Comprar um carro usado é uma opção que caiu no gosto dos brasileiros, seja pela oferta no mercado ou mesmo pelos preços mais em conta. Porém, os modelos usados de luxo ainda são objeto de desejo de quem quer conforto e desempenho, pagando bem menos que o preço original do carro. Assim, veículos com 20 a 30 anos de uso entraram no radar de compradores que miram o custo-benefício mais atrativo e sonham com algumas máquinas do passado.
Para muitos deles, é até um hobby. Como é o caso de Ricardo Mendes Cardozo, de 42 anos, dono do perfil Bob Gump Garage no Instagram. Apaixonado por veículos antigos, Cardozo mantém uma coleção com os mais diferentes modelos, nacionais e importados. E dá dicas valiosas do que fazer e conferir antes comprar seu primeiro usado de luxo.
1) “Usado de luxo antigo não é carro de uso diário”
Segundo Ricardo, comprar um usado de luxo requer, primordialmente, o entendimento de que esse não deve ser um carro de uso diário. Na sua visão, a escolha deve ter um significado importante, pois não se trata de uma compra comum.
“Antes de pensar em comprar um carro antigo, você precisa saber que vai ter trabalho. Por exemplo, se tem um lugar para guardar, que vai vazar óleo e que nem sempre sua família vai entender. Tenha certeza de que todos os envolvidos com a compra estão de acordo”, reforça.
2) Tenha em mente um orçamento antes de comprar
Uma vez que escolhido o modelo, Ricardo reforça a importância de se ater ao orçamento. O mercado de antigos de luxo é bem flutuante, e, por isso, saber como andam os preços do modelo escolhido podem ajudar a fazer uma boa compra. Um modelo que geralmente custa R$ 30 mil, mas que está à venda por R$ 5 mil ou 10 mil reais, pode ser um indicativo de problema, pois o baixo preço sugere a necessidade de uma grande restauração, por exemplo.
3) Dê preferência a veículos que não precisem de restauração
Processos de restauração de usados mais antigos demandam tempo e dinheiro, e, por isso, podem gerar enormes frustrações se não forem feitas da forma correta. Ricardo Cardozo reitera que, à depender do orçamento, um usado de luxo sem necessidade de reforma total merece prioridade. “O pessoal brinca mas é verdade: às vezes, quanto mais caro, mais barato”, pontua.
Cardozo reforça que encontrar peças e profissionais dispostos a mexer em modelos importados ou carros de marcas premium mais antigos é raridade. Por isso, é de extrema importância encontrar oficinas e profissionais especializados no tal modelo, e que sejam tão “lasanheiros” quanto o cliente, brinca o especialista da Bob Gump Garage.
4) Atenção redobrada com plásticos e elétrica
Mais que a pintura ou o ferrugem, o “calcanhar de Aquiles” de qualquer carro com mais de 20 anos de uso são o interior e a elétrica. Isso porque itens como molduras de painel, forros de portas e peças de plástico se deterioram com o tempo e o uso. Assim, podem se tornar uma dor de cabeça. Cardozo cita o caso do Chevrolet Omega fabricado entre 1993 e 1998. O modelo tem um problema crônico de ressecamento de plástico, além da escassez de peças de reposição, por exemplo.
“Os Omegas nacionais são uma tristeza em matéria de acabamento interno. Quase não existem peças novas ou de estoque antigo para reposição. Além disso, quando se acha um exemplar, logo o comprador pensa que está sendo roubado. As vezes não compensa restaurar”, afirma. Em matéria de elétrica, por exemplo, os fios e módulos podem se deteriorar com o tempo, e requerem cuidados bem específicos.
5) Olho vivo na documentação
Para evitar que o sonho de adquirir um usado de luxo ou importado vire um pesadelo, é importante ficar de olho na documentação do carro. “Existem vários exemplos de carros ‘só para rodar’ ou com documento em nome de terceiro, e isso pode ser um problemão. Parece bobagem, mas achar um carro antigo com documento em dia é difícil”, exemplifica Cardozo.
6) Controle o entusiasmo
Mesmo levando em conta todos os fatores acima, Ricardo Cardozo diz que já teve mais de 250 carros nos últimos 10 anos. E reforça que é importante controlar as expectativas antes de comprar de um modelo antigo. “Não existe um carro novo de 30 anos. Mesmo com pouca quilometragem, é um carro antigo e detalhes vão existir. Se você não aceitar esse fato e saber conviver com ele, talvez seja melhor rever seus conceitos”, sugere o especialista.
Além da coleção
Em seu perfil no Instagram, bem como no canal da Bob Gump Garage no YouTube, Ricardo Cardozo conta as aventuras e desventuras de sua coleção, que chama de “lasanhas atômicas”. “Sempre gostei de carros antigos. E nessa de comprar e revender, achei um Honda Accord 92 vinho igual ao que o meu pai teve 0-km. E daí não parei mais”, recorda.
Cardozo aposta na chamada “barriga de desvalorização”, que é feita de carros com idade entre 15 e 20 anos que ainda não valorizaram totalmente, mas que não estão no radar do público. Veículos como Mitsubishi Galant, Ford Taurus, Fiat Tempra e BMW 328i integram a coleção, além de muitos outros. Para quem gosta de “lasanhas”, seu conteúdo é um prato cheio.
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