ano custa média de R$ 150.000. Nesse ínterim, tem a mesma base que custava na data do lançamento. Na ocasião, preços partiam de R$ 146.900 no modelo de entrada 200 Style.
Com o mesmo motor 1.6 turbo flex do irmão C sedã, o SUV vem com teto solar, freio de estacionamento elétrico, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e monitoramento de pressão dos pneus.
BMW X1 xDrive20i – 2016
Média: R$ 148.000
Na categoria de SUVs premium, quem aparece por aí em torno de R$ 148.000 (2016), mais ou menos, é o BMW X1. O utilitário esportivo de entrada da marca fez sucesso por aqui. Um dos grandes trunfos, além do design e do preço em conta para um BMW, era o espaço e o motor 2.0 turbo.
Com 16V, gera 184 cv e tem torque máximo de 27,5 mkgf. A transmissão é automática de 8 velocidades. Tem seis air bags, central multimídia de 8 polegadas e outros itens. Hoje, o SUV de entrada da marca bávara parte de R$ 285.950.
Audi A3 Sedan – 2018
Média: R$ 120.000
Na versão Attraction, o Audi A3 Sedan, então produzido nacionalmente, na fábrica do Grupo Volkswagen em São José dos Pinhais (PR), tem preço médio de R$ 120.000 – ano 2018. Sob o capô figura o motor 1.4 flexível de até 150 cv e 25,4 mkgf. Desse modo, o câmbio é automático Tiptronic de 6 marchas.
Como item de série, destaque para a central multimídia com tela de 7″ polegadas (com Apple CarPlay e Android Auto). Computador de bordo e sensor de estacionamento também engrossam a lista. Hoje, o modelo é importado ao Brasil.
Land Rover Range Rover Evoque – 2017
Média: R$ 200.000
Com motor 2.0 turbo com injeção direta de gasolina (240 cv e 34,6 mkgf), o Land Rover Range Rover Evoque custa, em média, R$ 200.000. O modelo 2017, ainda da primeira geração, já era fabricado em Itatiaia (RJ) – de onde também sai o Land Rover Discovery Sport. Em média, os modelos encontrados pela internet têm 50.000 km rodados.
Com tração 4×4 e Terrain Response, que encara qualquer tipo de terreno se adaptando aos mais diversos tipos de solo, pode oferecer, entre outros itens, direção elétrica, comando de áudio no volante, assistente de partida em rampa e controle de estabilidade.
BMW Série 3 – 2017
Média: R$ 150.000
Considerado o premium mais vendido há alguns anos no Brasil, o BMW Série 3 sempre arrancou suspiros dos fãs. Produzido em Araquari (SC) desde 2014, o modelo da geração passada tem ótima aceitação no mercado de usados. Na versão 2017, que sai, em média, R$ 150.000, leva o motor 2.0 turbo flex de até 184 cv e 27,5 mkgf de torque, que trabalha com o câmbio automático de 8 marchas. A tração é traseira.
Com 4,63 metros de comprimento, o sedã agrada pelos 2,81 m de entre-eixos. O porta-malas leva até 480 litros. Na lista de itens, além de air bags frontais e laterais, o Série 3 tem distribuição eletrônica de frenagem, controlador de velocidade, central multimídia, bancos revestidos com couro, teto solar, entre outros itens. Hoje, com nova geração e propulsão híbrida, não sai por menos de R$ 296.950.
Cuidados gerais
Mas antes que você se anime e saia por aí disposto a comprar qualquer um dos usados premium que exibimos nessa lista, vale indicar alguns cuidados. Afinal, mesmo que caibam no bolso, carros com certo tempo de uso nunca devem ser comprados logo de cara.
Como nenhum desses veículos permanece em linha, ou seja, todos já passaram nem que seja por reestilização, um dos primeiros passos é entender se o candidato tem manutenção acessível. Nesse sentido, cabe pesquisar sobre reposição de peças e custos de manutenção. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), as montadoras devem assegurar a oferta de peças de reposição por um período razoável de tempo. Entretanto, certamente, esse período não vai tão além dos 10 anos.
Lição número 1
Assim como sofá, colchão e determinadas roupas, carro é o tipo de coisa que não dá para comprar pela internet. É preciso ver de perto, checar os detalhes e, principalmente, sentir o produto. Por isso, depois de fazer aquela checagem geral em funilaria, estofamento e mecânica, o passo seguinte é realizar um test-drive. A princípio, para evitar dores de cabeça com despesas extras de manutenção, exija um laudo recente do veículo.
Estrutura, documentação e histórico do carro são itens importantíssimos. Portanto, avalie se o bem não veio de leilão, se não teve PT (perda total) ou enchente e, evidentemente, se não têm sinistros em seu registro.
Para não ser passado para trás, nunca deixe de lado a verificação das numerações de motor e câmbio. Quando adulteradas, indicam, por exemplo, que o veículo já passou por roubo, ou que use peças provenientes de furto.
Fique, também, de olho nas ofertas “imperdíveis” desses carros. Promoções em leilões, locadoras, ou mesmo de lojistas e particulares podem esconder verdadeiras ciladas. Ou seja, o preço lá embaixo pode esconder avarias cujo valor do conserto não compensa.